Racismo ou vingança? A agressão antes do homicídio que pode ter motivado a morte de Bruno Candé

30-07-2020
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A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, questionou “como é possível o tom de pele determinar que alguém perca assim a vida num crime tão odioso” E defendeu que é bom que se perceba que “racismo não é opinião, é crime”, e que “quando se tira a humanidade a outros com o racismo, estas coisas acontecem”. Em declarações no encerramento do “Acampamento Online Liberdade 2020” do BE, Catarina Martins considerou que, quando “não se considera as pessoas, não se olha nos olhos”, quando “se alguém acha que os outros não são iguais, então a violência acontece”. “O racismo não é uma opinião, o racismo é crime e o crime acontece”, disse ainda.

Também a deputada Joacine Katar Moreira reagiu à morte de Bruno Candé, um “filho” que se perdeu “nas malhas do racismo que é todos os dias alimentado por muita gente”. “Não à custa do sangue da juventude negra. Não à custa das nossas vidas. Racismo é crime e a justiça será feita!”, escreveu ainda numa publicação no Facebook.

Bruno Candé. Para não esquecermos, assim como não esquecemos Alcindo Monteiro. Hoje, 25 de Julho, dia internacional das… Posted by Joacine Katar Moreira on Saturday, July 25, 2020

Num tom contrastante, a direção nacional do Chega defendeu que “o assassinato do ator Bruno Candé é uma tragédia, mas nada tem, segundo os dados conhecidos até ao momento, a ver com racismo”. Numa nota enviada aos jornalistas, o partido liderado pelo deputado André Ventura reiterou que “a sociedade portuguesa não é racista” e lamentou “o aproveitamento político que a esquerda”. “Portugal é o país menos racista da Europa, talvez do mundo, pelo que só nos resta transmitir à família e amigos de Bruno Candé sentimentos de solidariedade e conforto”, lê-se ainda.

No Twitter, Ventura reforçou a mensagem: “Acabem lá com essa ladainha habitual do racismo. Não somos um país racista! Nada neste homicídio aponta para crime de ódio racial”.

Bruno Candé foi assassinado e isso é uma tragédia. Como seria o assassinato de um branco ou de um chinês. Acabem lá com essa ladainha habitual do racismo. Não somos um país racista! Nada neste homicídio aponta para crime de ódio racial.

Translate Tweet — André Ventura (@AndreCVentura) July 26, 2020

“Uma força da natureza, uma gargalhada e uma alegria contagiantes”. Bruno Candé deixa três filhos menores.

No comunicado, a família conta ainda o ator era “inseparável” da sua cadela Pepa e “foi importante na sua recuperação”. Isto porque em 2017 Bruno Candé tinha sofrido um acidente grave de bicicleta, por atropelamento: esteve em coma, perdeu a memória e as capacidades motoras. “Desde então ficou com sequelas em todo o seu lado esquerdo”, lê-se ainda.

De 40 anos, Bruno Candé era ator há mais de duas décadas — um percurso que iniciou no grupo de teatro da Casa Pia. Colaborava com a Casa Conveniente desde 2011, estreando-se com o espetáculo “A Missão – Recordações de uma Revolução” encenado por Mónica Calle e com o qual ganharia o prémio de melhor espetáculo do ano em 2012. Foi ator dos espetáculos “Macbeth”, “O Livro de Job”, “Rifar o Meu Coração”, “A Sagração da Primavera”, “Noites Brancas” de Mónica Calle, “Drive In” de Mónica Garnel, “Atlas” de João Borralho e Ana Galante, lembra a companhia de teatro no Facebook.

A companhia de teatro descreve Bruno Candé como “uma força da natureza, uma gargalhada e uma alegria contagiantes”, com “um coração gigante”. Deixa três filhos menores.

Alegado homicida em silêncio no tribunal. Ficou em prisão preventiva

O suspeito da morte do ator Bruno Candé foi presente a um juiz de instrução esta segunda-feira, no Tribunal de Loures, que decidiu aplicar a medida de coação mais gravosa: o homem vai aguardar os próximos passos judiciais em prisão preventiva, confirmou o Observador junto de fonte do tribunal.

A sessão foi breve porque o homem optou por não prestar declarações — um direito que lhe é garantido —, confirmou fonte judicial ao Observador. Ao remeter-se ao silêncio, ficou por saber a sua versão de história e os motivos pelos quais matou o ator de 40 anos à queima-roupa, em plena luz do dia. Um silêncio que pode manter para sempre ou optar por quebrá-lo em julgamento.

A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, questionou “como é possível o tom de pele determinar que alguém perca assim a vida num crime tão odioso” E defendeu que é bom que se perceba que “racismo não é opinião, é crime”, e que “quando se tira a humanidade a outros com o racismo, estas coisas acontecem”. Em declarações no encerramento do “Acampamento Online Liberdade 2020” do BE, Catarina Martins considerou que, quando “não se considera as pessoas, não se olha nos olhos”, quando “se alguém acha que os outros não são iguais, então a violência acontece”. “O racismo não é uma opinião, o racismo é crime e o crime acontece”, disse ainda.

Também a deputada Joacine Katar Moreira reagiu à morte de Bruno Candé, um “filho” que se perdeu “nas malhas do racismo que é todos os dias alimentado por muita gente”. “Não à custa do sangue da juventude negra. Não à custa das nossas vidas. Racismo é crime e a justiça será feita!”, escreveu ainda numa publicação no Facebook.

Bruno Candé. Para não esquecermos, assim como não esquecemos Alcindo Monteiro. Hoje, 25 de Julho, dia internacional das… Posted by Joacine Katar Moreira on Saturday, July 25, 2020

Num tom contrastante, a direção nacional do Chega defendeu que “o assassinato do ator Bruno Candé é uma tragédia, mas nada tem, segundo os dados conhecidos até ao momento, a ver com racismo”. Numa nota enviada aos jornalistas, o partido liderado pelo deputado André Ventura reiterou que “a sociedade portuguesa não é racista” e lamentou “o aproveitamento político que a esquerda”. “Portugal é o país menos racista da Europa, talvez do mundo, pelo que só nos resta transmitir à família e amigos de Bruno Candé sentimentos de solidariedade e conforto”, lê-se ainda.

No Twitter, Ventura reforçou a mensagem: “Acabem lá com essa ladainha habitual do racismo. Não somos um país racista! Nada neste homicídio aponta para crime de ódio racial”.

Bruno Candé foi assassinado e isso é uma tragédia. Como seria o assassinato de um branco ou de um chinês. Acabem lá com essa ladainha habitual do racismo. Não somos um país racista! Nada neste homicídio aponta para crime de ódio racial.

Translate Tweet — André Ventura (@AndreCVentura) July 26, 2020

“Uma força da natureza, uma gargalhada e uma alegria contagiantes”. Bruno Candé deixa três filhos menores.

No comunicado, a família conta ainda o ator era “inseparável” da sua cadela Pepa e “foi importante na sua recuperação”. Isto porque em 2017 Bruno Candé tinha sofrido um acidente grave de bicicleta, por atropelamento: esteve em coma, perdeu a memória e as capacidades motoras. “Desde então ficou com sequelas em todo o seu lado esquerdo”, lê-se ainda.

De 40 anos, Bruno Candé era ator há mais de duas décadas — um percurso que iniciou no grupo de teatro da Casa Pia. Colaborava com a Casa Conveniente desde 2011, estreando-se com o espetáculo “A Missão – Recordações de uma Revolução” encenado por Mónica Calle e com o qual ganharia o prémio de melhor espetáculo do ano em 2012. Foi ator dos espetáculos “Macbeth”, “O Livro de Job”, “Rifar o Meu Coração”, “A Sagração da Primavera”, “Noites Brancas” de Mónica Calle, “Drive In” de Mónica Garnel, “Atlas” de João Borralho e Ana Galante, lembra a companhia de teatro no Facebook.

A companhia de teatro descreve Bruno Candé como “uma força da natureza, uma gargalhada e uma alegria contagiantes”, com “um coração gigante”. Deixa três filhos menores.

Alegado homicida em silêncio no tribunal. Ficou em prisão preventiva

O suspeito da morte do ator Bruno Candé foi presente a um juiz de instrução esta segunda-feira, no Tribunal de Loures, que decidiu aplicar a medida de coação mais gravosa: o homem vai aguardar os próximos passos judiciais em prisão preventiva, confirmou o Observador junto de fonte do tribunal.

A sessão foi breve porque o homem optou por não prestar declarações — um direito que lhe é garantido —, confirmou fonte judicial ao Observador. Ao remeter-se ao silêncio, ficou por saber a sua versão de história e os motivos pelos quais matou o ator de 40 anos à queima-roupa, em plena luz do dia. Um silêncio que pode manter para sempre ou optar por quebrá-lo em julgamento.

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