Democracia em Portugal?: Ota: «Estão a mentir-nos»

03-07-2011
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2007/03/08 - Patrícia PiresEram tantas as vozes a criticar a Ota, que resolveu juntar, em livro, a opinião de especialistas. Conclusão é clara: novo aeroporto de Lisboa apresenta deficiências, sob uma «campanha de desinformação total» MAIS: Portela tem «bons ventos»OTA afasta turistas de Lisboa O interesse pela Ota nasceu há pouco tempo e Mendo Castro Henriques deixou-se seduzir pela grande oposição em torno do novo aeroporto de Lisboa. «A comunidade científica tomou uma posição de cidadania - contra - e isso é uma novidade», confessa ao PortugalDiário. Quanto mais falava com engenheiros, geólogos ou ambientalistas mais este director do Instituto de Defesa percebia que «a Ota é um caroço muito desagradável, quase um tumor. Por todas as deficiências e desvantagens que apresenta em relação à Portela e às outras possibilidades de localização» a Ota parece-lhe que devia ter sido a última escolha. «Porquê esta fixação na Ota?», pergunta. Mendo Castro Henriques é doutorado na área da Filosofia, docente da Universidade Católica e, desde 2003, dirige o Departamento de Investigação de Defesa, do Instituto de Defesa Nacional. Para Abril, está prevista a publicação, pela editora Tribuna, do seu livro provisoriamente intitulado «Ota não! Portugal sim!». Um trabalho que vai reunir pareceres de toda a comunidade científica sobre o projecto. Navegabilidade «Por que é que a Força Aérea nunca aproveitou a Ota e mandou as esquadras de caças para Monte Real? Por que é que a Ota tem a pista mais comprida do país, 3600 metros?». «Pelas dificuldades de navegabilidade», em muito originadas pelo Monte Redondo explicou ao docente da Católica o Major General Kruz Abecassis, licenciado em engenharia e ligado à Força Aérea, onde desenvolveu vários estudos sobre navegabilidade dos aeroportos militares. O professor Castro Henriques explicou também ao PortugalDiário que «nunca foi instalada uma estação meteorológica para conhecer os dados exactos da região». O que se sabe é por fontes indirectas e estas são claras: «A Ota tem um regime de ventos complicados, tem nevoeirosexposição de luz solar incomparavelmente inferior à Portela». E a insegurança dos aviões sobrevoarem zonas de Lisboa a baixa altitude? «Falso argumento». De acordo com o actual projecto do novo aeroporto da Ota «os aviões vão passar no Carregado como passam agora em Lisboa. A cidade tem já 30 mil habitantes, que podem duplicar, e prédios de 12 andares. Aí já não há perigo de queda?», questiona. «Preparem os hidroaviões» «Mas a Ota tem mais problemas», continua o professor, «um estudo de António Brotas, engenheiro do Instituto Superior Técnico, mostra que as pistas vão precisar de drenagem». A área é pluviosa, com uma concavidade. «Os poços de brita costumam ser usados nestas situações, mas aqui as três ribeiras em redor não desaparecem e pode acontecer como no túnel do Terreiro do Paço. O lodo sobe pelos poços e a água não desce. Ou seja, preparem os hidroaviões», afirma ironicamente. Em seguida, o autor do livro recorda que o aeroporto vai ser construído «em leito de cheias o que vai exigir a remoção de um volume de terras equivalente a um campo de futebol com 13 km de altura». «Estão a vender-nos uma mentira e é preciso que as pessoas saibam isso», acusa o professor. Há especialistas que defendem que «a saturação da Portela é uma campanha de desinformação total e que esta tem possibilidades de expansão» continua. «Na Ota conseguiu-se fazer tudo errado, o que só mostra os interesses brutais que estão lá e aqui para a urbanização da portela».


2007/03/08 - Patrícia PiresEram tantas as vozes a criticar a Ota, que resolveu juntar, em livro, a opinião de especialistas. Conclusão é clara: novo aeroporto de Lisboa apresenta deficiências, sob uma «campanha de desinformação total» MAIS: Portela tem «bons ventos»OTA afasta turistas de Lisboa O interesse pela Ota nasceu há pouco tempo e Mendo Castro Henriques deixou-se seduzir pela grande oposição em torno do novo aeroporto de Lisboa. «A comunidade científica tomou uma posição de cidadania - contra - e isso é uma novidade», confessa ao PortugalDiário. Quanto mais falava com engenheiros, geólogos ou ambientalistas mais este director do Instituto de Defesa percebia que «a Ota é um caroço muito desagradável, quase um tumor. Por todas as deficiências e desvantagens que apresenta em relação à Portela e às outras possibilidades de localização» a Ota parece-lhe que devia ter sido a última escolha. «Porquê esta fixação na Ota?», pergunta. Mendo Castro Henriques é doutorado na área da Filosofia, docente da Universidade Católica e, desde 2003, dirige o Departamento de Investigação de Defesa, do Instituto de Defesa Nacional. Para Abril, está prevista a publicação, pela editora Tribuna, do seu livro provisoriamente intitulado «Ota não! Portugal sim!». Um trabalho que vai reunir pareceres de toda a comunidade científica sobre o projecto. Navegabilidade «Por que é que a Força Aérea nunca aproveitou a Ota e mandou as esquadras de caças para Monte Real? Por que é que a Ota tem a pista mais comprida do país, 3600 metros?». «Pelas dificuldades de navegabilidade», em muito originadas pelo Monte Redondo explicou ao docente da Católica o Major General Kruz Abecassis, licenciado em engenharia e ligado à Força Aérea, onde desenvolveu vários estudos sobre navegabilidade dos aeroportos militares. O professor Castro Henriques explicou também ao PortugalDiário que «nunca foi instalada uma estação meteorológica para conhecer os dados exactos da região». O que se sabe é por fontes indirectas e estas são claras: «A Ota tem um regime de ventos complicados, tem nevoeirosexposição de luz solar incomparavelmente inferior à Portela». E a insegurança dos aviões sobrevoarem zonas de Lisboa a baixa altitude? «Falso argumento». De acordo com o actual projecto do novo aeroporto da Ota «os aviões vão passar no Carregado como passam agora em Lisboa. A cidade tem já 30 mil habitantes, que podem duplicar, e prédios de 12 andares. Aí já não há perigo de queda?», questiona. «Preparem os hidroaviões» «Mas a Ota tem mais problemas», continua o professor, «um estudo de António Brotas, engenheiro do Instituto Superior Técnico, mostra que as pistas vão precisar de drenagem». A área é pluviosa, com uma concavidade. «Os poços de brita costumam ser usados nestas situações, mas aqui as três ribeiras em redor não desaparecem e pode acontecer como no túnel do Terreiro do Paço. O lodo sobe pelos poços e a água não desce. Ou seja, preparem os hidroaviões», afirma ironicamente. Em seguida, o autor do livro recorda que o aeroporto vai ser construído «em leito de cheias o que vai exigir a remoção de um volume de terras equivalente a um campo de futebol com 13 km de altura». «Estão a vender-nos uma mentira e é preciso que as pessoas saibam isso», acusa o professor. Há especialistas que defendem que «a saturação da Portela é uma campanha de desinformação total e que esta tem possibilidades de expansão» continua. «Na Ota conseguiu-se fazer tudo errado, o que só mostra os interesses brutais que estão lá e aqui para a urbanização da portela».

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