PINACULOS: Expedição internacional parte à procura dos primeiros habitantes da Antárctida

21-01-2012
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O Navio sai a 29 de Janeiro da Argentina, com 32 tripulantes a bordo, entre os quais dois voluntários portugueses, e passará por dez pequenos portos abandonados, que terão sido utilizados pelos caçadoresDesde o Ano Geofísico Internacional (1957-1958), em que se registou a verdadeira tomada do continente branco pela ciência, a Antárctida está colada à imagem de investigadores a caminharem contra o vento, num cenário branco de neve.Mas a história da presença humana na Antárctida começou mais de 100 anos antes, em 1820. Os primeiros habitantes não eram climatólogos mas caçadores. Primeiro de lobos-marinhos e mais tarde, a partir da última década do século XIX, de baleias. "A maioria eram noruegueses; também havia suecos e britânicos", conta ao PÚBLICO Carlos Pedro Vairo, director científico da expedição e especialista em história da Antárctica, a dias da partida do navio quebra-gelos Ice Lady Patagonia, do porto argentino de Ushuaia. Os caçadores "estavam na Antárctida de Outubro a Abril. No Inverno regressavam às suas terras", acrescenta o investigador que se dedica à história cultural antárctica desde 1994. Mas a península voltou a ficar desabitada por volta de 1930. "Muitas empresas fecharam nessa altura. A sobrepesca levou ao excesso de produtos, nomeadamente, de óleo de baleia." "Queremos procurar vestígios do trabalho [dos caçadores], de embarcações afundadas, de esqueletos de baleias." O objectivo da expedição, que deve terminar a 18 de Fevereiro, é completar as investigações sobre antropologia e história antárctica realizadas até ao momento por Carlos Vairo, também director do Museu Marítimo de Ushuaia, na Terra do Fogo. A ideia é saber quem eram aqueles que escolheram a inacessível Antárctida, protegida por tempestades com ventos de 180 quilómetros por hora e ondas de 30 metros de altura.Dez portos abandonados desde os anos 30O Ice Lady Patagonia, navio oceanográfico da Associação de Exploração Científica Austral, passará por dez pequenos portos abandonados, que terão sido utilizados pelos caçadores. Desde então, arrisca Carlos Vairo, nunca mais ninguém esteve nesses portos. "Talvez algum barco tivesse passado por eles, mas sem parar para os explorar. Já se sabia que apenas tinham interesse para os baleeiros", explica Carlos Vairo. A tripulação realizará expedições em terra - procurando vestígios em praias e portos - e no fundo do mar, com a ajuda de um robô submarino, que leva câmaras a bordo. Serão usados botes para chegar a "todas as ilhas e ilhotas de cada porto natural da península da Antárctida", explica um comunicado da BF Goodrich para Espanha e Portugal, entidade financiadora da expedição. José Leal, porta-voz da BF Goodrich Antárctida 2007, explicou que, entre os 32 tripulantes, estão dois portugueses da área empresarial de pneus, voluntários convidados pela empresa. "A sua missão, como a das restantes pessoas a bordo que não são cientistas, é colaborar com a parte científica da expedição. Para avistar, localizar e catalogar os vestígios de baleeiros não é preciso uma preparação especial. É só seguir as indicações. Todos são necessários para a expedição."Livro sobre as conclusõesA bordo do navio seguem também José María Jayme, que participou nas primeiras campanhas antárcticas espanholas, José Carlos Tamayo, membro de Al filo de lo imposible, programa da televisão espanhola, e o alpinista Miguel Angel Vidal.As conclusões da expedição serão divulgadas ao longo de 2007 e está prevista a publicação de um livro que reúna todos os descobrimentos antropológicos no continente branco desde 1994. Carlos Vairo considera que "existe informação sobre a Antárctida, mas está muito dispersa. Também queremos ver se a [informação] que temos é verdadeira e fazer um balanço daquilo que resta.""Seria muito importante proteger tudo o que encontrarmos." O investigador acredita que "estes vestígios possam ser protegidos como herança cultural (...) seja pelo Tratado Antárctico, seja pela UNESCO."Fonte: Helena Geraldes, Público

O Navio sai a 29 de Janeiro da Argentina, com 32 tripulantes a bordo, entre os quais dois voluntários portugueses, e passará por dez pequenos portos abandonados, que terão sido utilizados pelos caçadoresDesde o Ano Geofísico Internacional (1957-1958), em que se registou a verdadeira tomada do continente branco pela ciência, a Antárctida está colada à imagem de investigadores a caminharem contra o vento, num cenário branco de neve.Mas a história da presença humana na Antárctida começou mais de 100 anos antes, em 1820. Os primeiros habitantes não eram climatólogos mas caçadores. Primeiro de lobos-marinhos e mais tarde, a partir da última década do século XIX, de baleias. "A maioria eram noruegueses; também havia suecos e britânicos", conta ao PÚBLICO Carlos Pedro Vairo, director científico da expedição e especialista em história da Antárctica, a dias da partida do navio quebra-gelos Ice Lady Patagonia, do porto argentino de Ushuaia. Os caçadores "estavam na Antárctida de Outubro a Abril. No Inverno regressavam às suas terras", acrescenta o investigador que se dedica à história cultural antárctica desde 1994. Mas a península voltou a ficar desabitada por volta de 1930. "Muitas empresas fecharam nessa altura. A sobrepesca levou ao excesso de produtos, nomeadamente, de óleo de baleia." "Queremos procurar vestígios do trabalho [dos caçadores], de embarcações afundadas, de esqueletos de baleias." O objectivo da expedição, que deve terminar a 18 de Fevereiro, é completar as investigações sobre antropologia e história antárctica realizadas até ao momento por Carlos Vairo, também director do Museu Marítimo de Ushuaia, na Terra do Fogo. A ideia é saber quem eram aqueles que escolheram a inacessível Antárctida, protegida por tempestades com ventos de 180 quilómetros por hora e ondas de 30 metros de altura.Dez portos abandonados desde os anos 30O Ice Lady Patagonia, navio oceanográfico da Associação de Exploração Científica Austral, passará por dez pequenos portos abandonados, que terão sido utilizados pelos caçadores. Desde então, arrisca Carlos Vairo, nunca mais ninguém esteve nesses portos. "Talvez algum barco tivesse passado por eles, mas sem parar para os explorar. Já se sabia que apenas tinham interesse para os baleeiros", explica Carlos Vairo. A tripulação realizará expedições em terra - procurando vestígios em praias e portos - e no fundo do mar, com a ajuda de um robô submarino, que leva câmaras a bordo. Serão usados botes para chegar a "todas as ilhas e ilhotas de cada porto natural da península da Antárctida", explica um comunicado da BF Goodrich para Espanha e Portugal, entidade financiadora da expedição. José Leal, porta-voz da BF Goodrich Antárctida 2007, explicou que, entre os 32 tripulantes, estão dois portugueses da área empresarial de pneus, voluntários convidados pela empresa. "A sua missão, como a das restantes pessoas a bordo que não são cientistas, é colaborar com a parte científica da expedição. Para avistar, localizar e catalogar os vestígios de baleeiros não é preciso uma preparação especial. É só seguir as indicações. Todos são necessários para a expedição."Livro sobre as conclusõesA bordo do navio seguem também José María Jayme, que participou nas primeiras campanhas antárcticas espanholas, José Carlos Tamayo, membro de Al filo de lo imposible, programa da televisão espanhola, e o alpinista Miguel Angel Vidal.As conclusões da expedição serão divulgadas ao longo de 2007 e está prevista a publicação de um livro que reúna todos os descobrimentos antropológicos no continente branco desde 1994. Carlos Vairo considera que "existe informação sobre a Antárctida, mas está muito dispersa. Também queremos ver se a [informação] que temos é verdadeira e fazer um balanço daquilo que resta.""Seria muito importante proteger tudo o que encontrarmos." O investigador acredita que "estes vestígios possam ser protegidos como herança cultural (...) seja pelo Tratado Antárctico, seja pela UNESCO."Fonte: Helena Geraldes, Público

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