PS deixa Soares a falar sozinho sobre tese da campanha contra Sócrates

28-11-2014
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PS deixa Soares a falar sozinho sobre tese da campanha contra Sócrates

Inês David Bastos e Marta Moitinho Oliveira

Ontem 00:05

Ex-presidente disse que Sócrates é alvo de um “caso político” e disparou contra “malandros” que o combatem.

Mário Soares fez ontem tábua rasa do pedido do líder do PS aos militantes e disse à saída da prisão de Évora que José Sócrates está a ser vítima "de uma campanha" e de um "caso político". Durante todo o dia de ontem, após estas declarações, os mais próximos de António Costa não quiseram comentar as palavras do fundador do partido, deixando Soares a defender sozinho a tese da campanha contra o ex-primeiro-ministro.

Ao final do dia, Mário Soares voltava a ser notícia ao fazer declarações ao "Expresso", onde não afasta a possibilidade de ir este fim-de-semana ao congresso do PS. Em reacção, Costa disse que todos os militantes estão convidados para ir ao conclave socialista. Mas o núcleo duro do actual líder socialista receia que Mário Soares repita as declarações de ontem, colocando em causa a estratégia que Costa leva para a reunião magna, que passa por afastar plano político do judicial. Nos últimos conclaves do PS os líderes mais antigos têm pautado pela ausência, enviando apenas mensagens que são lidas ou transmitidas num ecrã.

Ontem, o segundo dia de Sócrates em prisão preventiva por suspeitas da prática de crimes de branqueamento, corrupção e fraude fiscal, Soares visitou o ex-primeiro-ministro e à saída disparou: "Têm feito uma campanha contra ele que é uma infâmia. É a comunicação social que faz, mas são os tipos que estão por trás dela (...) todo o PS está contra esta bandalheira (...) este caso tem a ver com os malandros que estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar".

A estratégia de não reagir às declarações de Soares não é nova no PS. A indicação dada aos dirigentes é para não ostracizar o fundador do partido mas também para não comentar as suas declarações. E ontem essa estratégia voltou a sentir-se, tanto mais que as insinuações lançadas por Soares batem de frente com a estratégia que António Costa está a tentar manter desde o dia em que se soube da detenção:não atacar a Justiça nem alimentar teses da cabala como foi feito no caso Casa Pia.

O Diário Económico tentou falar com vários socialistas, entre os quais Vieira da Silva, Renato Sampaio, Sérgio Sousa Pinto ou Edite Estrela, mas do outro lado veio o silêncio a respeito das declarações de Soares. "Já disse o que tinha a dizer sobre isto", rematou Vieira da Silva, ex-ministro de José Sócrates.

A ordem era mais uma vez para não se reagir a Mário Soares, até porque, apesar da influência que o ex-presidente da República tem junto dos militantes, o núcleo duro de Costa argumenta que o fundador não pertence aos órgãos directivos. Um deputado socialista diz ao Diário Económico o pensamento que atravessa muitos militantes:"Mário Soares é um espírito livre".

Em declarações ao Diário Económico, Vítor Ramalho, o único que aceitou falar e em ‘on' alinha pelo mesmo diapasão: "Mário Soares exerceu o seu direito à indignação, chamando a atenção para o quadro em que se desenvolveu o caso, com sucessivas violações do segredo de justiça, e quando fala em inocência refere-se ao facto de para ele José Sócrates ser inocente até haver uma condenação".

Este militante afasta qualquer possibilidade de a declaração de Soares confrontar a orientação de Costa. "Mário Soares é uma referência do partido", não é dirigente e "não está a falar em cabala", remata Vítor Ramalho.

PS deixa Soares a falar sozinho sobre tese da campanha contra Sócrates

Inês David Bastos e Marta Moitinho Oliveira

Ontem 00:05

Ex-presidente disse que Sócrates é alvo de um “caso político” e disparou contra “malandros” que o combatem.

Mário Soares fez ontem tábua rasa do pedido do líder do PS aos militantes e disse à saída da prisão de Évora que José Sócrates está a ser vítima "de uma campanha" e de um "caso político". Durante todo o dia de ontem, após estas declarações, os mais próximos de António Costa não quiseram comentar as palavras do fundador do partido, deixando Soares a defender sozinho a tese da campanha contra o ex-primeiro-ministro.

Ao final do dia, Mário Soares voltava a ser notícia ao fazer declarações ao "Expresso", onde não afasta a possibilidade de ir este fim-de-semana ao congresso do PS. Em reacção, Costa disse que todos os militantes estão convidados para ir ao conclave socialista. Mas o núcleo duro do actual líder socialista receia que Mário Soares repita as declarações de ontem, colocando em causa a estratégia que Costa leva para a reunião magna, que passa por afastar plano político do judicial. Nos últimos conclaves do PS os líderes mais antigos têm pautado pela ausência, enviando apenas mensagens que são lidas ou transmitidas num ecrã.

Ontem, o segundo dia de Sócrates em prisão preventiva por suspeitas da prática de crimes de branqueamento, corrupção e fraude fiscal, Soares visitou o ex-primeiro-ministro e à saída disparou: "Têm feito uma campanha contra ele que é uma infâmia. É a comunicação social que faz, mas são os tipos que estão por trás dela (...) todo o PS está contra esta bandalheira (...) este caso tem a ver com os malandros que estão a combater um homem que foi um primeiro-ministro exemplar".

A estratégia de não reagir às declarações de Soares não é nova no PS. A indicação dada aos dirigentes é para não ostracizar o fundador do partido mas também para não comentar as suas declarações. E ontem essa estratégia voltou a sentir-se, tanto mais que as insinuações lançadas por Soares batem de frente com a estratégia que António Costa está a tentar manter desde o dia em que se soube da detenção:não atacar a Justiça nem alimentar teses da cabala como foi feito no caso Casa Pia.

O Diário Económico tentou falar com vários socialistas, entre os quais Vieira da Silva, Renato Sampaio, Sérgio Sousa Pinto ou Edite Estrela, mas do outro lado veio o silêncio a respeito das declarações de Soares. "Já disse o que tinha a dizer sobre isto", rematou Vieira da Silva, ex-ministro de José Sócrates.

A ordem era mais uma vez para não se reagir a Mário Soares, até porque, apesar da influência que o ex-presidente da República tem junto dos militantes, o núcleo duro de Costa argumenta que o fundador não pertence aos órgãos directivos. Um deputado socialista diz ao Diário Económico o pensamento que atravessa muitos militantes:"Mário Soares é um espírito livre".

Em declarações ao Diário Económico, Vítor Ramalho, o único que aceitou falar e em ‘on' alinha pelo mesmo diapasão: "Mário Soares exerceu o seu direito à indignação, chamando a atenção para o quadro em que se desenvolveu o caso, com sucessivas violações do segredo de justiça, e quando fala em inocência refere-se ao facto de para ele José Sócrates ser inocente até haver uma condenação".

Este militante afasta qualquer possibilidade de a declaração de Soares confrontar a orientação de Costa. "Mário Soares é uma referência do partido", não é dirigente e "não está a falar em cabala", remata Vítor Ramalho.

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