o tempo das cerejas*: Cegueira e preconceito

04-07-2011
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Pois é, está-lhes na massa do sangueA propósito do assunto «declarações de Rita Rato», Rui Bebiano , em vez de vir arrepelar-se pelas suas juvenis admirações pela revolução cultural chinesa, acaba de perpetrar mais um notável exercício de cegueira e maniqueismo em relação a terceiros. Afirma com efeito (os sublinhados são meus) que « A sobrevalorização da juventude, inaugurada com a emancipação dos baby boomers e a apoteose da cultura «sessentista», mas entretanto recuperada pelo capitalismo, sitia-nos dia e noite. É ela que tem levado os nossos principais partidos, quase todos eles – à excepção, talvez, do Bloco de Esquerda, que por ser um partido maioritariamente jovem não precisa para já de expedientes desta natureza – a atirar para a segunda fila visível dos comícios, das conferências de imprensa e das bancadas parlamentares com pessoas cuja qualificação fundamental, em alguns caos, é precisamente essa: ter menos de trinta anos, cinturinha estreita, um pouco de sex appeal e, claro, uma dose qb de fidelidade política. (...)Naturalmente, um partido ideologicamente arcaico e globalmente envelhecido como o PCP, precisa muito de recorrer a este género de expediente.»A este respeito, só desejo anotar cinco coisas :- a primeira é que se o BE é um partido «maioritariamente jovem» só se for no plano dos eleitores (e, mesmo aí, é uma autêntica improbabilidade sociológica) porque quanto a dirigentes e activistas estamos conversados (é só ver as imagens e assistências das suas acções de campanha); e, para bom proveito do blogger coimbrão, informo ainda que, segundo os dados oficiais, no último mandato autárquico os eleitos do BE nas AM com mais de 30 anos eram 83,8% (para 84,3% na CDU, o que constitui uma diferença irrisória sobretudo tendo em conta que o PCP tem 88 anos de vida); e, j´aagora, que no escalão 18-24 anos o BE tinha 1,9% de eleitos para 4,7% da CDU.- a segunda é que em quatro anos, sem contar com a JCP, devem-se ter inscrito no PCP mais cidadãos com menos de 30 anos do que o número total de militantes do Bloco;- a terceira é que os dirigentes mais conhecidos do Bloco de Esquerda- Francisco Louçã (o «eternamente jovem», como lhe chamou com felicidade Helena Matos), Fernando Rosas, Luís Fazenda, Miguel Portas e Teixeira Lopes - são todos mais velhos do que 9 membros da Comissão Política do PCP;- a quarta é que, quando Joana Amaral Dias se iniciou nas lides mediático-políticas, apesar de matéria crítica não me faltar, eu nunca corri a escrever sobre a sua aparente superficialidade e inconsistência intelectual;- a quinta é que, nessa altura, não vi Rui Bebiano a escrever nada sobre «sex appeal» ou sobre o tal «expediente» .


Pois é, está-lhes na massa do sangueA propósito do assunto «declarações de Rita Rato», Rui Bebiano , em vez de vir arrepelar-se pelas suas juvenis admirações pela revolução cultural chinesa, acaba de perpetrar mais um notável exercício de cegueira e maniqueismo em relação a terceiros. Afirma com efeito (os sublinhados são meus) que « A sobrevalorização da juventude, inaugurada com a emancipação dos baby boomers e a apoteose da cultura «sessentista», mas entretanto recuperada pelo capitalismo, sitia-nos dia e noite. É ela que tem levado os nossos principais partidos, quase todos eles – à excepção, talvez, do Bloco de Esquerda, que por ser um partido maioritariamente jovem não precisa para já de expedientes desta natureza – a atirar para a segunda fila visível dos comícios, das conferências de imprensa e das bancadas parlamentares com pessoas cuja qualificação fundamental, em alguns caos, é precisamente essa: ter menos de trinta anos, cinturinha estreita, um pouco de sex appeal e, claro, uma dose qb de fidelidade política. (...)Naturalmente, um partido ideologicamente arcaico e globalmente envelhecido como o PCP, precisa muito de recorrer a este género de expediente.»A este respeito, só desejo anotar cinco coisas :- a primeira é que se o BE é um partido «maioritariamente jovem» só se for no plano dos eleitores (e, mesmo aí, é uma autêntica improbabilidade sociológica) porque quanto a dirigentes e activistas estamos conversados (é só ver as imagens e assistências das suas acções de campanha); e, para bom proveito do blogger coimbrão, informo ainda que, segundo os dados oficiais, no último mandato autárquico os eleitos do BE nas AM com mais de 30 anos eram 83,8% (para 84,3% na CDU, o que constitui uma diferença irrisória sobretudo tendo em conta que o PCP tem 88 anos de vida); e, j´aagora, que no escalão 18-24 anos o BE tinha 1,9% de eleitos para 4,7% da CDU.- a segunda é que em quatro anos, sem contar com a JCP, devem-se ter inscrito no PCP mais cidadãos com menos de 30 anos do que o número total de militantes do Bloco;- a terceira é que os dirigentes mais conhecidos do Bloco de Esquerda- Francisco Louçã (o «eternamente jovem», como lhe chamou com felicidade Helena Matos), Fernando Rosas, Luís Fazenda, Miguel Portas e Teixeira Lopes - são todos mais velhos do que 9 membros da Comissão Política do PCP;- a quarta é que, quando Joana Amaral Dias se iniciou nas lides mediático-políticas, apesar de matéria crítica não me faltar, eu nunca corri a escrever sobre a sua aparente superficialidade e inconsistência intelectual;- a quinta é que, nessa altura, não vi Rui Bebiano a escrever nada sobre «sex appeal» ou sobre o tal «expediente» .

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