Marques Mendes critica descentralização “show-off”, “Muro de Berlim” na saúde e imoralidade do Fisco

26-11-2019
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No seu habitual espaço de comentário do Jornal da Noite, da SIC, Luís Marques Mendes destacou os temas que marcaram a semana e apontou as temáticas que podem marcar os próximos dias. Da manifestação das forças de segurança na quinta-feira às diferentes estratégias dos candidatos ao PSD, o comentador político abordou ainda a descentralização “show-off” das secretarias de Estado, a cobrança do Fisco a 10 mil pequenos contribuintes, os problemas no Serviço Nacional de Saúde e as dificuldades da TAP. No tempo dedicado ao melhor e pior da semana, Marques Mendes destacou a “muito deslumbrada” Joacine Katar Moreira e a “vitória magnifica” de Jorge Jesus.

1. A MANIFESTAÇÃO TRANQUILA DAS AUTORIDADES Na sua análise à manifestação que juntou GNR e PSP, na passada quinta-feira, Marques Mendes mostra os lados positivos e negativos dos protestos. “Uma boa notícia porque foi uma manifestação tranquila e uma má notícia por causa do aproveitamento politico do Chega! e do deputado André Ventura, que nunca fez nada de especial pela polícia”. Para o comentador, isso é também “mau para Polícia e GNR, que ficam conotadas com uma força política” e “reduz credibilidade e autoridade”.

Para Marques Mendes, há também aqui um “aviso para o Governo”, porque “os polícias quanto ao conteúdo têm toda a razão”, uma vez que estão numa situação económica fragilizada. “Quanto mais tarde pior”, avisa o comentador, porque “o ministro tem boas intenções mas é preciso abrir cordões à bolsa.” No campo dos sinais políticos, o facto de o CDS decidir participar é visto com preocupação — “fica ao nível do Chega! e revela desnorte” e a manifestação aponta ainda para o rumo da legislatura. Será “mais exigente” para o Governo, com maior número de manifestações e greves.

2. A DESCENTRALIZAÇÃO QUE É “SHOW-OFF” Recordando que já tinha sido o próprio a avançar com a informação, Marques Mendes critica a decisão do Governo — que mandou três secretarias de Estado para o interior. “Ironia das ironias, o Primeiro Ministro que fez algo assim foi Santana Lopes, e foi criticado pelo PS. Eu mantenho a mesma posição: critiquei na altura e critico agora. É ridículo, é demagógico.” “Vai uma para Bragança, uma para a Guarda e outra para Castelo Branco” e o critério “é a residência dos secretários de Estado”, que ficam com “o local de trabalho ao pé de casa”. A decisão “é demagógico porque não desenvolve nada o interior. É show-off, é folclore. Com todo o respeito pelo folclore.” Para o comentador político, é também “lançar poeira para os olhos” porque não muda nada em relação aos centros de decisão. “Os ministros ficam em Lisboa, as reuniões serão em Lisboa” porque “os serviços que são tutelados estão em Lisboa”. A escolha governamental vai ainda aumentar os custos sem quaisquer vantagens. “É do pior que pode haver na política.”

3. UM ESTADO FORTE COM OS FRACOS O caso dos 10 mil contribuintes notificados para o “pagamento de valores não cobrados pelas finanças” há quatro anos também esteve em análise, com Marques Mendes a destacar a “imoralidade” da decisão. “Isto não foi nenhum erro dos contribuintes do Fisco. É imoral mesmo que legal. A lei diz que o fisco pode corrigir erros a quatro anos, mas é um abuso, uma violência.”

“Estamos a falar de pequenos contribuintes, com dinheiro contado, sem folga. É preciso ter mais respeito pelas pessoas. São dois pesos e duas medidas em matéria fiscal: se fosse o contribuinte a reclamar, o fisco não pagava, virava as costas.” O silêncio dos vários partidos também é considerado estranho — “o que faz impressão é que perante pequenos contribuintes nenhum partido fala”, expressa. “São 10 mil pequenos contribuintes a quem o dinheiro faz falta.”

4. O MURO DE BERLIM ENTRE O SNS E O PRIVADO Farto de ouvir “há muito tempo que [o SNS] é uma prioridade”, Marques Mendes vê “vários problemas” no Serviço Nacional de Saúde, alguns deles de fundo. “Falta um rumo, um rumo estratégico” por exemplo, porque felizmente ainda não há falta de “qualidade dos médicos, ou dos serviços prestados”. Nesse ponto, “faltam condições de acesso” aos tratamento — mas “o SNS pode vir a ter perda de qualidade”. “Com o andar que a carruagem leva, haverá um SNS para ricos e outro SNS para pobres, onde vai baixando a qualidade.” Para o comentador, a medida anunciada “de amarrar os médicos” é “na prática um descalabro”. “Os melhores, se não têm boas condições no SNS vão para o privado” e aí chegará o “problema de qualidade”. Sobre a componente ideológica das escolhas governamentais, Marques Mendes recorda que “a parte da saúde sempre teve um componente ideológica, mas já é demais”. “Esta ministra em particular tem se assumido como ministra do SNS”, criando “um Muro de Berlim entre setor público e privado.” E isso é visto como outro erro, porque deve haver uma lógica de complementaridade — que podia ter sido usada no caso do Hospital Garcia da Orta, considera o comentador.

5. TAP, UMA BOMBA NO BOLSO DOS CONTRIBUINTES A situação na companhia aérea portuguesa está a preocupar Marques Mendes, que vê com apreensão as três emissões de dívida recentes feitas pela TAP — a última “para grandes investidores institucionais”. Estão em causa juros altos para o sector, como notou também a agência “Bloomberg, especialista nestas matérias. O analista político destacou também o artigo “Há futuro para a TAP?”, de Luís Marques, publicado este sábado no Expresso.

Os “conflitos permanentes entre acionistas” (Estado, David Neelman e Humberto Pedrosa, da Barraqueiro), que estão “todos em rota de colisão” são outro fator de instabilidade. “Ou seja, se nada for feito pode ser uma bomba no bolso dos contribuintes.” Marques Mendes sabe que há conversas sobre alterações na estrutura acionista. “Há contactos em curso e espero que não durem muito tempo.” Pode vir a entrar um acionista europeu.

6. PSD: AS ESTRATÉGIAS DOS TRÊS CANDIDATOS Para o comentador, Miguel Pinto Luz quis “marcar posição: fez a sua apresentação esta semana com sucesso, teve impacto, apoios internos e da sociedade civil”. O candidato fê-lo com vista a um dia “ser candidato à Câmara de Lisboa, ser oposição no PSD” e candidatar-se numa próxima oportunidade. Já com Montenegro a situação foi diferente: apostou em “falar com as bases porque quem vota não são os eleitores, são as bases” e quis “separar as águas para se distanciar de Rui Rio”. Terá em breve o apoio de Margarida Balseiro Lopes, líder da JSD.

Quanto ao atual líder, Rui Rio, “está a tentar tirar partido dos palcos que tem”. Está a “marcar oposição ao Governo” e a tentar “passar para segundo plano os resultados eleitorais”, o seu ponto fraco. Para Marques Mendes, terá o apoio de peso de Paulo Rangel — reeleito vice presidente do Partido Popular Europeu. “São estratégias diferentes que vão conduzir a um eleição com duas voltas”, que nunca aconteceu no PSD. “Ninguém tem 50% à primeira volta.” É muito pouco provável quando há três candidatos e isso podia dar mais espaço a Rui Rio, mas enfrenta um problema: “Pode ficar em terceiro na distrital de Lisboa, a maior.”

7. O PIOR E O MELHOR DA SEMANA. E UMA HOMENAGEM Para Marques Mendes, o pior da semana é o caso Joacine Katar Moreira, que classificou como “muito deslumbrada”. “Há uma divergência enorme entre esta senhora deputada e o LIVRE”, refere, lembrando que isto está a acontecer “por causa de um voto”.

No seu habitual espaço de comentário do Jornal da Noite, da SIC, Luís Marques Mendes destacou os temas que marcaram a semana e apontou as temáticas que podem marcar os próximos dias. Da manifestação das forças de segurança na quinta-feira às diferentes estratégias dos candidatos ao PSD, o comentador político abordou ainda a descentralização “show-off” das secretarias de Estado, a cobrança do Fisco a 10 mil pequenos contribuintes, os problemas no Serviço Nacional de Saúde e as dificuldades da TAP. No tempo dedicado ao melhor e pior da semana, Marques Mendes destacou a “muito deslumbrada” Joacine Katar Moreira e a “vitória magnifica” de Jorge Jesus.

1. A MANIFESTAÇÃO TRANQUILA DAS AUTORIDADES Na sua análise à manifestação que juntou GNR e PSP, na passada quinta-feira, Marques Mendes mostra os lados positivos e negativos dos protestos. “Uma boa notícia porque foi uma manifestação tranquila e uma má notícia por causa do aproveitamento politico do Chega! e do deputado André Ventura, que nunca fez nada de especial pela polícia”. Para o comentador, isso é também “mau para Polícia e GNR, que ficam conotadas com uma força política” e “reduz credibilidade e autoridade”.

Para Marques Mendes, há também aqui um “aviso para o Governo”, porque “os polícias quanto ao conteúdo têm toda a razão”, uma vez que estão numa situação económica fragilizada. “Quanto mais tarde pior”, avisa o comentador, porque “o ministro tem boas intenções mas é preciso abrir cordões à bolsa.” No campo dos sinais políticos, o facto de o CDS decidir participar é visto com preocupação — “fica ao nível do Chega! e revela desnorte” e a manifestação aponta ainda para o rumo da legislatura. Será “mais exigente” para o Governo, com maior número de manifestações e greves.

2. A DESCENTRALIZAÇÃO QUE É “SHOW-OFF” Recordando que já tinha sido o próprio a avançar com a informação, Marques Mendes critica a decisão do Governo — que mandou três secretarias de Estado para o interior. “Ironia das ironias, o Primeiro Ministro que fez algo assim foi Santana Lopes, e foi criticado pelo PS. Eu mantenho a mesma posição: critiquei na altura e critico agora. É ridículo, é demagógico.” “Vai uma para Bragança, uma para a Guarda e outra para Castelo Branco” e o critério “é a residência dos secretários de Estado”, que ficam com “o local de trabalho ao pé de casa”. A decisão “é demagógico porque não desenvolve nada o interior. É show-off, é folclore. Com todo o respeito pelo folclore.” Para o comentador político, é também “lançar poeira para os olhos” porque não muda nada em relação aos centros de decisão. “Os ministros ficam em Lisboa, as reuniões serão em Lisboa” porque “os serviços que são tutelados estão em Lisboa”. A escolha governamental vai ainda aumentar os custos sem quaisquer vantagens. “É do pior que pode haver na política.”

3. UM ESTADO FORTE COM OS FRACOS O caso dos 10 mil contribuintes notificados para o “pagamento de valores não cobrados pelas finanças” há quatro anos também esteve em análise, com Marques Mendes a destacar a “imoralidade” da decisão. “Isto não foi nenhum erro dos contribuintes do Fisco. É imoral mesmo que legal. A lei diz que o fisco pode corrigir erros a quatro anos, mas é um abuso, uma violência.”

“Estamos a falar de pequenos contribuintes, com dinheiro contado, sem folga. É preciso ter mais respeito pelas pessoas. São dois pesos e duas medidas em matéria fiscal: se fosse o contribuinte a reclamar, o fisco não pagava, virava as costas.” O silêncio dos vários partidos também é considerado estranho — “o que faz impressão é que perante pequenos contribuintes nenhum partido fala”, expressa. “São 10 mil pequenos contribuintes a quem o dinheiro faz falta.”

4. O MURO DE BERLIM ENTRE O SNS E O PRIVADO Farto de ouvir “há muito tempo que [o SNS] é uma prioridade”, Marques Mendes vê “vários problemas” no Serviço Nacional de Saúde, alguns deles de fundo. “Falta um rumo, um rumo estratégico” por exemplo, porque felizmente ainda não há falta de “qualidade dos médicos, ou dos serviços prestados”. Nesse ponto, “faltam condições de acesso” aos tratamento — mas “o SNS pode vir a ter perda de qualidade”. “Com o andar que a carruagem leva, haverá um SNS para ricos e outro SNS para pobres, onde vai baixando a qualidade.” Para o comentador, a medida anunciada “de amarrar os médicos” é “na prática um descalabro”. “Os melhores, se não têm boas condições no SNS vão para o privado” e aí chegará o “problema de qualidade”. Sobre a componente ideológica das escolhas governamentais, Marques Mendes recorda que “a parte da saúde sempre teve um componente ideológica, mas já é demais”. “Esta ministra em particular tem se assumido como ministra do SNS”, criando “um Muro de Berlim entre setor público e privado.” E isso é visto como outro erro, porque deve haver uma lógica de complementaridade — que podia ter sido usada no caso do Hospital Garcia da Orta, considera o comentador.

5. TAP, UMA BOMBA NO BOLSO DOS CONTRIBUINTES A situação na companhia aérea portuguesa está a preocupar Marques Mendes, que vê com apreensão as três emissões de dívida recentes feitas pela TAP — a última “para grandes investidores institucionais”. Estão em causa juros altos para o sector, como notou também a agência “Bloomberg, especialista nestas matérias. O analista político destacou também o artigo “Há futuro para a TAP?”, de Luís Marques, publicado este sábado no Expresso.

Os “conflitos permanentes entre acionistas” (Estado, David Neelman e Humberto Pedrosa, da Barraqueiro), que estão “todos em rota de colisão” são outro fator de instabilidade. “Ou seja, se nada for feito pode ser uma bomba no bolso dos contribuintes.” Marques Mendes sabe que há conversas sobre alterações na estrutura acionista. “Há contactos em curso e espero que não durem muito tempo.” Pode vir a entrar um acionista europeu.

6. PSD: AS ESTRATÉGIAS DOS TRÊS CANDIDATOS Para o comentador, Miguel Pinto Luz quis “marcar posição: fez a sua apresentação esta semana com sucesso, teve impacto, apoios internos e da sociedade civil”. O candidato fê-lo com vista a um dia “ser candidato à Câmara de Lisboa, ser oposição no PSD” e candidatar-se numa próxima oportunidade. Já com Montenegro a situação foi diferente: apostou em “falar com as bases porque quem vota não são os eleitores, são as bases” e quis “separar as águas para se distanciar de Rui Rio”. Terá em breve o apoio de Margarida Balseiro Lopes, líder da JSD.

Quanto ao atual líder, Rui Rio, “está a tentar tirar partido dos palcos que tem”. Está a “marcar oposição ao Governo” e a tentar “passar para segundo plano os resultados eleitorais”, o seu ponto fraco. Para Marques Mendes, terá o apoio de peso de Paulo Rangel — reeleito vice presidente do Partido Popular Europeu. “São estratégias diferentes que vão conduzir a um eleição com duas voltas”, que nunca aconteceu no PSD. “Ninguém tem 50% à primeira volta.” É muito pouco provável quando há três candidatos e isso podia dar mais espaço a Rui Rio, mas enfrenta um problema: “Pode ficar em terceiro na distrital de Lisboa, a maior.”

7. O PIOR E O MELHOR DA SEMANA. E UMA HOMENAGEM Para Marques Mendes, o pior da semana é o caso Joacine Katar Moreira, que classificou como “muito deslumbrada”. “Há uma divergência enorme entre esta senhora deputada e o LIVRE”, refere, lembrando que isto está a acontecer “por causa de um voto”.

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