o sexo dos anjos: O SENHOR ROUBADO

23-01-2012
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Desenganem-se os que estão a pensar que vou contar a história do monumento que antecede a entrada de Odivelas. Aqui trata-se de João Soares, candidato à liderança do PS, que anda justamente alarmado: "Posso ser roubado nas eleições".
E de caminho explica de onde lhe vieram os maus augúrios. Segundo ele, Sérgio Sousa Pinto disse-lhe que seria "roubado" nas eleições para secretário-geral do PS.
"Há mais de um mês, quando Sérgio Sousa Pinto me anunciou que iria apoiar o candidato José Sócrates, ele disse-me que eu iria ser "roubado", como se isso fosse uma premonição quanto ao funcionamento interno de um processo original e que eu considero que pode vir a ser pedagógico para a vida política portuguesa".
Para prevenir, exige Soares-Filho que as urnas sejam instaladas nas sedes do partido ou em lugares públicos (eu na minha ignorância até pensava que assim acontecesse já - agora é que fiquei intrigado sem saber em que locais costumam eles colocar as urnas).
Depois da notícia da recente anulação das eleições no PSD de Leiria porque se constatou a existência de mais votos do que votantes, esta conversa edificante vem contribuir ainda mais para reforçar a sólida confiança que os portugueses têm nos seus políticos - que até na própria casa, como se vê, são modelos de integridade e civismo.
Aguarda-se agora a todo o momento o desmentido de Sousa Pinto, outro astro político de primeira grandeza, o qual não poderá deixar de acontecer. Este evidentemente explicará que nunca disse tal coisa, e até provavelmente acrescente que na altura em que disse a Soares-Filho o que este disse que ele disse logo lhe disse que se ele dissesse que ele disse o que disse logo diria que nunca disse o que disse pelo que em estrito cumprimento da sua palavra vem reiterar que nunca disse o que disse tal como lhe disse quando disse o que agora vem esclarecer que não disse.
Por mim, apesar da aparente complexidade da coisa, estou esclarecido: pior que estes nossos governantes só mesmo esta nossa oposição.
Ainda esta promissora refrega eleitoral está nos começos, e já nos oferece todos os dias quadros que nem na mais rasteira das revistas. Ontem reparei que o mandatário lisboeta do Poeta Alegre era o envernizado filósofo Carrilho, um que ainda há um par de anos se atirava soezmente ao poetastro (na mira de compensação vinda dos lados de quem então mandava, que ele não dá ponto sem nó).
Nessa altura Alegre tinha criticado o guterrismo; e logo lhe retorquiu feroz o Carrilho (o estilo melífluo do engenheiro mandava-o sorrir compreensivo e não responder pessoalmente a ataques) lembrando-lhe que era um homem do passado, representante da esquerda antiga, e devia era calar-se, em benefício da esquerda modernaça por cuja passadeira vermelha avançavam então Guterres e ele, Carrilho, naturalmente, sempre na brecha, então como caudatário do líder – até que lhe pareceu mais rendoso pisar-lhe a cauda. Tanta vergonha tem Alegre, que aceita tal apoio, como tem o Carrilho, que nunca a teve.
Só Deus sabe até onde poderão descer estas criaturas. Mas Deus, como se sabe, tem muita experiência de vida.

Desenganem-se os que estão a pensar que vou contar a história do monumento que antecede a entrada de Odivelas. Aqui trata-se de João Soares, candidato à liderança do PS, que anda justamente alarmado: "Posso ser roubado nas eleições".
E de caminho explica de onde lhe vieram os maus augúrios. Segundo ele, Sérgio Sousa Pinto disse-lhe que seria "roubado" nas eleições para secretário-geral do PS.
"Há mais de um mês, quando Sérgio Sousa Pinto me anunciou que iria apoiar o candidato José Sócrates, ele disse-me que eu iria ser "roubado", como se isso fosse uma premonição quanto ao funcionamento interno de um processo original e que eu considero que pode vir a ser pedagógico para a vida política portuguesa".
Para prevenir, exige Soares-Filho que as urnas sejam instaladas nas sedes do partido ou em lugares públicos (eu na minha ignorância até pensava que assim acontecesse já - agora é que fiquei intrigado sem saber em que locais costumam eles colocar as urnas).
Depois da notícia da recente anulação das eleições no PSD de Leiria porque se constatou a existência de mais votos do que votantes, esta conversa edificante vem contribuir ainda mais para reforçar a sólida confiança que os portugueses têm nos seus políticos - que até na própria casa, como se vê, são modelos de integridade e civismo.
Aguarda-se agora a todo o momento o desmentido de Sousa Pinto, outro astro político de primeira grandeza, o qual não poderá deixar de acontecer. Este evidentemente explicará que nunca disse tal coisa, e até provavelmente acrescente que na altura em que disse a Soares-Filho o que este disse que ele disse logo lhe disse que se ele dissesse que ele disse o que disse logo diria que nunca disse o que disse pelo que em estrito cumprimento da sua palavra vem reiterar que nunca disse o que disse tal como lhe disse quando disse o que agora vem esclarecer que não disse.
Por mim, apesar da aparente complexidade da coisa, estou esclarecido: pior que estes nossos governantes só mesmo esta nossa oposição.
Ainda esta promissora refrega eleitoral está nos começos, e já nos oferece todos os dias quadros que nem na mais rasteira das revistas. Ontem reparei que o mandatário lisboeta do Poeta Alegre era o envernizado filósofo Carrilho, um que ainda há um par de anos se atirava soezmente ao poetastro (na mira de compensação vinda dos lados de quem então mandava, que ele não dá ponto sem nó).
Nessa altura Alegre tinha criticado o guterrismo; e logo lhe retorquiu feroz o Carrilho (o estilo melífluo do engenheiro mandava-o sorrir compreensivo e não responder pessoalmente a ataques) lembrando-lhe que era um homem do passado, representante da esquerda antiga, e devia era calar-se, em benefício da esquerda modernaça por cuja passadeira vermelha avançavam então Guterres e ele, Carrilho, naturalmente, sempre na brecha, então como caudatário do líder – até que lhe pareceu mais rendoso pisar-lhe a cauda. Tanta vergonha tem Alegre, que aceita tal apoio, como tem o Carrilho, que nunca a teve.
Só Deus sabe até onde poderão descer estas criaturas. Mas Deus, como se sabe, tem muita experiência de vida.

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