PINACULOS: Rapariga que há dias saiu da selva cambojana permanece um mistério

30-06-2011
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Permanece sentada, às vezes durante horas, parada e com os olhos pregados ao chão ou com um olhar vazio que trespassa os curiosos que se acotovelam para vê-la. O seu rosto não tem expressão, nem mesmo quando alguém lhe sorri. O mistério permanece. Foi há uma semana que saiu da selva, numa província do interior do Noroeste do Camboja, em Ratanakkiri. Uma mulher selvagem, acreditam alguns. Outros põem em causa se terá mesmo estado cerca de 20 anos na selva. O homem que a mantém sob protecção, um polícia de nome Sal Lou, tem a certeza de que se trata da sua filha Rochom P"ngieng, que desapareceu em 1988, tinha oito anos e estava a guardar búfalos. "Eu desafio todos os que não acreditam. Aposto dez mil dólares [cerca de 7700 euros] com quem quiser em como esta é a minha filha", diz o homem, que explica tê-la reconhecido por causa de uma cicatriz. A rapariga foi apanhada, nua, enquanto roubava comida a um camponês. Testemunhas garantem que caminhava curvada e que parecia um macaco. Depois foi conduzida à aldeia de Oyadai, onde tentou a todo o custo evitar vestir roupa, tirando-a por três vezes."Durante o fim-se-semana parecia louca. Tinha medo da multidão e dos jornalistas que lhe queriam tirar fotografias", contou Rochom Ly, o presumível irmão. O pai quer levar a rapariga à capital para fazer exames médicos e por isso já lançou um apelo nacional para receber donativos que o ajudem. As organizações humanitárias não põem de parte que a rapariga tenha sido vítima de abuso sexual e recomendam que fique onde está, para evitar "novas pressões". Durante o dia de hoje, deverá chegar à aldeia um psicólogo para observar a jovem, informa Kek Galabru, da associação Licadho. Pen Bunna, da associação Adhoc, encontrou-se com ela durante o fim-de-semana e acredita que terá sido vítima de um choque traumático no momento do desaparecimento. "Ela poderá ter enfrentado algo que a levou a aventurar-se para longe", justifica.Uma coisa é certa: depois de ter saído da selva, a jovem tornou-se na atracção da região. Dezenas de pessoas deslocam-se das aldeias vizinhas e grupos de jornalistas (mesmo da imprensa internacional) acotovelam-se na cabana da alegada família, onde ela se encontra, sentada e de olhos postos no chão. No entanto, há quem comece a pôr em causa a história desta mulher. Afinal, como é que uma rapariga passa 19 anos no interior da selva e tem as mãos e os pés tão lisos? As unhas e o cabelo não estão com demasiado bom aspecto para quem viveu em estado selvagem?"Esqueceu a línguaque falou há muitos anos"Também as misteriosas marcas no pulso esquerdo alimentam as questões sobre o passado da rapariga. "Duvido que ela tenha desaparecido há 19 anos", diz Dub Thol, um homem que veio de um distrito vizinho para ver a mulher que saiu da selva. "Achei-a muito normal", justifica. Sal Lou refere que ela começa a compreender o dialecto das tribos da montanha de etnia Phnong, a que ele também pertence. "Quando falamos, ela compreende mas não nos consegue responder. Esqueceu a língua que falou há muitos anos. Mas faz tudo o que lhe pedimos para fazer - por isso, mais cedo ou mais tarde vai começar a falar." Nesta região não é a primeira vez que há reaparecimentos misteriosos. Em 2004, 34 pessoas de quatro famílias diferentes saíram da selva, onde se tinham refugiado em 1979, depois da queda do regime dos Khmer Vermelhos, que tinham apoiado.Fonte: Tang Chhin Sothy, Jornalista da AFP e Publico

Permanece sentada, às vezes durante horas, parada e com os olhos pregados ao chão ou com um olhar vazio que trespassa os curiosos que se acotovelam para vê-la. O seu rosto não tem expressão, nem mesmo quando alguém lhe sorri. O mistério permanece. Foi há uma semana que saiu da selva, numa província do interior do Noroeste do Camboja, em Ratanakkiri. Uma mulher selvagem, acreditam alguns. Outros põem em causa se terá mesmo estado cerca de 20 anos na selva. O homem que a mantém sob protecção, um polícia de nome Sal Lou, tem a certeza de que se trata da sua filha Rochom P"ngieng, que desapareceu em 1988, tinha oito anos e estava a guardar búfalos. "Eu desafio todos os que não acreditam. Aposto dez mil dólares [cerca de 7700 euros] com quem quiser em como esta é a minha filha", diz o homem, que explica tê-la reconhecido por causa de uma cicatriz. A rapariga foi apanhada, nua, enquanto roubava comida a um camponês. Testemunhas garantem que caminhava curvada e que parecia um macaco. Depois foi conduzida à aldeia de Oyadai, onde tentou a todo o custo evitar vestir roupa, tirando-a por três vezes."Durante o fim-se-semana parecia louca. Tinha medo da multidão e dos jornalistas que lhe queriam tirar fotografias", contou Rochom Ly, o presumível irmão. O pai quer levar a rapariga à capital para fazer exames médicos e por isso já lançou um apelo nacional para receber donativos que o ajudem. As organizações humanitárias não põem de parte que a rapariga tenha sido vítima de abuso sexual e recomendam que fique onde está, para evitar "novas pressões". Durante o dia de hoje, deverá chegar à aldeia um psicólogo para observar a jovem, informa Kek Galabru, da associação Licadho. Pen Bunna, da associação Adhoc, encontrou-se com ela durante o fim-de-semana e acredita que terá sido vítima de um choque traumático no momento do desaparecimento. "Ela poderá ter enfrentado algo que a levou a aventurar-se para longe", justifica.Uma coisa é certa: depois de ter saído da selva, a jovem tornou-se na atracção da região. Dezenas de pessoas deslocam-se das aldeias vizinhas e grupos de jornalistas (mesmo da imprensa internacional) acotovelam-se na cabana da alegada família, onde ela se encontra, sentada e de olhos postos no chão. No entanto, há quem comece a pôr em causa a história desta mulher. Afinal, como é que uma rapariga passa 19 anos no interior da selva e tem as mãos e os pés tão lisos? As unhas e o cabelo não estão com demasiado bom aspecto para quem viveu em estado selvagem?"Esqueceu a línguaque falou há muitos anos"Também as misteriosas marcas no pulso esquerdo alimentam as questões sobre o passado da rapariga. "Duvido que ela tenha desaparecido há 19 anos", diz Dub Thol, um homem que veio de um distrito vizinho para ver a mulher que saiu da selva. "Achei-a muito normal", justifica. Sal Lou refere que ela começa a compreender o dialecto das tribos da montanha de etnia Phnong, a que ele também pertence. "Quando falamos, ela compreende mas não nos consegue responder. Esqueceu a língua que falou há muitos anos. Mas faz tudo o que lhe pedimos para fazer - por isso, mais cedo ou mais tarde vai começar a falar." Nesta região não é a primeira vez que há reaparecimentos misteriosos. Em 2004, 34 pessoas de quatro famílias diferentes saíram da selva, onde se tinham refugiado em 1979, depois da queda do regime dos Khmer Vermelhos, que tinham apoiado.Fonte: Tang Chhin Sothy, Jornalista da AFP e Publico

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