Da Literatura: TRAPALHADA HIGH TECH

01-07-2011
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Quem ontem ouvisse os protestos dos comentadores de serviço, julgaria que foi a 1.ª vez que os portugueses utilizaram o cartão de cidadão num acto eleitoral. Na realidade, para uma maioria de que faço parte, foi a 4.ª vez: Europeias (2009), Legislativas (2009), Autárquicas (2009), Presidenciais (2011). Porquê o espanto inaugural?

Isto dito, os episódios rocambolescos verificados em muitas mesas de voto são, de facto, inadmissíveis. Do mesmo passo, as declarações do presidente da CNE foram, para dizer o menos, levianas. A direita esquizo pede a cabeça de Rui Pereira, ministro da Administração Interna. Outros, mais moderados, exigem a do juiz conselheiro Fernando Costa Soares. Passada a ressaca da noite passada  —  e que ressaca: foi a primeira vez que vimos um vencedor, ainda por cima Chefe de Estado em exercício, fazer um discurso de tal modo ressabiado que apanhou de surpresa até o inner circle  —, convém voltar à Terra. Quem gere o Portal do Eleitor deve explicações à tutela.

Pessoalmente não tive qualquer problema, e voto desde Junho do ano passado com o cartão de eleitor. Como eu, muita gente. Contudo, ouvi todo o tipo de histórias: quem (como eu) foi votar sem atrito; quem recebesse o número de eleitor, por sms, em três segundos; quem recebesse o número de eleitor, por sms, ao fim de seis horas; quem acedesse ao Portal sem problemas; quem não o conseguisse abrir; quem estivesse em filas para obter o novo número; quem desistisse de votar (a mãe de Maria João Avillez, segundo a jornalista); quem andasse em bolandas de junta de freguesia em junta de freguesia (o cunhado de Maria João Avillez, segundo a jornalista); quem tivesse obtido o novo número na própria mesa de voto; etc. Repito: não vale a pena meter a cabeça (a incompetência da máquina logística) no buraco. Parece que até no referendo (imagem ao alto) do Sudão  —  Maria João Avillez, ela o disse, telefonou ao embaixador António Monteiro  —  foi melhor.

Aqui chegados, lembrar o óbvio: estão inscritos 9.629.630 eleitores. Votaram 4.490.046 (dos quais 191 mil em branco e 86 mil com voto nulo). Um total de 2.230.170 escolheu Cavaco, que perdeu 540 mil votos entre 2006 e 2011. O imbróglio high tech afastou das mesas de voto quantos portugueses? Cem? Trezentos? Um que fosse, alguém tem de explicar porquê.Etiquetas: Presidenciais 2011

Quem ontem ouvisse os protestos dos comentadores de serviço, julgaria que foi a 1.ª vez que os portugueses utilizaram o cartão de cidadão num acto eleitoral. Na realidade, para uma maioria de que faço parte, foi a 4.ª vez: Europeias (2009), Legislativas (2009), Autárquicas (2009), Presidenciais (2011). Porquê o espanto inaugural?

Isto dito, os episódios rocambolescos verificados em muitas mesas de voto são, de facto, inadmissíveis. Do mesmo passo, as declarações do presidente da CNE foram, para dizer o menos, levianas. A direita esquizo pede a cabeça de Rui Pereira, ministro da Administração Interna. Outros, mais moderados, exigem a do juiz conselheiro Fernando Costa Soares. Passada a ressaca da noite passada  —  e que ressaca: foi a primeira vez que vimos um vencedor, ainda por cima Chefe de Estado em exercício, fazer um discurso de tal modo ressabiado que apanhou de surpresa até o inner circle  —, convém voltar à Terra. Quem gere o Portal do Eleitor deve explicações à tutela.

Pessoalmente não tive qualquer problema, e voto desde Junho do ano passado com o cartão de eleitor. Como eu, muita gente. Contudo, ouvi todo o tipo de histórias: quem (como eu) foi votar sem atrito; quem recebesse o número de eleitor, por sms, em três segundos; quem recebesse o número de eleitor, por sms, ao fim de seis horas; quem acedesse ao Portal sem problemas; quem não o conseguisse abrir; quem estivesse em filas para obter o novo número; quem desistisse de votar (a mãe de Maria João Avillez, segundo a jornalista); quem andasse em bolandas de junta de freguesia em junta de freguesia (o cunhado de Maria João Avillez, segundo a jornalista); quem tivesse obtido o novo número na própria mesa de voto; etc. Repito: não vale a pena meter a cabeça (a incompetência da máquina logística) no buraco. Parece que até no referendo (imagem ao alto) do Sudão  —  Maria João Avillez, ela o disse, telefonou ao embaixador António Monteiro  —  foi melhor.

Aqui chegados, lembrar o óbvio: estão inscritos 9.629.630 eleitores. Votaram 4.490.046 (dos quais 191 mil em branco e 86 mil com voto nulo). Um total de 2.230.170 escolheu Cavaco, que perdeu 540 mil votos entre 2006 e 2011. O imbróglio high tech afastou das mesas de voto quantos portugueses? Cem? Trezentos? Um que fosse, alguém tem de explicar porquê.Etiquetas: Presidenciais 2011

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