cintura russa: E É ESTE HOMEM SOCIALISTA...

30-06-2011
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Ricardo Gonçalves deputado socialista em entrevista ao DN lamenta que Sócrates se tenha desgastado tanto no imediato sem ter conseguido lançar reformas. Diz ainda que o Governo é condicionado pela ala esquerda do PS, e demarca-se de Soares e de Alegre.Aguns excertos:"Há, nesse aspecto, um défice de Governo. Depois, o Governo acabou por cair, talvez influenciado pelo anterior ministro das Finanças, na tentação de subir os impostos e tomar medidas de restrição da despesa do Estado. Isto significa que o Governo fez o mesmo que tinham feito Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite. O Governo sobe os impostos, retira regalias, aperta o cinto em determinados ministérios, e diz que isto é tudo para salvar o Estado Social - essa é talvez a única nuance que distingue este Governo do anterior.""(...) o argumento de que tudo é feito para salvar o Estado Social cimentou ideologicamente a ligação do Sócrates e de alguns dos seus apoiantes no PS à chamada ala esquerda do partido, que apoiou o Manuel Alegre. Isto levou a uma situação curiosa quem domina ideologicamente o PS, há muitos anos, é a chamada ala esquerda do partido.""Há efectivamente uma influência grande. Esta ala esquerda chega sempre ao encontro da História com dez anos de atraso. Repare que algumas das medidas que agora estão a ser tomadas, por exemplo em relação à função pública, já deviam ter sido tomadas há dez ou quinze anos. O pior que se pode fazer não é retirar regalias, é criar expectativas às pessoas e deixar que elas programem a sua vida com base numa situação que é insustentável a médio prazo. Eu dizia isto no tempo do Guterres e respondiam-me que eu queria retirar direitos adquiridos. Agora, em nome do Estado Social, já se pode. Prepararmo-nos para a globalização implica que o Estado Social seja todo revisto de alto a baixo. E quando o social está em crise, temos que voltar ao individual, temos que olhar os cidadãos como consumidores, a pagar muitos dos serviços que o Estado lhes presta, e em compensação o Estado baixa os impostos.""Se queremos tomar medidas destas, temos que ter o Governo no auge. Eu acho que o Governo ainda tem condições para isso, o problema é que, quanto mais tarde, mais dificuldades terá. Porque é preciso mudar a legislação laboral, flexibilizar os meios de produção, mudar a relação com o Estado na Saúde, na Educação, encontrar formas de gestão muito mais eficazes. Temos que fazer uma ruptura com os resquícios que ainda há do Partido Comunista e da nossa revolução. Por isso é que eu não estou de acordo que seja um candidato da ala esquerda do PS - seja Soares, seja Alegre - a protagonizar uma candidatura presidencial. É inconcebível que os candidatos surjam dos 20% que, no congresso, estiveram contra José Sócrates. Quer dizer que os 80% que apoiaram o secretário-geral não são capazes de produzir um candidato? Qualquer dessas candidaturas, nomeadamente a do Mário Soares, leva a uma plataforma quase formal entre PS, PC e BE. Isto é contra aquilo de que o País precisa.""Quem faz a maior contestação às mudanças que estamos a fazer - e são só mudanças no campo da logística, da intendência - são os sindicatos e os sectores ligados ao PC e ao BE. E eu estou convencido de que este país só tem sucesso quando o PC e o BE criticarem com razão. Porque, por enquanto, têm criticado sem razão. Ora, se o Presidente da República é eleito por uma aliança destas, vai levar a que a Presidência, com o aumento da crise, volte ao tempo do eanismo e desagúem em Belém todos os lobis de pressão sobre o Governo.""(...) uma coisa é os partidos à esquerda do PS acabarem por votar num candidato que seria um mal menor - no dia da eleição essa base de apoio diluía-se. Outra coisa é haver uma identidade em determinados aspectos, uma mesma concepção, entre esses partidos e o candidato do PS. Eu fui sempre soarista nos outros tempos. Mas Mário Soares, que combateu o PCP, que construiu a democracia em Portugal e foi um homem fantástico no contexto da Guerra Fria, não tem conseguido encontrar soluções para os problemas da actualidade.""(...) as nossas empresas não podem estar sobrecarregadas de impostos.""Podia-se fazer uma remodelação no núcleo duro. Eu não sei bem quem é o núcleo duro, só sei que não está a funcionar em condições. Politicamente estamos a caminhar para um campo muito estreito. Tenho medo que isto tudo não dê os resultados esperados, que andemos a apertar o cinto em nome do Estado Social e ao fim nem mantemos o Estado Social, nem melhoramos a economia, perdemos muitos anos e perdemos as eleições."Bruxo!...


Ricardo Gonçalves deputado socialista em entrevista ao DN lamenta que Sócrates se tenha desgastado tanto no imediato sem ter conseguido lançar reformas. Diz ainda que o Governo é condicionado pela ala esquerda do PS, e demarca-se de Soares e de Alegre.Aguns excertos:"Há, nesse aspecto, um défice de Governo. Depois, o Governo acabou por cair, talvez influenciado pelo anterior ministro das Finanças, na tentação de subir os impostos e tomar medidas de restrição da despesa do Estado. Isto significa que o Governo fez o mesmo que tinham feito Durão Barroso e Manuela Ferreira Leite. O Governo sobe os impostos, retira regalias, aperta o cinto em determinados ministérios, e diz que isto é tudo para salvar o Estado Social - essa é talvez a única nuance que distingue este Governo do anterior.""(...) o argumento de que tudo é feito para salvar o Estado Social cimentou ideologicamente a ligação do Sócrates e de alguns dos seus apoiantes no PS à chamada ala esquerda do partido, que apoiou o Manuel Alegre. Isto levou a uma situação curiosa quem domina ideologicamente o PS, há muitos anos, é a chamada ala esquerda do partido.""Há efectivamente uma influência grande. Esta ala esquerda chega sempre ao encontro da História com dez anos de atraso. Repare que algumas das medidas que agora estão a ser tomadas, por exemplo em relação à função pública, já deviam ter sido tomadas há dez ou quinze anos. O pior que se pode fazer não é retirar regalias, é criar expectativas às pessoas e deixar que elas programem a sua vida com base numa situação que é insustentável a médio prazo. Eu dizia isto no tempo do Guterres e respondiam-me que eu queria retirar direitos adquiridos. Agora, em nome do Estado Social, já se pode. Prepararmo-nos para a globalização implica que o Estado Social seja todo revisto de alto a baixo. E quando o social está em crise, temos que voltar ao individual, temos que olhar os cidadãos como consumidores, a pagar muitos dos serviços que o Estado lhes presta, e em compensação o Estado baixa os impostos.""Se queremos tomar medidas destas, temos que ter o Governo no auge. Eu acho que o Governo ainda tem condições para isso, o problema é que, quanto mais tarde, mais dificuldades terá. Porque é preciso mudar a legislação laboral, flexibilizar os meios de produção, mudar a relação com o Estado na Saúde, na Educação, encontrar formas de gestão muito mais eficazes. Temos que fazer uma ruptura com os resquícios que ainda há do Partido Comunista e da nossa revolução. Por isso é que eu não estou de acordo que seja um candidato da ala esquerda do PS - seja Soares, seja Alegre - a protagonizar uma candidatura presidencial. É inconcebível que os candidatos surjam dos 20% que, no congresso, estiveram contra José Sócrates. Quer dizer que os 80% que apoiaram o secretário-geral não são capazes de produzir um candidato? Qualquer dessas candidaturas, nomeadamente a do Mário Soares, leva a uma plataforma quase formal entre PS, PC e BE. Isto é contra aquilo de que o País precisa.""Quem faz a maior contestação às mudanças que estamos a fazer - e são só mudanças no campo da logística, da intendência - são os sindicatos e os sectores ligados ao PC e ao BE. E eu estou convencido de que este país só tem sucesso quando o PC e o BE criticarem com razão. Porque, por enquanto, têm criticado sem razão. Ora, se o Presidente da República é eleito por uma aliança destas, vai levar a que a Presidência, com o aumento da crise, volte ao tempo do eanismo e desagúem em Belém todos os lobis de pressão sobre o Governo.""(...) uma coisa é os partidos à esquerda do PS acabarem por votar num candidato que seria um mal menor - no dia da eleição essa base de apoio diluía-se. Outra coisa é haver uma identidade em determinados aspectos, uma mesma concepção, entre esses partidos e o candidato do PS. Eu fui sempre soarista nos outros tempos. Mas Mário Soares, que combateu o PCP, que construiu a democracia em Portugal e foi um homem fantástico no contexto da Guerra Fria, não tem conseguido encontrar soluções para os problemas da actualidade.""(...) as nossas empresas não podem estar sobrecarregadas de impostos.""Podia-se fazer uma remodelação no núcleo duro. Eu não sei bem quem é o núcleo duro, só sei que não está a funcionar em condições. Politicamente estamos a caminhar para um campo muito estreito. Tenho medo que isto tudo não dê os resultados esperados, que andemos a apertar o cinto em nome do Estado Social e ao fim nem mantemos o Estado Social, nem melhoramos a economia, perdemos muitos anos e perdemos as eleições."Bruxo!...

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