Boas Intenções: pen pals, take II

25-01-2012
marcar artigo


Olá Helena,Não escreves há tanto tempo que fiquei a pensar que se calhar achas que é a minha vez. E eu sem nada de jeito para contar...mas aqui segue, muito espremidinho para ver se dá algum sumo.Olho para a cidade com um olhar muito engraçado. Sinto-a muito minha, muito mais de que Lisboa e, de vez em quando, quando vejo aquele site das casas em Lisboa e há fotografias de ruas inteiras sem uma arvénzinha que se veja, o coração faz-se-me pequenino. Como vou viver sem um castanheiro à frente da janela e sem uma dose diária de parque, de relva, de árvores? Não me vai faltar o ar?Depois penso que estarei a exagerar e que de certeza que há em Lisboa parques com árvores antigas e frondosas a filtrar a luz em que uma rapariga possa ir (já) formosa e segura correr às sete da manha (os dos museus são fantásticos, mas só para estudantes, crianças e reformados) e que é só questão de encontrá-los. E descubro casas lindas com terraços e vistas de rio e passa-me. Entre o Tejo e um castanheiro, a coisa é capaz de ficar ela por ela.Também descobri um extraordinário desprendimento face a todas as coisas que fazem a minha casa e que reuni com tanto carinho e dedicação. Claro que o quadro do Marx, a máquina de costura e os candeeiros antigos vão junto com os livros (só os de que gosto!), a roupa e uma ou duas preciosidades da cozinha, mas até agora acho que quase me chegava um carrinho pequenino. Gostava de levar o sofá porque custa uma fortuna em Lisboa, mas se nao levar olha, deixa para lá. E o que se poupa nas compras? Estes sapatos sao lindos mas...300 gramas e um terço de renda? Nada disso. Uma maravilha.De resto estou de dieta, mas é melhor não escrever sobre isso que os leitores assustam-se e ficam preocupados. É tão estranho: ao fim de seis anos de blogue, ainda não terão descoberto que sou burrinha, mas não sou tolinha de todo? Por outro lado, conhecendo tantas mulheres inteligentes a quem esta questão anula o cérebro por períodos irreais, até os compreendo. Leitores do blogue, caso estejam a ler a minha correspondência: eu não sou tolinha de todo, tenho é uma tendência para a hipérbole e para fazer piadas sobre assuntos sérios, como estar a brócolos e água com pastilhas elásticas e cigarrilhas. A 'coisa' nao é uma dieta de Verão maluca, até porque aqui o Verão já acabou há imenso tempo, tendo sido substituído pela estação das chuvas. Ok?Coisas mais interessantes: este domingo vou ver o meu primeiro Wagner. Ópera no Verão na época das monções, at last, gosto tanto da minha Komische Oper. Comprei uns bilhetes fraquinhos, na convicção de que ao fim das duas primeiras horas já terei chegado à primeira fila. Outra coisa: eu gosto de Brezel, mas seis horas a Brezels é muito - achas que posso levar um farnel? E com isto pensei: não há quase mais ninguém com quem pudesse ter esta conversa - gosto mesmo de ti.Entretanto hoje vou ver o Harry Potter, ignorando a festa do 14 Juillet na Pariser Platz e o meu conviva mais apreciado, e amanha vamos escolher os livros do Book Club para o ano que vem num restaurante japonês (onde, é para verem, queridos leitores, não servem pastilhas elásticas nem cigarrilhas). Os filmes americanos sempre me deixaram com vontade de me juntar a uma coisa do género - e não é que a realidade não fica nada aquém da ficção, muito pelo contrário? Ainda por cima li tanta ficção internacional sobrevalorizada nos últimos tempos que tenho a certeza de que vou ser de imensa utilidade a este comité de seleção. Tenho de fazer também aqui no blog uma lista de livros que comprei e li recentemente e que não valem a pena, que é como quem diz, quase todos. Agora voltei à Madame Bovary, respirando de alívio. Por falar nisso, já conheces este site?E pronto, com isto acho que já te contei tudo o que havia para contar, pelo que já não tens desculpa - cá fico a aguardar notícias!Beijinhos,Rita Maria


Olá Helena,Não escreves há tanto tempo que fiquei a pensar que se calhar achas que é a minha vez. E eu sem nada de jeito para contar...mas aqui segue, muito espremidinho para ver se dá algum sumo.Olho para a cidade com um olhar muito engraçado. Sinto-a muito minha, muito mais de que Lisboa e, de vez em quando, quando vejo aquele site das casas em Lisboa e há fotografias de ruas inteiras sem uma arvénzinha que se veja, o coração faz-se-me pequenino. Como vou viver sem um castanheiro à frente da janela e sem uma dose diária de parque, de relva, de árvores? Não me vai faltar o ar?Depois penso que estarei a exagerar e que de certeza que há em Lisboa parques com árvores antigas e frondosas a filtrar a luz em que uma rapariga possa ir (já) formosa e segura correr às sete da manha (os dos museus são fantásticos, mas só para estudantes, crianças e reformados) e que é só questão de encontrá-los. E descubro casas lindas com terraços e vistas de rio e passa-me. Entre o Tejo e um castanheiro, a coisa é capaz de ficar ela por ela.Também descobri um extraordinário desprendimento face a todas as coisas que fazem a minha casa e que reuni com tanto carinho e dedicação. Claro que o quadro do Marx, a máquina de costura e os candeeiros antigos vão junto com os livros (só os de que gosto!), a roupa e uma ou duas preciosidades da cozinha, mas até agora acho que quase me chegava um carrinho pequenino. Gostava de levar o sofá porque custa uma fortuna em Lisboa, mas se nao levar olha, deixa para lá. E o que se poupa nas compras? Estes sapatos sao lindos mas...300 gramas e um terço de renda? Nada disso. Uma maravilha.De resto estou de dieta, mas é melhor não escrever sobre isso que os leitores assustam-se e ficam preocupados. É tão estranho: ao fim de seis anos de blogue, ainda não terão descoberto que sou burrinha, mas não sou tolinha de todo? Por outro lado, conhecendo tantas mulheres inteligentes a quem esta questão anula o cérebro por períodos irreais, até os compreendo. Leitores do blogue, caso estejam a ler a minha correspondência: eu não sou tolinha de todo, tenho é uma tendência para a hipérbole e para fazer piadas sobre assuntos sérios, como estar a brócolos e água com pastilhas elásticas e cigarrilhas. A 'coisa' nao é uma dieta de Verão maluca, até porque aqui o Verão já acabou há imenso tempo, tendo sido substituído pela estação das chuvas. Ok?Coisas mais interessantes: este domingo vou ver o meu primeiro Wagner. Ópera no Verão na época das monções, at last, gosto tanto da minha Komische Oper. Comprei uns bilhetes fraquinhos, na convicção de que ao fim das duas primeiras horas já terei chegado à primeira fila. Outra coisa: eu gosto de Brezel, mas seis horas a Brezels é muito - achas que posso levar um farnel? E com isto pensei: não há quase mais ninguém com quem pudesse ter esta conversa - gosto mesmo de ti.Entretanto hoje vou ver o Harry Potter, ignorando a festa do 14 Juillet na Pariser Platz e o meu conviva mais apreciado, e amanha vamos escolher os livros do Book Club para o ano que vem num restaurante japonês (onde, é para verem, queridos leitores, não servem pastilhas elásticas nem cigarrilhas). Os filmes americanos sempre me deixaram com vontade de me juntar a uma coisa do género - e não é que a realidade não fica nada aquém da ficção, muito pelo contrário? Ainda por cima li tanta ficção internacional sobrevalorizada nos últimos tempos que tenho a certeza de que vou ser de imensa utilidade a este comité de seleção. Tenho de fazer também aqui no blog uma lista de livros que comprei e li recentemente e que não valem a pena, que é como quem diz, quase todos. Agora voltei à Madame Bovary, respirando de alívio. Por falar nisso, já conheces este site?E pronto, com isto acho que já te contei tudo o que havia para contar, pelo que já não tens desculpa - cá fico a aguardar notícias!Beijinhos,Rita Maria

marcar artigo