PINACULOS: Os humanos modernos terão ido de África para a Ásia

03-07-2011
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Saíram de África há cerca de 50 mil anos? E que rotas seguiram para se espalharem pela Terra? Duas equipas analisaram, ontem na revista Science, vestígios humanos na África do Sul e na Rússia que contribuem para esclarecer estes mistérios que persistem sobre o homem moderno, a espécie a que todos pertencemos. Permitem dizer que há 50 mil anos partiram de África, em direcção à Ásia e depois chegaram à Europa. A equipa de Frederick Grine, da Universidade de Stony Brook, nos EUA, fez datações de um crânio, quase completo, descoberto no leito seco do rio Vlekpoort, perto da cidade de Hofmeyr, na África do Sul, em 1952. Esse crânio, dizem, preenche algumas lacunas sobre o êxodo dos humanos modernos de África. O facto de não existirem muitos fósseis dos primeiros humanos modernos, sobretudo da África subsariana e com o intervalo temporal entre 60 mil e 30 mil anos, não tem ajudado. As novas datações do crânio de Hofmeyr permitem usá-lo como prova de que os humanos modernos saíram de África há 50 mil anos, para a Europa e a Ásia. Tem sido difícil datá-lo, porque não tem colagénio suficiente (uma proteína essencial para a datação por radiocarbono), e não foi encontrado no contexto de uma escavação. Mas a equipa de Grine utilizou outros métodos sofisticados para datar os grãos de sedimentos no interior do crânio (o que é, porém, um factor de incerteza). Terá cerca de 35 mil anos. Depois, comparou as suas características com as de crânios humanos modernos na Europa e Ásia, do Paleolítico Superior e actuais. "Na globalidade, o crânio é morfologicamente moderno, mas apresenta alguns traços arcaicos. Tem afinidades morfométricas mais fortes com os eurasiáticos do Paleolítico Superior do que com as actuais populações geograficamente mais próximas", escrevem os cientistas. O crânio de Hofmeyr é consistente com a hipótese de que os eurasiáticos do Paleolítico Superior descendem de uma população que emigrou da África subsariana naquele período, acrescentam. "Sem ser revolucionário, este achado é interessante para documentar a presença do homem moderno no extremo sul-africano sensivelmente na mesma altura em que surge na Europa", comenta Luís Raposo, director do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa. A equipa de Mikhail Anikovich, da Academia Russa das Ciências, fez datações de achados de Kostenki, um sítio arqueológico nas margens do rio Don, 400 quilómetros a sul de Moscovo, que está a ser escavado há décadas. E concluiu que ferramentas, conchas usadas como adornos e o que parece ser uma figura humana em marfim de mamute têm à volta de 45 mil anos. "Provavelmente, estes artefactos foram feitos por humanos modernos, embora os únicos restos de esqueletos se resumam a dentes isolados", escreve a equipa. "Portanto, os humanos modernos apareceram nas planícies centrais da Europa de Leste tão cedo como em qualquer outra parte do Nordeste da Eurásia", concluem os cientistas. Por isso, os achados da Rússia acrescentam novas peças ao quebra-cabeças das migrações dos primeiros humanos modernos, ao revelarem que entraram na Europa de Leste antes de chegarem à Europa central e ocidental, ou pelo menos ao mesmo tempo.Fonte: Teresa Firmino (Publico)

Saíram de África há cerca de 50 mil anos? E que rotas seguiram para se espalharem pela Terra? Duas equipas analisaram, ontem na revista Science, vestígios humanos na África do Sul e na Rússia que contribuem para esclarecer estes mistérios que persistem sobre o homem moderno, a espécie a que todos pertencemos. Permitem dizer que há 50 mil anos partiram de África, em direcção à Ásia e depois chegaram à Europa. A equipa de Frederick Grine, da Universidade de Stony Brook, nos EUA, fez datações de um crânio, quase completo, descoberto no leito seco do rio Vlekpoort, perto da cidade de Hofmeyr, na África do Sul, em 1952. Esse crânio, dizem, preenche algumas lacunas sobre o êxodo dos humanos modernos de África. O facto de não existirem muitos fósseis dos primeiros humanos modernos, sobretudo da África subsariana e com o intervalo temporal entre 60 mil e 30 mil anos, não tem ajudado. As novas datações do crânio de Hofmeyr permitem usá-lo como prova de que os humanos modernos saíram de África há 50 mil anos, para a Europa e a Ásia. Tem sido difícil datá-lo, porque não tem colagénio suficiente (uma proteína essencial para a datação por radiocarbono), e não foi encontrado no contexto de uma escavação. Mas a equipa de Grine utilizou outros métodos sofisticados para datar os grãos de sedimentos no interior do crânio (o que é, porém, um factor de incerteza). Terá cerca de 35 mil anos. Depois, comparou as suas características com as de crânios humanos modernos na Europa e Ásia, do Paleolítico Superior e actuais. "Na globalidade, o crânio é morfologicamente moderno, mas apresenta alguns traços arcaicos. Tem afinidades morfométricas mais fortes com os eurasiáticos do Paleolítico Superior do que com as actuais populações geograficamente mais próximas", escrevem os cientistas. O crânio de Hofmeyr é consistente com a hipótese de que os eurasiáticos do Paleolítico Superior descendem de uma população que emigrou da África subsariana naquele período, acrescentam. "Sem ser revolucionário, este achado é interessante para documentar a presença do homem moderno no extremo sul-africano sensivelmente na mesma altura em que surge na Europa", comenta Luís Raposo, director do Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa. A equipa de Mikhail Anikovich, da Academia Russa das Ciências, fez datações de achados de Kostenki, um sítio arqueológico nas margens do rio Don, 400 quilómetros a sul de Moscovo, que está a ser escavado há décadas. E concluiu que ferramentas, conchas usadas como adornos e o que parece ser uma figura humana em marfim de mamute têm à volta de 45 mil anos. "Provavelmente, estes artefactos foram feitos por humanos modernos, embora os únicos restos de esqueletos se resumam a dentes isolados", escreve a equipa. "Portanto, os humanos modernos apareceram nas planícies centrais da Europa de Leste tão cedo como em qualquer outra parte do Nordeste da Eurásia", concluem os cientistas. Por isso, os achados da Rússia acrescentam novas peças ao quebra-cabeças das migrações dos primeiros humanos modernos, ao revelarem que entraram na Europa de Leste antes de chegarem à Europa central e ocidental, ou pelo menos ao mesmo tempo.Fonte: Teresa Firmino (Publico)

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