O Cachimbo de Magritte: Sucessos legislativos podem salvar a Presidência

08-07-2011
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Os primeiros dois anos da presidência de Obama têm sido frustrantes. Não falo dos resultados, pois não arriscaria a fazer tal avaliação, mas sim em termos políticos. A sua mensagem “there's not a liberal America and a conservative America; there's the United States of America” foi talvez a mais simbólica da sua candidatura. Mais ainda que a retórica e usual “Change”, utilizada por qualquer candidato da oposição em diversas eleições pelo mundo fora. Depois das guerras culturais dos anos Clinton e Bush, os americanos elegeram um político que prometeu terminar com a divisão crescente entre os próprios cidadãos, governando acima dos partidos. Mais do que isso, prometeu terminar com os truques “politiqueiros” de Washington; era a tal “new kind of politics”. Mas o que temos ao fim da primeira metade do seu mandato? Uma sociedade cada vez mais dividida, os senadores e congressistas mais “partidários” que nunca e os americanos cada vez mais afastados uns dos outros e de Washington. Os truques para aprovar legislação continuam mais activos que nunca e existe o sentimento generalizado que Washington é disfuncional e que não resolve os problemas das pessoas. As culpas são obviamente partilhadas pelos dois lados, mas Obama prometeu governar acima dessas querelas. Falhou redondamente.Ainda ontem escrevi sobre um factor extremamente grave para Obama: a perda abrupta de popularidade em Estados que venceu por larga margem em 2008. Estados profundamente democratas como o Illinois, Nova Iorque, Connecticut ou Delaware onde a sua popularidade atravessa níveis miseráveis. Mais do que a previsível derrota em Novembro, afinal de contas um facto histórico que afectou quase todos os presidentes, são estes números que mais devem preocupar Obama. Mas ainda tem tempo para recuperar. E até sou daqueles que acredito que uma vitória espectacular do Partido Republicano em Novembro pode ajudá-lo bastante, pois desse modo passaria a ter alguém para partilhar a culpa pelos fracassos: a nova maioria republicana no Congresso. Mas isso não chegará para vencer a reeleição facilmente. Será preciso mais.O anterior presidente Democrata teve também muitas dificuldades nos dois primeiros anos do seu mandato. Mas há diferenças relevantes: enquanto Bill Clinton não conseguiu fazer nada de saliente no plano legislativo, Obama aprovou quase tudo que pretendeu: a reforma da saúde, o plano de estímulos e a reforma de Wall Street. Apenas ficou a faltar a nova lei da energia, a chamada “Cap and Trade”, que apenas passou na Câmara dos Representantes, e a reforma da imigração. Bill Clinton salvou-se optando uma estratégia simples: contratou um consultor conservador e virou ao centro durante o resto do seu mandato. Obama não irá fazer o mesmo; isso é quase certo. É um politico muito mais ideológico que Clinton. A sua salvação reside precisamente na esperança que as políticas que aprovou apresentem resultados positivos nos próximos dois anos: a economia terá de melhorar bastante, o desemprego baixar drasticamente e a reforma de saúde apresentar resultados favoráveis aos olhos dos americanos. Sem isso, Obama poderá estar condenado ao fracasso. Ou pelo menos a ter muitas dificuldades para ser reeleito. Obviamente as opções do GOP também contam para o futuro de Obama. Mas isso fica para outro post.Também no Era uma vez na América


Os primeiros dois anos da presidência de Obama têm sido frustrantes. Não falo dos resultados, pois não arriscaria a fazer tal avaliação, mas sim em termos políticos. A sua mensagem “there's not a liberal America and a conservative America; there's the United States of America” foi talvez a mais simbólica da sua candidatura. Mais ainda que a retórica e usual “Change”, utilizada por qualquer candidato da oposição em diversas eleições pelo mundo fora. Depois das guerras culturais dos anos Clinton e Bush, os americanos elegeram um político que prometeu terminar com a divisão crescente entre os próprios cidadãos, governando acima dos partidos. Mais do que isso, prometeu terminar com os truques “politiqueiros” de Washington; era a tal “new kind of politics”. Mas o que temos ao fim da primeira metade do seu mandato? Uma sociedade cada vez mais dividida, os senadores e congressistas mais “partidários” que nunca e os americanos cada vez mais afastados uns dos outros e de Washington. Os truques para aprovar legislação continuam mais activos que nunca e existe o sentimento generalizado que Washington é disfuncional e que não resolve os problemas das pessoas. As culpas são obviamente partilhadas pelos dois lados, mas Obama prometeu governar acima dessas querelas. Falhou redondamente.Ainda ontem escrevi sobre um factor extremamente grave para Obama: a perda abrupta de popularidade em Estados que venceu por larga margem em 2008. Estados profundamente democratas como o Illinois, Nova Iorque, Connecticut ou Delaware onde a sua popularidade atravessa níveis miseráveis. Mais do que a previsível derrota em Novembro, afinal de contas um facto histórico que afectou quase todos os presidentes, são estes números que mais devem preocupar Obama. Mas ainda tem tempo para recuperar. E até sou daqueles que acredito que uma vitória espectacular do Partido Republicano em Novembro pode ajudá-lo bastante, pois desse modo passaria a ter alguém para partilhar a culpa pelos fracassos: a nova maioria republicana no Congresso. Mas isso não chegará para vencer a reeleição facilmente. Será preciso mais.O anterior presidente Democrata teve também muitas dificuldades nos dois primeiros anos do seu mandato. Mas há diferenças relevantes: enquanto Bill Clinton não conseguiu fazer nada de saliente no plano legislativo, Obama aprovou quase tudo que pretendeu: a reforma da saúde, o plano de estímulos e a reforma de Wall Street. Apenas ficou a faltar a nova lei da energia, a chamada “Cap and Trade”, que apenas passou na Câmara dos Representantes, e a reforma da imigração. Bill Clinton salvou-se optando uma estratégia simples: contratou um consultor conservador e virou ao centro durante o resto do seu mandato. Obama não irá fazer o mesmo; isso é quase certo. É um politico muito mais ideológico que Clinton. A sua salvação reside precisamente na esperança que as políticas que aprovou apresentem resultados positivos nos próximos dois anos: a economia terá de melhorar bastante, o desemprego baixar drasticamente e a reforma de saúde apresentar resultados favoráveis aos olhos dos americanos. Sem isso, Obama poderá estar condenado ao fracasso. Ou pelo menos a ter muitas dificuldades para ser reeleito. Obviamente as opções do GOP também contam para o futuro de Obama. Mas isso fica para outro post.Também no Era uma vez na América

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