Na semana passada anunciei para hoje um post sobre tudo e mais alguma coisa que tenha a ver com pedagogia. Mas o tema é tão vasto e complicado que o melhor é reduzir já as (exclusivamente minhas) expectativas. Entretanto, pus-me ao ler um pouco mais de informação e opiniões sobre a questão da TLEBS (o Ciberdúvidas da LÃngua Portuguesa tem bons links para perceber melhor a questão, com os documentos legais que criaram esta experiência pedagógica e com os artigos de opinião que têm saÃdo nos jornais). E decidi partilhar convosco, depois da dobra, alguns links e impressões sobre o assunto.
No momento em que escrevo, parece-me, há um sério problema pedagógico em curso, prioritário até em relação à avaliação que se faça da nova terminologia. É o de saber se se pode levar ao fim a própria experiência pedagógica em que ela aparece (que deve, por lei, decorrer até ao ano lectivo de 2007-2008). O fogo sobre a TLEBS tem sido tão cerrado que se criou hoje uma situação difÃcil de sustentar pedagogicamente, a não ser que o Ministério da Educação clarifique imediatamente a sua posição sobre o assunto, como deveria fazer e não tem feito. Tem dado sinais contraditórios que não satisfazem nenhuma das posições em confronto e afectam, evidentemente, a credibilidade da experiência pedagógica no próprio momento em que ela está a ser feita.Â
Por outro lado, parece a um leigo como eu — apesar de tudo, professor de lÃngua portuguesa para estrangeiros e não mais leigo do que outros que têm participado no debate — que existem esclarecimentos importantes dados por alguns dos autores da TLEBS (por exemplo neste, neste e neste artigos). E que sublinham, com razão, a confusão mediática entretanto criada em relação ao estatuto da experiência pedagógica, destinada a actualizar e normalizar parte da (muitas vezes incoerente) terminologia linguÃstica actual. É claro que os propositores dos novos termos linguÃsticos e o Ministério não foram claros a passar a sua mensagem e por isso têm responsabilidades na criação dessa confusão. Mas os crÃticos da TLEBS, ao satirizarem a sigla (tornando-a pejorativa, sinónimo de mau português vindo dos próprios professores de português) e ao transformarem um instrumento pedagógico destinado a orientar os professores e os documentos do Ministério (é o que diz a portaria do governo do PSD/PP que instituiu a TLEBS) numa nova ortodoxia gramatical pronta a ser decorada pelas criancinhas portuguesas, pobres coitadas abandonadas, lá deram o seu contributo para mistificar e muito a questão.Â
(Acho graça que quem se opõe à nova terminologia exija o “fim das experiências pedagógicas não autorizadas em crianças“ e “um ensino de qualidade, cientÃfica e pedagogicamente válido e validado“ (itálico meu). “Não autorizadas“ por quem? “Válido e validado“ por quem? Pelos pais? E por que mais outras figuras tutelares? Os professores têm a obrigação de fazer experiências pedagógicas com as nossas criancinhas, é para isso que lhes pagam. Não sabiam?)
A elaboração da nova terminologia foi iniciada em 1997 e teve, ao que parece, ampla participação de professores de português pelo paÃs inteiro. Estes professores deveriam merecer um bocadinho de mais confiança da nossa parte, tanto mais que têm manifestado abertura para reavaliar a experiência, ao fim dos três anos que ela deve durar, em função das crÃticas que têm sido feitas. Seria bastante estúpido deitar abaixo todo o trabalho de anos por causa de uma má sigla e de uma colecção de citações reduzidas a uma caricatura.
Na semana passada anunciei para hoje um post sobre tudo e mais alguma coisa que tenha a ver com pedagogia. Mas o tema é tão vasto e complicado que o melhor é reduzir já as (exclusivamente minhas) expectativas. Entretanto, pus-me ao ler um pouco mais de informação e opiniões sobre a questão da TLEBS (o Ciberdúvidas da LÃngua Portuguesa tem bons links para perceber melhor a questão, com os documentos legais que criaram esta experiência pedagógica e com os artigos de opinião que têm saÃdo nos jornais). E decidi partilhar convosco, depois da dobra, alguns links e impressões sobre o assunto.
No momento em que escrevo, parece-me, há um sério problema pedagógico em curso, prioritário até em relação à avaliação que se faça da nova terminologia. É o de saber se se pode levar ao fim a própria experiência pedagógica em que ela aparece (que deve, por lei, decorrer até ao ano lectivo de 2007-2008). O fogo sobre a TLEBS tem sido tão cerrado que se criou hoje uma situação difÃcil de sustentar pedagogicamente, a não ser que o Ministério da Educação clarifique imediatamente a sua posição sobre o assunto, como deveria fazer e não tem feito. Tem dado sinais contraditórios que não satisfazem nenhuma das posições em confronto e afectam, evidentemente, a credibilidade da experiência pedagógica no próprio momento em que ela está a ser feita.Â
Por outro lado, parece a um leigo como eu — apesar de tudo, professor de lÃngua portuguesa para estrangeiros e não mais leigo do que outros que têm participado no debate — que existem esclarecimentos importantes dados por alguns dos autores da TLEBS (por exemplo neste, neste e neste artigos). E que sublinham, com razão, a confusão mediática entretanto criada em relação ao estatuto da experiência pedagógica, destinada a actualizar e normalizar parte da (muitas vezes incoerente) terminologia linguÃstica actual. É claro que os propositores dos novos termos linguÃsticos e o Ministério não foram claros a passar a sua mensagem e por isso têm responsabilidades na criação dessa confusão. Mas os crÃticos da TLEBS, ao satirizarem a sigla (tornando-a pejorativa, sinónimo de mau português vindo dos próprios professores de português) e ao transformarem um instrumento pedagógico destinado a orientar os professores e os documentos do Ministério (é o que diz a portaria do governo do PSD/PP que instituiu a TLEBS) numa nova ortodoxia gramatical pronta a ser decorada pelas criancinhas portuguesas, pobres coitadas abandonadas, lá deram o seu contributo para mistificar e muito a questão.Â
(Acho graça que quem se opõe à nova terminologia exija o “fim das experiências pedagógicas não autorizadas em crianças“ e “um ensino de qualidade, cientÃfica e pedagogicamente válido e validado“ (itálico meu). “Não autorizadas“ por quem? “Válido e validado“ por quem? Pelos pais? E por que mais outras figuras tutelares? Os professores têm a obrigação de fazer experiências pedagógicas com as nossas criancinhas, é para isso que lhes pagam. Não sabiam?)
A elaboração da nova terminologia foi iniciada em 1997 e teve, ao que parece, ampla participação de professores de português pelo paÃs inteiro. Estes professores deveriam merecer um bocadinho de mais confiança da nossa parte, tanto mais que têm manifestado abertura para reavaliar a experiência, ao fim dos três anos que ela deve durar, em função das crÃticas que têm sido feitas. Seria bastante estúpido deitar abaixo todo o trabalho de anos por causa de uma má sigla e de uma colecção de citações reduzidas a uma caricatura.