Ricardo Rodrigues, a Luísa Vilaça de Eça

02-10-2015
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Para Ricardo Rodrigues, um roubo é coisa que pode ter todo o sentido. Um acto previdente, não fosse o diabo tolhê-las ou o Eça mandar o seu Macário minhoto desancá-lo.

Se o senhor deputado Ricardo Rodrigues fosse a Luísa Vilaça que Eça criou no seu conto, As singularidades de uma rapariga loura, teria tido outro destino. Luísa ficou sem o casamento prometido por Macário por ter roubado um simples anel mesmo no final do conto e não houve Assembleia da República que lhe valesse.

O sentido e a ausência de sentido, se é que tal existe, têm sido, há séculos, matéria de estudo em algumas ciências. Desde que o tempo é tempo que a interrogação sobre o sentido das coisas nos persegue. E, apesar disso, parece que estamos sempre na estaca zero, no início da maratona, numa espécie de angústia sem meta.

Por vezes, é na literatura que o sentido e o que escapa ao sentido melhor se elucidam. Continuo, claro está, a lembrar-me do modo como o protagonista do conto de Eça escutou, numa estalagem do Minho, o pobre Macário a confessar-lhe a história da sua desgraçada Luísa. Como se a angústia do que, subitamente, parece ter deixado de ter sentido nos paralisasse. Ou, pelo menos, paralisou o personagem Macário. Mas não o senhor deputado Ricardo Rodrigues.

Para o deputado açoriano do PS, um roubo é coisa que pode ter todo o sentido, sobretudo, se ele, coitado, se sentir - como parece ter sido o caso - a percorrer um precipício sem fundo (vá-se lá saber porquê). Foi por isso que, sem hesitações e como se fosse a coisa mais natural do mundo, Ricardo Rodrigues acabou por dar consigo a fanar dois gravadores digitais que eram propriedade de jornalistas da revista Sábado.

O delírio, ou o clímax da vergonha mais descarada, foi depois a conferência de imprensa - ou melhor, a declaração (com ares de coisa solene) - que o deputado promoveu com o objectivo de restituir sentido ao seu acto sem sentido nenhum. Um acto previdente, não fosse o diabo tolhê-las ou o Eça mandar o seu Macário minhoto desancá-lo.

Para Ricardo Rodrigues, um roubo é coisa que pode ter todo o sentido. Um acto previdente, não fosse o diabo tolhê-las ou o Eça mandar o seu Macário minhoto desancá-lo.

Se o senhor deputado Ricardo Rodrigues fosse a Luísa Vilaça que Eça criou no seu conto, As singularidades de uma rapariga loura, teria tido outro destino. Luísa ficou sem o casamento prometido por Macário por ter roubado um simples anel mesmo no final do conto e não houve Assembleia da República que lhe valesse.

O sentido e a ausência de sentido, se é que tal existe, têm sido, há séculos, matéria de estudo em algumas ciências. Desde que o tempo é tempo que a interrogação sobre o sentido das coisas nos persegue. E, apesar disso, parece que estamos sempre na estaca zero, no início da maratona, numa espécie de angústia sem meta.

Por vezes, é na literatura que o sentido e o que escapa ao sentido melhor se elucidam. Continuo, claro está, a lembrar-me do modo como o protagonista do conto de Eça escutou, numa estalagem do Minho, o pobre Macário a confessar-lhe a história da sua desgraçada Luísa. Como se a angústia do que, subitamente, parece ter deixado de ter sentido nos paralisasse. Ou, pelo menos, paralisou o personagem Macário. Mas não o senhor deputado Ricardo Rodrigues.

Para o deputado açoriano do PS, um roubo é coisa que pode ter todo o sentido, sobretudo, se ele, coitado, se sentir - como parece ter sido o caso - a percorrer um precipício sem fundo (vá-se lá saber porquê). Foi por isso que, sem hesitações e como se fosse a coisa mais natural do mundo, Ricardo Rodrigues acabou por dar consigo a fanar dois gravadores digitais que eram propriedade de jornalistas da revista Sábado.

O delírio, ou o clímax da vergonha mais descarada, foi depois a conferência de imprensa - ou melhor, a declaração (com ares de coisa solene) - que o deputado promoveu com o objectivo de restituir sentido ao seu acto sem sentido nenhum. Um acto previdente, não fosse o diabo tolhê-las ou o Eça mandar o seu Macário minhoto desancá-lo.

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