O Cachimbo de Magritte: Cenário macroeconómico de ficção

08-07-2011
marcar artigo


É interessante comparar as previsões do governo com as do Banco de Portugal. O governo prevê que todas as componentes da procura interna caiam, totalizando uma quebra de 2,5%, quando o banco central (que não podia ter incluído o pacote de 29 de Setembro) previa uma queda de 1,2%. Como é que o governo consegue “prever” crescimento do PIB de 0,2% para 2011? Com as exportações líquidas com um contributo excepcional, mais do dobro do que o Banco de Portugal prevê. Mas a previsão de crescimento das exportações não acompanha a forte desaceleração da “procura externa relevante para Portugal” que, segundo o Relatório do Orçamento deve ver a sua taxa de crescimento baixar de 6,0% para 3,2% (p. 38). Em resumo, a menos que tenhamos um milagre nas exportações, estamos a caminho de uma séria recessão.O segundo capítulo de ficção está nos dados sobre o emprego e o desemprego. O governo “prevê” que a taxa de desemprego apenas suba de 10,6% para 10,8%. Mas como é que se pode perceber que a economia cresça 1,3% em 2010 e haja uma destruição de emprego de 1,4% e no próximo ano, com os passes de magia descritos acima a economia quase estagne, mas mesmo assim consegue destruir muito menos empregos (apenas 0,4%) do que este ano?Adenda. Afinal não há um, mas dois cenários macroeconómicos. Um primeiro, dirigido aos eleitores nacionais, referido acima; um segundo cenário, a pensar nos investidores internacionais, em que “se considerou, para efeitos de cálculo da receita fiscal para esse ano [2011], um cenário macroeconómico mais exigente, com o PIB nominal a crescer apenas 1%.” (p. ii). Neste cenário teremos, grosso modo, uma recessão clara, com o PIB a cair em torno de 1%. Dadas as dificuldades que o governo tem revelado em comunicar com os mercados financeiros, teme-se que este segundo cenário escape aos investidores, ficando estes alarmadíssimos com o irrealismo do primeiro.


É interessante comparar as previsões do governo com as do Banco de Portugal. O governo prevê que todas as componentes da procura interna caiam, totalizando uma quebra de 2,5%, quando o banco central (que não podia ter incluído o pacote de 29 de Setembro) previa uma queda de 1,2%. Como é que o governo consegue “prever” crescimento do PIB de 0,2% para 2011? Com as exportações líquidas com um contributo excepcional, mais do dobro do que o Banco de Portugal prevê. Mas a previsão de crescimento das exportações não acompanha a forte desaceleração da “procura externa relevante para Portugal” que, segundo o Relatório do Orçamento deve ver a sua taxa de crescimento baixar de 6,0% para 3,2% (p. 38). Em resumo, a menos que tenhamos um milagre nas exportações, estamos a caminho de uma séria recessão.O segundo capítulo de ficção está nos dados sobre o emprego e o desemprego. O governo “prevê” que a taxa de desemprego apenas suba de 10,6% para 10,8%. Mas como é que se pode perceber que a economia cresça 1,3% em 2010 e haja uma destruição de emprego de 1,4% e no próximo ano, com os passes de magia descritos acima a economia quase estagne, mas mesmo assim consegue destruir muito menos empregos (apenas 0,4%) do que este ano?Adenda. Afinal não há um, mas dois cenários macroeconómicos. Um primeiro, dirigido aos eleitores nacionais, referido acima; um segundo cenário, a pensar nos investidores internacionais, em que “se considerou, para efeitos de cálculo da receita fiscal para esse ano [2011], um cenário macroeconómico mais exigente, com o PIB nominal a crescer apenas 1%.” (p. ii). Neste cenário teremos, grosso modo, uma recessão clara, com o PIB a cair em torno de 1%. Dadas as dificuldades que o governo tem revelado em comunicar com os mercados financeiros, teme-se que este segundo cenário escape aos investidores, ficando estes alarmadíssimos com o irrealismo do primeiro.

marcar artigo