Jornalismo Positivo: Voo ali e já venho

22-01-2012
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Essaouira, MarrocosNão tão rápido como desapareceu dos radares, mas quase, o AF 447 está a fazer o seu caminho em direcção ao esquecimento. Já não se abrem Telejornais com ele, as capas dos diários voltaram a outros temas e os 228 mortos já quase não são motivo de conversa no café aqui no fundo da rua. Fui lá comprar cerveja e estavam a falar sobre a Feira do Relógio e a onda de calor. As teorias de conspiração, o sumiço à la Triângulo das Bermudas, os sensores da Airbus, os receios dos pilotos, tudo perdeu importância.Os 94 milhões de Cristiano Ronaldo, a festa com Paris Hilton ou as explicações do Governador do Banco de Portugal tomaram conta dos acontecimentos. Aquilo que há duas semanas foi espremido até à exaustão, analisado, ponderado, discutido, criticado, esmiuçado e idolatrado em termos informativos não passa agora de uma qualquer notícia numa página interior, já praticamente sem acesso à capa.É normal, é o tempo do mediatismo. O sangue arrefeceu, está tudo dito, estão todos mortos, não há portugueses - questão essencial para a comunicação social portuguesa em qualquer catástrofe. Como tal, vamos voltar-nos agora para os resultados das eleições no Irão, porque aquilo deve estar mal contado (ganhou o mau da fita) e já há mortos nas ruas. Mas também não se pode perder muito tempo com isso. Afinal, de que valem sete iranianos mortos, ou 70, 700 ou 7000, quando hoje à tarde ou amanhã o Jesus vai ser apresentado na Luz?


Essaouira, MarrocosNão tão rápido como desapareceu dos radares, mas quase, o AF 447 está a fazer o seu caminho em direcção ao esquecimento. Já não se abrem Telejornais com ele, as capas dos diários voltaram a outros temas e os 228 mortos já quase não são motivo de conversa no café aqui no fundo da rua. Fui lá comprar cerveja e estavam a falar sobre a Feira do Relógio e a onda de calor. As teorias de conspiração, o sumiço à la Triângulo das Bermudas, os sensores da Airbus, os receios dos pilotos, tudo perdeu importância.Os 94 milhões de Cristiano Ronaldo, a festa com Paris Hilton ou as explicações do Governador do Banco de Portugal tomaram conta dos acontecimentos. Aquilo que há duas semanas foi espremido até à exaustão, analisado, ponderado, discutido, criticado, esmiuçado e idolatrado em termos informativos não passa agora de uma qualquer notícia numa página interior, já praticamente sem acesso à capa.É normal, é o tempo do mediatismo. O sangue arrefeceu, está tudo dito, estão todos mortos, não há portugueses - questão essencial para a comunicação social portuguesa em qualquer catástrofe. Como tal, vamos voltar-nos agora para os resultados das eleições no Irão, porque aquilo deve estar mal contado (ganhou o mau da fita) e já há mortos nas ruas. Mas também não se pode perder muito tempo com isso. Afinal, de que valem sete iranianos mortos, ou 70, 700 ou 7000, quando hoje à tarde ou amanhã o Jesus vai ser apresentado na Luz?

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