Ministros recusam mudar agenda mas apertam segurança

22-02-2013
marcar artigo

Pressão sobre Relvas deixa Governo nervoso, mas Passos garante que não se deixa “condicionar”.

Vários ministros vieram ontem garantir que não mudarão as agendas públicas por causa do incidente com Miguel Relvas, que se viu forçado a abandonar um auditório, sem discursar, na sequência de uma ruidosa vaia de estudantes. Apesar de manterem as saídas já previstas, as regras de segurança estão a ser reavaliadas e apertadas, até porque "os indignados" já anunciaram novas acções em eventos de outros ministros.

O incidente com Relvas ‘aqueceu' ontem o Parlamento, com o PSD a falar em ataque à democracia e a desafiar a oposição a condenar os protestantes. Mas nem PS, nem PCP, nem BE - que se demarcam da autoria da contestação - o fizeram expressamente, optando por falar no "descontentamento" dos portugueses. O tom dos protestos contra o Governo tem aumentado e ganhou novos contornos quando Passos foi interrompido em pleno debate parlamentar com o público nas galerias a cantar "Grândola, Vila Morena", a canção revolucionária que marcou o 25 de Abril O incidente com o há muito contestado ministro Miguel Relvas irritou Passos Coelho, que se recusa a demiti-lo (como é exigido nos protestos) e a deixar-se "condicionar". Mas os "indignados" prometem continuar e já anunciaram no Facebook novos protestos em saídas públicas de ministros. Na calha estão Vítor Gaspar, Miguel Macedo e Álvaro Santos Pereira, depois de ontem o ministro da Saúde ter sido recebido no Porto por um protesto a que os indignados já chamam "Grandolada".

A estratégia do Governo passa por veicular a mensagem de que manterá a mesma postura e as iniciativas previstas, mas o Económico sabe que algumas agendas vão ser adaptadas. Locais como auditórios ou espaços abertos à sociedade (aqueles onde estão a acontecer mais protestos) estão a ser seleccionados com mais cuidado, tendo que dar reais garantias de segurança.

Perímetro de segurança vai ser alargado e agendas adaptadas

O ministro das Finanças será hoje o principal rosto da conferência do PSD sobre reforma do Estado, num hotel de Lisboa. Os indignados anunciaram um protesto intitulado "os inimigos de Gaspar". Para evitar o que aconteceu com Relvas, a ‘entourage' responsável pela segurança do ministro alterou algumas regras, nomeadamente ao nível do perímetro, e estarão mais agentes da PSP no terreno.

Fonte desta polícia confirmou ao Económico que terá de "haver maior rigor" e que o "perímetro de distância entre ministros e audiências terá que ser aumentado" a partir de agora. Esta será a principal alteração às regras de segurança, bem como a adaptação das saídas públicas dos ministros a locais que permitam uma fácil evacuação. "O local terá que ter três saídas e agora as agendas dos ministros têm de ter isso em conta", diz a mesma fonte policial. "A distância entre ministro e população não poderá ser de um metro ou dois", acrescenta. José Manuel Anes, dirigente do Observatório de Segurança, diz ao Económico que a forma como está a ser feita a segurança dos ministros "tem que ser reestruturada". O especialista fala em alargamento da área de perímetro, piquetes de reserva "para o caso de descontrolo" e agentes junto dos manifestantes.

Protesto já se estende a todos os ministros, além de Relvas

Politólogos ouvidos pelo Económico acreditam que Miguel Relvas é o principal alvo da contestação, pela imagem negativa que tem na opinião pública, depois do caso da Lusófona. "Relvas é um caso especifico, é uma personalidade que no seu currículo pisa todos os sinais vermelhos e que numa democracia normal já teria sido enviado para trás", diz Viriato Soromenho Marques, para quem não é "de bom senso" manter o ministro dos Assuntos Parlamentares no Governo. No entanto, os politólogos dizem que a contestação já vai além de Relvas e atinge a generalidade dos ministros, uma vez que em causa está a política do Governo. Prova disso foi a recepção, ontem no Porto, a Paulo Macedo, um dos ministros mais populares. António Costa Pinto acrescenta que o aumento dos protestos vai "depender de como o Governo gerir o cortes de quatro mil milhões de euros". E diz que um eventual afastamento de Relvas numa futura remodelação "será sempre numa conjuntura não associada a estas manifestações."

O próprio Passos Coelho já deixou claro que não remodelará sobre pressão e tem segurado desde sempre um dos seus ministros mais próximos (apesar da fragilidade que causa no Executivo). No gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, o que aconteceu no ISCTE e o risco que o protesto assumiu deixou o ministro e os seus mais próximos nervosos e em estado de alerta. Fonte do gabinete disse ao Económico que o ministro não tem na próxima semana saídas públicas.

Pressão sobre Relvas deixa Governo nervoso, mas Passos garante que não se deixa “condicionar”.

Vários ministros vieram ontem garantir que não mudarão as agendas públicas por causa do incidente com Miguel Relvas, que se viu forçado a abandonar um auditório, sem discursar, na sequência de uma ruidosa vaia de estudantes. Apesar de manterem as saídas já previstas, as regras de segurança estão a ser reavaliadas e apertadas, até porque "os indignados" já anunciaram novas acções em eventos de outros ministros.

O incidente com Relvas ‘aqueceu' ontem o Parlamento, com o PSD a falar em ataque à democracia e a desafiar a oposição a condenar os protestantes. Mas nem PS, nem PCP, nem BE - que se demarcam da autoria da contestação - o fizeram expressamente, optando por falar no "descontentamento" dos portugueses. O tom dos protestos contra o Governo tem aumentado e ganhou novos contornos quando Passos foi interrompido em pleno debate parlamentar com o público nas galerias a cantar "Grândola, Vila Morena", a canção revolucionária que marcou o 25 de Abril O incidente com o há muito contestado ministro Miguel Relvas irritou Passos Coelho, que se recusa a demiti-lo (como é exigido nos protestos) e a deixar-se "condicionar". Mas os "indignados" prometem continuar e já anunciaram no Facebook novos protestos em saídas públicas de ministros. Na calha estão Vítor Gaspar, Miguel Macedo e Álvaro Santos Pereira, depois de ontem o ministro da Saúde ter sido recebido no Porto por um protesto a que os indignados já chamam "Grandolada".

A estratégia do Governo passa por veicular a mensagem de que manterá a mesma postura e as iniciativas previstas, mas o Económico sabe que algumas agendas vão ser adaptadas. Locais como auditórios ou espaços abertos à sociedade (aqueles onde estão a acontecer mais protestos) estão a ser seleccionados com mais cuidado, tendo que dar reais garantias de segurança.

Perímetro de segurança vai ser alargado e agendas adaptadas

O ministro das Finanças será hoje o principal rosto da conferência do PSD sobre reforma do Estado, num hotel de Lisboa. Os indignados anunciaram um protesto intitulado "os inimigos de Gaspar". Para evitar o que aconteceu com Relvas, a ‘entourage' responsável pela segurança do ministro alterou algumas regras, nomeadamente ao nível do perímetro, e estarão mais agentes da PSP no terreno.

Fonte desta polícia confirmou ao Económico que terá de "haver maior rigor" e que o "perímetro de distância entre ministros e audiências terá que ser aumentado" a partir de agora. Esta será a principal alteração às regras de segurança, bem como a adaptação das saídas públicas dos ministros a locais que permitam uma fácil evacuação. "O local terá que ter três saídas e agora as agendas dos ministros têm de ter isso em conta", diz a mesma fonte policial. "A distância entre ministro e população não poderá ser de um metro ou dois", acrescenta. José Manuel Anes, dirigente do Observatório de Segurança, diz ao Económico que a forma como está a ser feita a segurança dos ministros "tem que ser reestruturada". O especialista fala em alargamento da área de perímetro, piquetes de reserva "para o caso de descontrolo" e agentes junto dos manifestantes.

Protesto já se estende a todos os ministros, além de Relvas

Politólogos ouvidos pelo Económico acreditam que Miguel Relvas é o principal alvo da contestação, pela imagem negativa que tem na opinião pública, depois do caso da Lusófona. "Relvas é um caso especifico, é uma personalidade que no seu currículo pisa todos os sinais vermelhos e que numa democracia normal já teria sido enviado para trás", diz Viriato Soromenho Marques, para quem não é "de bom senso" manter o ministro dos Assuntos Parlamentares no Governo. No entanto, os politólogos dizem que a contestação já vai além de Relvas e atinge a generalidade dos ministros, uma vez que em causa está a política do Governo. Prova disso foi a recepção, ontem no Porto, a Paulo Macedo, um dos ministros mais populares. António Costa Pinto acrescenta que o aumento dos protestos vai "depender de como o Governo gerir o cortes de quatro mil milhões de euros". E diz que um eventual afastamento de Relvas numa futura remodelação "será sempre numa conjuntura não associada a estas manifestações."

O próprio Passos Coelho já deixou claro que não remodelará sobre pressão e tem segurado desde sempre um dos seus ministros mais próximos (apesar da fragilidade que causa no Executivo). No gabinete do ministro dos Assuntos Parlamentares, o que aconteceu no ISCTE e o risco que o protesto assumiu deixou o ministro e os seus mais próximos nervosos e em estado de alerta. Fonte do gabinete disse ao Económico que o ministro não tem na próxima semana saídas públicas.

marcar artigo