Aqui publico a biografia (resumida) da vida e obra de António Marques da Silva, um homem marcante na história do concelho de Seia e do país, pela criação da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela. Precisamente no ano que se comemora o centenário - (1909-2009). O trabalho é da minha filha, Maria Branquinho, que apresentou no âmbito da disciplina História e Geografia Local, no 6º ano.António Marques da Silva... A Obra António Marques da Silva nasceu em Gouveia no dia 26 de Julho de 1868 e faleceu em 28 de Agosto de 1953, com 85 anos.Foi fundador em 1909 da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela (EHESE) em Associação com António Rodrigues Frade e Guilherme Cardoso Pessoa, de Gouveia e António Rodrigues Nogueira, de Lisboa. O objectivo dessa empresa era aproveitar as águas da serra da Estrela para produção de energia eléctrica. Por isso, falar de Marques da Silva é necessariamente falar desta empresa de produção de energia eléctrica.Possuidor de conhecimentos suficientes sobre a matéria, lançou-se na busca de água na Serra da Estrela, descobrindo que o caudal do Rio Alva era propício para a criação duma central. Feitos os estudos por técnicos franceses, foi assim concebido o projecto da Central da Senhora do Desterro, para levar a electricidade para a fábrica de Gouveia e fornecer energia às vilas de Seia e Gouveia.As negociações para obtenção das licenças necessárias foram demoradas e difíceis, só em 1906 conseguiu o exclusivo do fornecimento de energia eléctrica a Seia pelo prazo de 35 anos, dando-lhe direito à posse das águas do Alva e da Ribeira da Caniça.Em 25 de Setembro de 1908, António Marques da Silva obteve, por alvará régio, a concessão do aproveitamento das águas do Rio Alva entre as freguesias do Sabugueiro e São Romão, no concelho de Seia. No ano seguinte, 1909 era então criada a EHESE.Em 23 de Dezembro de 1909, chegava a Seia a energia eléctrica produzida na central da Senhora do Desterro, colocada nas margens do Rio Alva, a 800 metros de altitude.Cedo se verificou que o simples aproveitamento das águas do Rio Alva não chegavam e desde logo foi concebido o projecto de um reservatório regularizador, que desde o início estava previsto e que seria a Lagoa Comprida. A construção dessa barragem iniciou-se em 1911, em pleno coração da serra, sem estradas, sem acessos, sem luz, sem apoios de qualquer espécie. Em 1913, era atingido o objectivo definido: uma muralha em granito com 6 metros de altura, com o que se criava uma Albufeira, com a capacidade de cerca de 1.250.000 m3, situação que se manteve até 1928. Desde esta altura até 1966, nunca os trabalhos ali pararam.Deste modo a Empresa Hidroeléctrica foi crescendo, sob o impulso inteligente de Marques da Silva. No fim da segunda Guerra Mundial, em 1945, o sistema produtor da empresa estava praticamente saturado, tendo-se já construído a Central do Sabugueiro, e que ficou a ser a hidroeléctrica mais alta do país – 985 metros. Até 1953 são introduzidos vários melhoramentos sob a superior orientação e iniciativa de Marques da Silva:- A Barragem da Lagoa Comprida continua em aumento e a subir mais.- Fazem-se ampliações do Canal, Câmara de Carga e Açude da Senhora do Desterro, e ainda o Canal da Ponte Jugais.- Executam-se trabalhos para aproveitamento das águas da vertente de Loriga e faz-se a construção do Túnel para as conduzir à Lagoa Comprida.A rede de transporte de energia era nessa época já de 750 Quilómetros.Relativamente à empresa, o seu capital inicial de 100 contos, foi elevado em Dezembro de 1917 para 600 contos, transformando-se numa sociedade mais vasta para a qual entraram novos sócios que haviam manifestado o desejo de participar neste grande empreendimento regional. Esta nova estrutura mantém-se até Maio de 1946, sempre com Marques da Silva à frente da Empresa e sucessivas elevações de capital que atingiu nessa época a quantia de 48 mil contos. Foi nessa altura transformada em sociedade anónima.António Marques da Silva continuou a comandar a grande empresa à frente do seu Conselho de Administração, até 1953, ano da sua morte, tendo sido um dos homens que mais contribuiu para o progresso de Seia. … A VidaAntónio Marques da Silva fizera na Guarda os estudos liceais. Após 3 anos de bom aproveitamento, regressou a Gouveia e empregou-se como ajudante de escritório numa fábrica de lanifícios, propriedade do Conde de Caria. Entretanto estudava sempre pelos seus próprios meios, e chegou a concorrer às funções de tabelião, que na época substituíam os actuais notários. Classificado em primeiro lugar, não chegou a tomar posse, porque preferiu ir desempenhar as funções de guarda-livros, numa fábrica de Lanifícios em S. Paio, e depois em 1893, na firma Brás & Irmão, na altura gerida pelos dois amigos, Guilherme Cardoso Pessoa e António Rodrigues Frade.A entrada de Marques da Silva para essa firma coincidiu com o estudo da remodelação que os gerentes andavam empenhados em realizar. Os 3 constituíram uma nova firma a que deram o nome de “Os Grandes Armazéns das Beiras”, onde instalaram maquinaria moderna e acessórios para a indústria de lanifícios. Ora o grande problema da nova fábrica era a potência motriz, insuficiente porque produzia a vapor. Aqui surgiu o interesse de António Marques da Silva pela produção da electricidade, lançando-se então na criação da EHESE.Foi casado com D. Adélia Calixto Marques da Silva, de quem teve uma única filha, a senhora D. Maria da Glória Calixto Marques da Silva, que foi casada e depois viúva do insigne médico que foi o Dr. António Simões Pereira.Em 1943 António Marques da Silva foi condecorado com o Grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial (Classe de Mérito Industrial). Em Outubro de 1948 foi prestada uma significativa homenagem a Marques da Silva, tendo-lhe sido oferecida uma palavra de bronze com a sua imagem que foi fixada na muralha da Barragem da Lagoa Comprida, ficando a lembrar aos vindouros quem a ajudou a erguer.O trabalhador infatigável que foi Marques da Silva, deixou o seu nome para sempre vinculado ao ramo da electricidade e deve ser considerado um dos pioneiros da electricidade em Portugal. BibliografiaSaraiva, António Júlio VazSantos, Carlos MarrãoMota Veiga, Humberto Manuel SenaRevista 90º Aniversário da Fundação da EHSE (1909 - 1999)Seia, Câmara Municipal, 1999Bigotte, José QuelhasMonografia da Cidade e Concelho de SeiaSeia, edição do autor, 1992Fotos:- Fototeca Municipal de Seia (2009)- Monografia da Cidade e Concelho de SeiaSeia, edição do autor, 1992 - Revista 90º Aniversário da Fundação da EHSE (1909 - 1999)Seia, Câmara Municipal, 1999
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Aqui publico a biografia (resumida) da vida e obra de António Marques da Silva, um homem marcante na história do concelho de Seia e do país, pela criação da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela. Precisamente no ano que se comemora o centenário - (1909-2009). O trabalho é da minha filha, Maria Branquinho, que apresentou no âmbito da disciplina História e Geografia Local, no 6º ano.António Marques da Silva... A Obra António Marques da Silva nasceu em Gouveia no dia 26 de Julho de 1868 e faleceu em 28 de Agosto de 1953, com 85 anos.Foi fundador em 1909 da Empresa Hidroeléctrica da Serra da Estrela (EHESE) em Associação com António Rodrigues Frade e Guilherme Cardoso Pessoa, de Gouveia e António Rodrigues Nogueira, de Lisboa. O objectivo dessa empresa era aproveitar as águas da serra da Estrela para produção de energia eléctrica. Por isso, falar de Marques da Silva é necessariamente falar desta empresa de produção de energia eléctrica.Possuidor de conhecimentos suficientes sobre a matéria, lançou-se na busca de água na Serra da Estrela, descobrindo que o caudal do Rio Alva era propício para a criação duma central. Feitos os estudos por técnicos franceses, foi assim concebido o projecto da Central da Senhora do Desterro, para levar a electricidade para a fábrica de Gouveia e fornecer energia às vilas de Seia e Gouveia.As negociações para obtenção das licenças necessárias foram demoradas e difíceis, só em 1906 conseguiu o exclusivo do fornecimento de energia eléctrica a Seia pelo prazo de 35 anos, dando-lhe direito à posse das águas do Alva e da Ribeira da Caniça.Em 25 de Setembro de 1908, António Marques da Silva obteve, por alvará régio, a concessão do aproveitamento das águas do Rio Alva entre as freguesias do Sabugueiro e São Romão, no concelho de Seia. No ano seguinte, 1909 era então criada a EHESE.Em 23 de Dezembro de 1909, chegava a Seia a energia eléctrica produzida na central da Senhora do Desterro, colocada nas margens do Rio Alva, a 800 metros de altitude.Cedo se verificou que o simples aproveitamento das águas do Rio Alva não chegavam e desde logo foi concebido o projecto de um reservatório regularizador, que desde o início estava previsto e que seria a Lagoa Comprida. A construção dessa barragem iniciou-se em 1911, em pleno coração da serra, sem estradas, sem acessos, sem luz, sem apoios de qualquer espécie. Em 1913, era atingido o objectivo definido: uma muralha em granito com 6 metros de altura, com o que se criava uma Albufeira, com a capacidade de cerca de 1.250.000 m3, situação que se manteve até 1928. Desde esta altura até 1966, nunca os trabalhos ali pararam.Deste modo a Empresa Hidroeléctrica foi crescendo, sob o impulso inteligente de Marques da Silva. No fim da segunda Guerra Mundial, em 1945, o sistema produtor da empresa estava praticamente saturado, tendo-se já construído a Central do Sabugueiro, e que ficou a ser a hidroeléctrica mais alta do país – 985 metros. Até 1953 são introduzidos vários melhoramentos sob a superior orientação e iniciativa de Marques da Silva:- A Barragem da Lagoa Comprida continua em aumento e a subir mais.- Fazem-se ampliações do Canal, Câmara de Carga e Açude da Senhora do Desterro, e ainda o Canal da Ponte Jugais.- Executam-se trabalhos para aproveitamento das águas da vertente de Loriga e faz-se a construção do Túnel para as conduzir à Lagoa Comprida.A rede de transporte de energia era nessa época já de 750 Quilómetros.Relativamente à empresa, o seu capital inicial de 100 contos, foi elevado em Dezembro de 1917 para 600 contos, transformando-se numa sociedade mais vasta para a qual entraram novos sócios que haviam manifestado o desejo de participar neste grande empreendimento regional. Esta nova estrutura mantém-se até Maio de 1946, sempre com Marques da Silva à frente da Empresa e sucessivas elevações de capital que atingiu nessa época a quantia de 48 mil contos. Foi nessa altura transformada em sociedade anónima.António Marques da Silva continuou a comandar a grande empresa à frente do seu Conselho de Administração, até 1953, ano da sua morte, tendo sido um dos homens que mais contribuiu para o progresso de Seia. … A VidaAntónio Marques da Silva fizera na Guarda os estudos liceais. Após 3 anos de bom aproveitamento, regressou a Gouveia e empregou-se como ajudante de escritório numa fábrica de lanifícios, propriedade do Conde de Caria. Entretanto estudava sempre pelos seus próprios meios, e chegou a concorrer às funções de tabelião, que na época substituíam os actuais notários. Classificado em primeiro lugar, não chegou a tomar posse, porque preferiu ir desempenhar as funções de guarda-livros, numa fábrica de Lanifícios em S. Paio, e depois em 1893, na firma Brás & Irmão, na altura gerida pelos dois amigos, Guilherme Cardoso Pessoa e António Rodrigues Frade.A entrada de Marques da Silva para essa firma coincidiu com o estudo da remodelação que os gerentes andavam empenhados em realizar. Os 3 constituíram uma nova firma a que deram o nome de “Os Grandes Armazéns das Beiras”, onde instalaram maquinaria moderna e acessórios para a indústria de lanifícios. Ora o grande problema da nova fábrica era a potência motriz, insuficiente porque produzia a vapor. Aqui surgiu o interesse de António Marques da Silva pela produção da electricidade, lançando-se então na criação da EHESE.Foi casado com D. Adélia Calixto Marques da Silva, de quem teve uma única filha, a senhora D. Maria da Glória Calixto Marques da Silva, que foi casada e depois viúva do insigne médico que foi o Dr. António Simões Pereira.Em 1943 António Marques da Silva foi condecorado com o Grau de Comendador da Ordem de Mérito Agrícola e Industrial (Classe de Mérito Industrial). Em Outubro de 1948 foi prestada uma significativa homenagem a Marques da Silva, tendo-lhe sido oferecida uma palavra de bronze com a sua imagem que foi fixada na muralha da Barragem da Lagoa Comprida, ficando a lembrar aos vindouros quem a ajudou a erguer.O trabalhador infatigável que foi Marques da Silva, deixou o seu nome para sempre vinculado ao ramo da electricidade e deve ser considerado um dos pioneiros da electricidade em Portugal. BibliografiaSaraiva, António Júlio VazSantos, Carlos MarrãoMota Veiga, Humberto Manuel SenaRevista 90º Aniversário da Fundação da EHSE (1909 - 1999)Seia, Câmara Municipal, 1999Bigotte, José QuelhasMonografia da Cidade e Concelho de SeiaSeia, edição do autor, 1992Fotos:- Fototeca Municipal de Seia (2009)- Monografia da Cidade e Concelho de SeiaSeia, edição do autor, 1992 - Revista 90º Aniversário da Fundação da EHSE (1909 - 1999)Seia, Câmara Municipal, 1999