Escaninho: Referendo?

03-07-2011
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Depois dos chefes de governo o terem assinado, a questão que se coloca é como vai ser ractificado o Tratado Reformador de Lisboa, se através dos parlamentos nacionais ou mediante referendo.Há quem jure a pés juntos que o povo exige ser consultado sobre a matéria. Não nos dizem eles o que pensam do tratado, nem tão- pouco tem a coragem de dizer se são contra ou a favor da Europa. Querem um referendo e ponto final.Noutro extremo, há os que afiançam que este tratado é muito diferente da constituição europeia e que será uma "grande seca" fazer o referendo. Extremismos à parte, julgo que esta questão tem dois lados.Um dos grandes problemas do referendo está na pergunta a fazer. Se perguntarmos aos portugueses se concordam com a ractificação do novo tratado, pura e simplesmente, quase ninguém vai saber o que está em jogo. A grande maioria não faz a mais pequena ideia do que consagra o novo tratado, nem o que dizem os anteriores que lhe estão na base.O novo tratado não é mais do que o desenvolvimento lógico dos tratados anteriores e é um instrumento necessário para que a UE possa decidir a 27 em vez de ser a 15 como antes fora pensado .Teríamos então que alargar o âmbito da questão à nossa própria continuação na UE e ao princípio da alienação de soberania que essa continuação representa.Acontece que tal não faria grande sentido porque a adesão à UE (antes designada de CEE) já foi feita há décadas atrás. A nossa perda de soberania em favor da Europa unida já resulta de uma série de tratados, muito anteriores ao de Lisboa.Portanto, a haver um referendo deste género, ele já devia ter sido feito há décadas atrás e, porventura, agora é tarde de mais. Teríamos de referendar o Tratado de Roma (1953), o Acto Único Europeu (1986), etc, etc.No entanto, há bons argumentos a favor do referendo, desde logo pelo facto de o novo tratado conter o essencial daquilo que era a defunta constituição europeia. E se em relação a esta se prometeu um referendo, no mínimo, seria incoerente fazer o inverso em relação ao tratado. Ficaria a ideia de que nos comeram as papas na cabeça.Além de que o referendo teria o condão de pôr os portugueses e os europeus em geral a reflectir e a discutir a Europa e as suas grandes questões. Há um défice de cidadania europeia que só se combate com informação e participação cívica.Em resumo sou a favor do referendo mas não vou ficar chocado se não me consultarem desta vez. Não queria nada era estar na pele dos políticos que terão de decidir.


Depois dos chefes de governo o terem assinado, a questão que se coloca é como vai ser ractificado o Tratado Reformador de Lisboa, se através dos parlamentos nacionais ou mediante referendo.Há quem jure a pés juntos que o povo exige ser consultado sobre a matéria. Não nos dizem eles o que pensam do tratado, nem tão- pouco tem a coragem de dizer se são contra ou a favor da Europa. Querem um referendo e ponto final.Noutro extremo, há os que afiançam que este tratado é muito diferente da constituição europeia e que será uma "grande seca" fazer o referendo. Extremismos à parte, julgo que esta questão tem dois lados.Um dos grandes problemas do referendo está na pergunta a fazer. Se perguntarmos aos portugueses se concordam com a ractificação do novo tratado, pura e simplesmente, quase ninguém vai saber o que está em jogo. A grande maioria não faz a mais pequena ideia do que consagra o novo tratado, nem o que dizem os anteriores que lhe estão na base.O novo tratado não é mais do que o desenvolvimento lógico dos tratados anteriores e é um instrumento necessário para que a UE possa decidir a 27 em vez de ser a 15 como antes fora pensado .Teríamos então que alargar o âmbito da questão à nossa própria continuação na UE e ao princípio da alienação de soberania que essa continuação representa.Acontece que tal não faria grande sentido porque a adesão à UE (antes designada de CEE) já foi feita há décadas atrás. A nossa perda de soberania em favor da Europa unida já resulta de uma série de tratados, muito anteriores ao de Lisboa.Portanto, a haver um referendo deste género, ele já devia ter sido feito há décadas atrás e, porventura, agora é tarde de mais. Teríamos de referendar o Tratado de Roma (1953), o Acto Único Europeu (1986), etc, etc.No entanto, há bons argumentos a favor do referendo, desde logo pelo facto de o novo tratado conter o essencial daquilo que era a defunta constituição europeia. E se em relação a esta se prometeu um referendo, no mínimo, seria incoerente fazer o inverso em relação ao tratado. Ficaria a ideia de que nos comeram as papas na cabeça.Além de que o referendo teria o condão de pôr os portugueses e os europeus em geral a reflectir e a discutir a Europa e as suas grandes questões. Há um défice de cidadania europeia que só se combate com informação e participação cívica.Em resumo sou a favor do referendo mas não vou ficar chocado se não me consultarem desta vez. Não queria nada era estar na pele dos políticos que terão de decidir.

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