Pé de meia....: Lucidez

03-07-2011
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Não posso deixar passar em claro a análise lúcida de Manuel, in Grande Loja do Queijo Limiano.
Esperei pelo Congresso, pela entronização, a ver se se consumava algo que me tivesse passado. Não passou, e isso é dramático, ou pior, passou e eu estou a ficar gágá. Eu lembro-me de João Soares (aquele que falou vagamente em nacionalizações (!)) insinuar que Sérgio Sousa Pinto teria dito que os resultados seriam sempre num mesmo sentido, lembro-me de Alegre se queixar do peso excessivo da estrutura no universo eleitoral do PS, lembro-me de umas polémicas por causa da existência ou não de debates e em que termos, e até me lembro das picardias ocorridas no final de um no Porto. Eu constatei a falta de speed de Sócrates na recta final (pré-directas) que fez voltar à ribalta a máquina de Coelho, o qual cobrará a seu tempo bem caro o elevado score que a sua gente conseguiu a Sócrates, também me lembro de um texto vago e nebuloso publicado no Público antecedido por um outro publicado no DN, lembro-me de isso tudo. Mas debate sobre temas concretos, reais, substantivos, projectos, reformas ? E sei que a esmagadora maioria dos militantes do PS que votaram em Sócrates o fizeram por uma, e uma só, razão bem prosaica - por o considerarem, só e apenas, como o mais bem colocado para recolocar o PS no poder, independentemente das teses, projectos e ideias que defenda que isso é secundário. O PS não virou à direita, ao centro ou à Armani, o PS simplesmente prepara-se para tentar reconquistar o poder e Sócrates estava lá. Hoje, ouvi atentamente o discurso da vitória de Sócrates, como ontem tinha ouvido o de Gama, e está lá tudo. O que devia estar, e o que se calhar não devia. Está lá a sede de poder, o desejo de vencer, está lá a energia, como está lá toda a tropa da era Guterres. Sócrates não é líder, Sócrates é, por enquanto, quanto muito o farol. É ver o olhar reluzente de Coelho, o sorriso de António Costa ou a monumental lata do Tó Zé Seguro que negociou a sua continuidade na liderança do grupo parlamentar pelos jornais, o à vontade dos pesos pesados que apoiaram Alegre para se perceber que Sócrates é chefe, mas pouco. Até no caso da inclusão de Narciso Miranda e Manuel Seabra, o duo dinâmico de Matosinhos, nos orgãos nacionais, Sócrates perdeu ocasião de brilhar - foram os senhores que sairam pelo seu próprio pé, não o líder que disse alto e bom som que os não queria lá... Quanto ao discurso final no que tem de diagnóstico objectivo até eu o subscrevo em boa parte, no estilo é só e apenas um guterrismo new age, nas propostas, bem, nas propostas, vamos ter uns novos Estados Gerais, por outro nome, mas de substantivo nada, rigorosamente nada. E eu até nem sou muito exigente, só queria saber o que pensa e o que propõe José Sócrates em matéria de política económica e financeira, só e apenas. Revê-se no SPD alemão ? nas políticas do senhor Zapatero ? nas até há bem pouco tempo do senhor Chirac ? A mim bastava-me, não queria mais. Estou-me nas tintas para saber se o PS está mais à esquerda ou à direita, afinal se tal questão não preocupa o PCP que esperou que Sócrates fosse eleito para anunciar a sua disponibilidade para "acordos" então não preocupa ninguém logo e por muito que custe a Alegre todo o putativo debate em torno desta foi puro vapor... Muito provavelmente vai haver eleições antecipadas, muito provavelmente Sócrates terá boas hipóteses de as ganhar, ao contrários destes não está publicamente queimado, mas substantivamente continuo sem saber o que irá realmente fazer muito menos quem será o seu Ministro das Finanças.


Não posso deixar passar em claro a análise lúcida de Manuel, in Grande Loja do Queijo Limiano.
Esperei pelo Congresso, pela entronização, a ver se se consumava algo que me tivesse passado. Não passou, e isso é dramático, ou pior, passou e eu estou a ficar gágá. Eu lembro-me de João Soares (aquele que falou vagamente em nacionalizações (!)) insinuar que Sérgio Sousa Pinto teria dito que os resultados seriam sempre num mesmo sentido, lembro-me de Alegre se queixar do peso excessivo da estrutura no universo eleitoral do PS, lembro-me de umas polémicas por causa da existência ou não de debates e em que termos, e até me lembro das picardias ocorridas no final de um no Porto. Eu constatei a falta de speed de Sócrates na recta final (pré-directas) que fez voltar à ribalta a máquina de Coelho, o qual cobrará a seu tempo bem caro o elevado score que a sua gente conseguiu a Sócrates, também me lembro de um texto vago e nebuloso publicado no Público antecedido por um outro publicado no DN, lembro-me de isso tudo. Mas debate sobre temas concretos, reais, substantivos, projectos, reformas ? E sei que a esmagadora maioria dos militantes do PS que votaram em Sócrates o fizeram por uma, e uma só, razão bem prosaica - por o considerarem, só e apenas, como o mais bem colocado para recolocar o PS no poder, independentemente das teses, projectos e ideias que defenda que isso é secundário. O PS não virou à direita, ao centro ou à Armani, o PS simplesmente prepara-se para tentar reconquistar o poder e Sócrates estava lá. Hoje, ouvi atentamente o discurso da vitória de Sócrates, como ontem tinha ouvido o de Gama, e está lá tudo. O que devia estar, e o que se calhar não devia. Está lá a sede de poder, o desejo de vencer, está lá a energia, como está lá toda a tropa da era Guterres. Sócrates não é líder, Sócrates é, por enquanto, quanto muito o farol. É ver o olhar reluzente de Coelho, o sorriso de António Costa ou a monumental lata do Tó Zé Seguro que negociou a sua continuidade na liderança do grupo parlamentar pelos jornais, o à vontade dos pesos pesados que apoiaram Alegre para se perceber que Sócrates é chefe, mas pouco. Até no caso da inclusão de Narciso Miranda e Manuel Seabra, o duo dinâmico de Matosinhos, nos orgãos nacionais, Sócrates perdeu ocasião de brilhar - foram os senhores que sairam pelo seu próprio pé, não o líder que disse alto e bom som que os não queria lá... Quanto ao discurso final no que tem de diagnóstico objectivo até eu o subscrevo em boa parte, no estilo é só e apenas um guterrismo new age, nas propostas, bem, nas propostas, vamos ter uns novos Estados Gerais, por outro nome, mas de substantivo nada, rigorosamente nada. E eu até nem sou muito exigente, só queria saber o que pensa e o que propõe José Sócrates em matéria de política económica e financeira, só e apenas. Revê-se no SPD alemão ? nas políticas do senhor Zapatero ? nas até há bem pouco tempo do senhor Chirac ? A mim bastava-me, não queria mais. Estou-me nas tintas para saber se o PS está mais à esquerda ou à direita, afinal se tal questão não preocupa o PCP que esperou que Sócrates fosse eleito para anunciar a sua disponibilidade para "acordos" então não preocupa ninguém logo e por muito que custe a Alegre todo o putativo debate em torno desta foi puro vapor... Muito provavelmente vai haver eleições antecipadas, muito provavelmente Sócrates terá boas hipóteses de as ganhar, ao contrários destes não está publicamente queimado, mas substantivamente continuo sem saber o que irá realmente fazer muito menos quem será o seu Ministro das Finanças.

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