Boas Intenções: seis coisas de que gosto muito

24-01-2012
marcar artigo


(um post relaccionado com a minha visita a Weimar este fim de semana que ainda nao é o post da minha visita a Weimar este fim de semana)1. De árvores. Ontem, enquanto descarregava as fotografias de Weimar, cheguei à conclusao de que muito mais de metade eram fotografias de árvores, de vez em quando com um edifício por trás para disfarçar.2. De Arte Medieval. Gosto muito de Arte Antiga, e especialmente de arte sacra medieval*. Ontem descobri Jakob e Peter Naumann, dois mestres da Turíngia e fiquei deliciada, devo ter andado meia hora de volta destas duas estátuas.Estive recentemente bastante mal e notei que poucas coisas me diziam tanto como a Arte. Nao era de estranhar, a Arte respondia directamente à minha necessidade de beleza, à minha dificuldade comunicativa e à minha sede de ideias novas, tudo de uma só penada, mas foi uma descoberta que me tocou muito (por falar nisto: e não é que não vos contei nada sobre as exposições que vi em Nova Iorque e em Praga?).3. Da palavra Glut. E quem diz da palavra Glut diz do romantismo alemao inteiro. E da língua, oh esta língua. Acho que me vou apaixonar em alemao outra vez só para pensar estas coisas. E enquanto nao me apaixono vou lendo o livro de poemas que comprei ontem e sorrindo debaixo do sol.4. De mulheres. Conheço imensas mulheres fabulosas e nunca deixo de me espantar com a força, a inteligência, a variedade, o sentido de humor, a personalidade. Este fim de semana conheci quatro, todas tão diferentes, todas tão interessantes, todas fabulosas. Será azar, mas juro que no geral conheço no máximo um homem interessante por cada cinco mulheres fantásticas - espero que isto nao corresponda à realidade. Se corresponder avisem-me, que eu vou ali já demitir-me para poder ir procurar de forma intensiva (i.e., desesperada) um rapaz a quem escrever coisas com Glut.5. De cores, especialmente na decoraçao. Quem olha para as casas do Goethe e do Schiller ou para este palácio e depois compara com a oligarquia branco-bege que preside à generalidade das revistas de decoraçao portuguesas e alemas nao pode deixar ter saudades das modas do antigamente. E por falar em modas do antigamente: as revistas nao andam já a publicar esta combinaçao corajosa de branco com bege, mais uma parede verde alface algures, há imenso tempo? Nao podiam mudar com as estaçoes? Ou todos os cinco anos?6. Da Alemanha. Cada vez que vou a um sítio novo, especialmente se for um sítio do qual nunca tinha ouvido falar antes, fico pasma com a riqueza da cultura, a extensão das possibilidades, a profundidade das contradições, os pequenos detalhes, cores, sabores, texturas. Isto ainda sem ter falado da Natureza omnipresente e nas pessoas.*A minha grande paixao adolescente era a Arte Moderna, mas parece-me que ela perdeu muito poder desde que se tornou parte de um friso cronológico, motivo de postal, paixao cativa dos fotografos de museu ("Aqui sou eu à frente de um Van Gogh"). Nao estou (só) a ser snob, tudo perde força expressiva quando é arrumado numa gaveta, claro (ah, a sério, nao me digas). De forma a que me sobram a contemporânea (a que nao vem num postal, aquela do "ai, isto também fazia eu", a que ainda nao passou por nenhum crivo qualitativo e ainda oferece muito disparate ao lado de brilhantismo absoluto) e a muito antiga, que acho que é a minha preferida.****Asteriscos nos asteriscos - isto é que é divagar! Aqui vai: dica para chocar uma sociedade culta e educada: garantir em tom coloquial, en passant, que nao se liga muito ao impressionismo. Ai vocês também sao uma sociedade civilizada e educada, bolas! Eu explico: vejo o impressionismo um pouco como o Emmanuel Nunes - um caminho mais do que um lugar. E como tal aprecio o seu significado, mas diz-me mais como percurso do que como direcçao.


(um post relaccionado com a minha visita a Weimar este fim de semana que ainda nao é o post da minha visita a Weimar este fim de semana)1. De árvores. Ontem, enquanto descarregava as fotografias de Weimar, cheguei à conclusao de que muito mais de metade eram fotografias de árvores, de vez em quando com um edifício por trás para disfarçar.2. De Arte Medieval. Gosto muito de Arte Antiga, e especialmente de arte sacra medieval*. Ontem descobri Jakob e Peter Naumann, dois mestres da Turíngia e fiquei deliciada, devo ter andado meia hora de volta destas duas estátuas.Estive recentemente bastante mal e notei que poucas coisas me diziam tanto como a Arte. Nao era de estranhar, a Arte respondia directamente à minha necessidade de beleza, à minha dificuldade comunicativa e à minha sede de ideias novas, tudo de uma só penada, mas foi uma descoberta que me tocou muito (por falar nisto: e não é que não vos contei nada sobre as exposições que vi em Nova Iorque e em Praga?).3. Da palavra Glut. E quem diz da palavra Glut diz do romantismo alemao inteiro. E da língua, oh esta língua. Acho que me vou apaixonar em alemao outra vez só para pensar estas coisas. E enquanto nao me apaixono vou lendo o livro de poemas que comprei ontem e sorrindo debaixo do sol.4. De mulheres. Conheço imensas mulheres fabulosas e nunca deixo de me espantar com a força, a inteligência, a variedade, o sentido de humor, a personalidade. Este fim de semana conheci quatro, todas tão diferentes, todas tão interessantes, todas fabulosas. Será azar, mas juro que no geral conheço no máximo um homem interessante por cada cinco mulheres fantásticas - espero que isto nao corresponda à realidade. Se corresponder avisem-me, que eu vou ali já demitir-me para poder ir procurar de forma intensiva (i.e., desesperada) um rapaz a quem escrever coisas com Glut.5. De cores, especialmente na decoraçao. Quem olha para as casas do Goethe e do Schiller ou para este palácio e depois compara com a oligarquia branco-bege que preside à generalidade das revistas de decoraçao portuguesas e alemas nao pode deixar ter saudades das modas do antigamente. E por falar em modas do antigamente: as revistas nao andam já a publicar esta combinaçao corajosa de branco com bege, mais uma parede verde alface algures, há imenso tempo? Nao podiam mudar com as estaçoes? Ou todos os cinco anos?6. Da Alemanha. Cada vez que vou a um sítio novo, especialmente se for um sítio do qual nunca tinha ouvido falar antes, fico pasma com a riqueza da cultura, a extensão das possibilidades, a profundidade das contradições, os pequenos detalhes, cores, sabores, texturas. Isto ainda sem ter falado da Natureza omnipresente e nas pessoas.*A minha grande paixao adolescente era a Arte Moderna, mas parece-me que ela perdeu muito poder desde que se tornou parte de um friso cronológico, motivo de postal, paixao cativa dos fotografos de museu ("Aqui sou eu à frente de um Van Gogh"). Nao estou (só) a ser snob, tudo perde força expressiva quando é arrumado numa gaveta, claro (ah, a sério, nao me digas). De forma a que me sobram a contemporânea (a que nao vem num postal, aquela do "ai, isto também fazia eu", a que ainda nao passou por nenhum crivo qualitativo e ainda oferece muito disparate ao lado de brilhantismo absoluto) e a muito antiga, que acho que é a minha preferida.****Asteriscos nos asteriscos - isto é que é divagar! Aqui vai: dica para chocar uma sociedade culta e educada: garantir em tom coloquial, en passant, que nao se liga muito ao impressionismo. Ai vocês também sao uma sociedade civilizada e educada, bolas! Eu explico: vejo o impressionismo um pouco como o Emmanuel Nunes - um caminho mais do que um lugar. E como tal aprecio o seu significado, mas diz-me mais como percurso do que como direcçao.

marcar artigo