CIDADANIA LX: Brincar na rua, como tudo mudou

07-07-2011
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“Brincar na rua é em muitas cidades do mundo uma actividade em vias de extinção”. Carlos Neto, docente e investigador da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, apresentou, no ano passado, um estudo - O Jogo e o Tempo Livre nas Rotinas de Vida Quotidiana de Crianças e Jovens - no qual analisa os efeitos dessa mudança, operada ao longo dos últimos 20/30 anos. Também em Portugal ela é bem visível e, embora o mau urbanismo que se vem praticando não seja, obviamente, o único factor a ter em consideração, ele tem aqui um peso fortíssimo.Citando estudos congéneres, as conclusões do trabalho daquele investigador falam por si: “As crianças que vivem em prédios altos descem sós para jogar/brincar numa idade mais tardia”; “têm um tempo mais curto para jogar/brincar e não saem para a rua com tanta frequência”; apresentam “dificuldade de contacto com os amigos e brincam longe da sua área” de residência; “a densidade populacional em áreas de habitação alta resulta, em muitas circunstâncias, em conflitos e stress durante as actividades de jogo entre as crianças”.A rua, que era “um espaço de encontro, de descoberta e até de desordem”, como todos nós, que tivemos o privilégio de poder brincar nela, testemunhámos, transformou-se, tão-só, num “espaço onde circulam carros e gente apressada”. Sem lugar para esse encontro, descoberta e desordem, todos eles “importantes para crescer”.“A promoção do jogo e da actividade física na vida da cidade deverá constituir-se como um indicador decisivo de qualidade de vida”, escreve Carlos Neto neste seu estudo. Olhando em redor, que espécie de cidade estamos a fazer?Créditos imagem: Esperando o Sucesso, Henrique Pousão, 1882, Museu Nacional de Soares dos Reis


“Brincar na rua é em muitas cidades do mundo uma actividade em vias de extinção”. Carlos Neto, docente e investigador da Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, apresentou, no ano passado, um estudo - O Jogo e o Tempo Livre nas Rotinas de Vida Quotidiana de Crianças e Jovens - no qual analisa os efeitos dessa mudança, operada ao longo dos últimos 20/30 anos. Também em Portugal ela é bem visível e, embora o mau urbanismo que se vem praticando não seja, obviamente, o único factor a ter em consideração, ele tem aqui um peso fortíssimo.Citando estudos congéneres, as conclusões do trabalho daquele investigador falam por si: “As crianças que vivem em prédios altos descem sós para jogar/brincar numa idade mais tardia”; “têm um tempo mais curto para jogar/brincar e não saem para a rua com tanta frequência”; apresentam “dificuldade de contacto com os amigos e brincam longe da sua área” de residência; “a densidade populacional em áreas de habitação alta resulta, em muitas circunstâncias, em conflitos e stress durante as actividades de jogo entre as crianças”.A rua, que era “um espaço de encontro, de descoberta e até de desordem”, como todos nós, que tivemos o privilégio de poder brincar nela, testemunhámos, transformou-se, tão-só, num “espaço onde circulam carros e gente apressada”. Sem lugar para esse encontro, descoberta e desordem, todos eles “importantes para crescer”.“A promoção do jogo e da actividade física na vida da cidade deverá constituir-se como um indicador decisivo de qualidade de vida”, escreve Carlos Neto neste seu estudo. Olhando em redor, que espécie de cidade estamos a fazer?Créditos imagem: Esperando o Sucesso, Henrique Pousão, 1882, Museu Nacional de Soares dos Reis

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