Boas Intenções: contos exemplares reloaded

20-01-2012
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(em atualização permanente) Também a ler sobre este assunto:este post do Vítor Lucas Lindegaard (link corrigido!) que recomenda com toda a justeza a Helena, este post da Luna também ele um conto exemplar e este post de um blogue que eu não conhecia e que me recomendou a São João.Uma primeira actualização: um texto de um senhor de quem eu até nem costumo gostar, mas que diz umas verdades interessantes sobre os outros tempos, quando tudo era bom e os violinos de Chopin tocavam ao fundo, isto quando Machado de Assis não estava ao telefone.E uma segunda: O Miguel Cardina no Arrastão, interessante sobretudo porque desmonta o capital simbólico do termo "estudante universitário" e pega na coisa por um ângulo de que ainda não me tinha lembrado, o da despolitização, aquele processo durante o qual deixamos de ser cidadãos e passamos a ser só pessoas: A sociedade mudou muito nos últimos anos e isso reflecte-se no modo como o conhecimento é assimilado, trabalhado e disponibilizado. No Portugal dos anos sessenta, a universidade era sobretudo um espaço destinado às elites e os alunos tinham por isso backgrounds culturais prévios e sedimentados. A Universidade conferia pois um determinado “capital simbólico” de que o aluno já estava potencialmente investido. Hoje, a massificação e mercantilização do ensino, as mudanças profundas na forma como se acede à informação e a perda de influência das humanidades transformou a paisagem. A isto devem acrescentar-se as mudanças no cânone cultural, um processo que, em termos globais, vem ocorrendo desde os anos sessenta. E, mais recentemente, o elemento descaracterizador da “despolitização”, emergente nos anos oitenta. Sim, porque é precisamente quando se afirma a ideia da sociedade é algo exterior, que “não nos assiste”, que a cultura enquanto saber enciclopédico – o tal “nada do que é humano me é estranho” – definha substancialmente.E uma terceira: Num país em que as pessoas partem tão facilmente para o insulto, a nota do João Ladeiras, um dos entrevistados do vídeo, no Facebook sobre o comportamento da Sábado foi partilhada 2.287 vezes. Na página da revista no Facebook a notícia foi partilhada 639 vezes.Ainda a laborar nos acrescentos: este grande post da Izzie: A primeira e melhor mais-valia do conhecimento é a partilha. Partilhamos ideias com o criador da obra, e partilhamos depois o que aprendemos com os demais. Construímo-nos, descobrimo-nos e aos outros nesta partilha. Temos nela alegria. Conhecimento e cultura implicam generosidade, alegria na descoberta do outro, do mundo lá fora. Servirmo-nos do nosso conhecimento para ridicularizar quem não o tem é cuspir nesse mundo. E este meu post antigo que estava mal linkado no post original sobre o assunto e que vinha numa série intitulada "os conformados".


(em atualização permanente) Também a ler sobre este assunto:este post do Vítor Lucas Lindegaard (link corrigido!) que recomenda com toda a justeza a Helena, este post da Luna também ele um conto exemplar e este post de um blogue que eu não conhecia e que me recomendou a São João.Uma primeira actualização: um texto de um senhor de quem eu até nem costumo gostar, mas que diz umas verdades interessantes sobre os outros tempos, quando tudo era bom e os violinos de Chopin tocavam ao fundo, isto quando Machado de Assis não estava ao telefone.E uma segunda: O Miguel Cardina no Arrastão, interessante sobretudo porque desmonta o capital simbólico do termo "estudante universitário" e pega na coisa por um ângulo de que ainda não me tinha lembrado, o da despolitização, aquele processo durante o qual deixamos de ser cidadãos e passamos a ser só pessoas: A sociedade mudou muito nos últimos anos e isso reflecte-se no modo como o conhecimento é assimilado, trabalhado e disponibilizado. No Portugal dos anos sessenta, a universidade era sobretudo um espaço destinado às elites e os alunos tinham por isso backgrounds culturais prévios e sedimentados. A Universidade conferia pois um determinado “capital simbólico” de que o aluno já estava potencialmente investido. Hoje, a massificação e mercantilização do ensino, as mudanças profundas na forma como se acede à informação e a perda de influência das humanidades transformou a paisagem. A isto devem acrescentar-se as mudanças no cânone cultural, um processo que, em termos globais, vem ocorrendo desde os anos sessenta. E, mais recentemente, o elemento descaracterizador da “despolitização”, emergente nos anos oitenta. Sim, porque é precisamente quando se afirma a ideia da sociedade é algo exterior, que “não nos assiste”, que a cultura enquanto saber enciclopédico – o tal “nada do que é humano me é estranho” – definha substancialmente.E uma terceira: Num país em que as pessoas partem tão facilmente para o insulto, a nota do João Ladeiras, um dos entrevistados do vídeo, no Facebook sobre o comportamento da Sábado foi partilhada 2.287 vezes. Na página da revista no Facebook a notícia foi partilhada 639 vezes.Ainda a laborar nos acrescentos: este grande post da Izzie: A primeira e melhor mais-valia do conhecimento é a partilha. Partilhamos ideias com o criador da obra, e partilhamos depois o que aprendemos com os demais. Construímo-nos, descobrimo-nos e aos outros nesta partilha. Temos nela alegria. Conhecimento e cultura implicam generosidade, alegria na descoberta do outro, do mundo lá fora. Servirmo-nos do nosso conhecimento para ridicularizar quem não o tem é cuspir nesse mundo. E este meu post antigo que estava mal linkado no post original sobre o assunto e que vinha numa série intitulada "os conformados".

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