Boas Intenções: 5 Medos

24-01-2012
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Tenho pensado muito nisto. Ok, não tenho pensado muito nisto, mas de vez em quando lá me lembro de que ainda me falta responder a este questionário. Aqui vai o que se pode arranjar: 1- Tenho medo de torcer o pé. Isto tem o seu queê de ridículo, porque é um pouco como ter medo do Ano Novo ou da Quarta Feira, coisas que vão acontecer de certeza. No entanto é totalmente verdade: se quiserem ver-me a ter reacções esquisitas é começar a conversar sobre torcer pés ou a andar com os pés tortos, uma manobra em que o meu irmão é absolutamente especialista. Às vezes estou na cama e de repente a imagem impõe-se e estraga-me os próximos três ou quatro minutos (não queriam que me estragasse a noite toda, pois não?) e no auge da minha carreira enquanto torcedora do pé direito não podia ver uma daquelas cenas românticos em que os amantes correm um para o outro sem pensar que podiam cair com um pé torcido a qualquer momento.2- Tenho medo de barragens. Há imenso tempo que não me lembrava disto (vêm como andei a pensar neste inquérito?), mas durante anos costumava imaginar, naquelas mesmas horas da noite em que sou invadida por imagens de pés torcidos, os meus irmãos Vitória e Júlio (a Rosa ainda não tinha nascido) a cairem na Barragem do Lindoso, se saltava atrás se não saltava, quais as minhas hipóteses de os salvar.Quando somos crianças, costumamos pensar se morreríamos pelos nossos pais, como as crianças bonitas dos filmes e das histórias, mas a resposta que o meu coração dava a esta pergunta nunca me deixou totalmente satisfeita. Acho que este tipo de amor o aprendi com a chegada dos meus irmãos pequeninos. Às tantas, a história das barragens era só um tamanho de amor novo a instalar-se.3- Tenho na verdade medo de aranhas e centopeias. É um medo muito pro-activo, se conseguir matá-las com o chinelo não há qualquer problema, mas se desaparecem para sítios inacessíveis ou mesmo desconhecidos mesmo antes de eu dormir é provável que mude de quarto ou vá chatear o juízo ao meu irmão (há também a versão combinada).Há também uma diferença entre as aranhas, que só mato se no meu quarto, e as centopeias, que me parecem demasiado feias para as deixar vivas.A origem deste problema há-de estar naquela história de as centopeias nos entrarem nos ouvidos durante a noite e ficarem lá porque não têm marcha atrás, deixando-nos surdos. Quando finalmente me convenci de que nenhuma centopeia teria uma ideia tão imbecil como entrar-me pelo ouvido, contou-me o meu amigo Nicolai que todos comemos pelo menos umas cinco aranhas por ano, que nos entram para a boca húmida e quente durante o sono e são engolidas por impulso. Exacto.4- É agora que a coisa fica complicada. Tenho medo de que as pessoas de que gosto fiquem doentes, medo de que morram, tenho medo de não conseguir um lugar de doutoramento, uma bolsa, tenho medo de não ter dinheiro daqui a uns mesos,tenho algum medo de falhar e de não ser boa o suficiente para tudo aquilo que me proponho. Da guerra. Mas assim medos específicos, acho que eram só aqueles três. E também não tenho medo algum do ridículo, gosto do desconhecido e não tenho, sem querer ser convencida, medo de vir a ser infeliz. Eu avisei: sou uma mulher do Minho...5- Será que conta o medo de que a carne que comprei na terça feira já se tenha estragado? Estou realmente preocupada com isso (juro!).PS: Obrigada, Chris e Pipoca. E perdoem o atraso...


Tenho pensado muito nisto. Ok, não tenho pensado muito nisto, mas de vez em quando lá me lembro de que ainda me falta responder a este questionário. Aqui vai o que se pode arranjar: 1- Tenho medo de torcer o pé. Isto tem o seu queê de ridículo, porque é um pouco como ter medo do Ano Novo ou da Quarta Feira, coisas que vão acontecer de certeza. No entanto é totalmente verdade: se quiserem ver-me a ter reacções esquisitas é começar a conversar sobre torcer pés ou a andar com os pés tortos, uma manobra em que o meu irmão é absolutamente especialista. Às vezes estou na cama e de repente a imagem impõe-se e estraga-me os próximos três ou quatro minutos (não queriam que me estragasse a noite toda, pois não?) e no auge da minha carreira enquanto torcedora do pé direito não podia ver uma daquelas cenas românticos em que os amantes correm um para o outro sem pensar que podiam cair com um pé torcido a qualquer momento.2- Tenho medo de barragens. Há imenso tempo que não me lembrava disto (vêm como andei a pensar neste inquérito?), mas durante anos costumava imaginar, naquelas mesmas horas da noite em que sou invadida por imagens de pés torcidos, os meus irmãos Vitória e Júlio (a Rosa ainda não tinha nascido) a cairem na Barragem do Lindoso, se saltava atrás se não saltava, quais as minhas hipóteses de os salvar.Quando somos crianças, costumamos pensar se morreríamos pelos nossos pais, como as crianças bonitas dos filmes e das histórias, mas a resposta que o meu coração dava a esta pergunta nunca me deixou totalmente satisfeita. Acho que este tipo de amor o aprendi com a chegada dos meus irmãos pequeninos. Às tantas, a história das barragens era só um tamanho de amor novo a instalar-se.3- Tenho na verdade medo de aranhas e centopeias. É um medo muito pro-activo, se conseguir matá-las com o chinelo não há qualquer problema, mas se desaparecem para sítios inacessíveis ou mesmo desconhecidos mesmo antes de eu dormir é provável que mude de quarto ou vá chatear o juízo ao meu irmão (há também a versão combinada).Há também uma diferença entre as aranhas, que só mato se no meu quarto, e as centopeias, que me parecem demasiado feias para as deixar vivas.A origem deste problema há-de estar naquela história de as centopeias nos entrarem nos ouvidos durante a noite e ficarem lá porque não têm marcha atrás, deixando-nos surdos. Quando finalmente me convenci de que nenhuma centopeia teria uma ideia tão imbecil como entrar-me pelo ouvido, contou-me o meu amigo Nicolai que todos comemos pelo menos umas cinco aranhas por ano, que nos entram para a boca húmida e quente durante o sono e são engolidas por impulso. Exacto.4- É agora que a coisa fica complicada. Tenho medo de que as pessoas de que gosto fiquem doentes, medo de que morram, tenho medo de não conseguir um lugar de doutoramento, uma bolsa, tenho medo de não ter dinheiro daqui a uns mesos,tenho algum medo de falhar e de não ser boa o suficiente para tudo aquilo que me proponho. Da guerra. Mas assim medos específicos, acho que eram só aqueles três. E também não tenho medo algum do ridículo, gosto do desconhecido e não tenho, sem querer ser convencida, medo de vir a ser infeliz. Eu avisei: sou uma mulher do Minho...5- Será que conta o medo de que a carne que comprei na terça feira já se tenha estragado? Estou realmente preocupada com isso (juro!).PS: Obrigada, Chris e Pipoca. E perdoem o atraso...

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