A Europa usa Portugal para provar um ponto
Económico
Ontem 00:05
É razoável assumirmos alguns factos: 1) oprograma da troika em Portugal revelou-se irrealista nos pressupostos, gerando muito mais destruição do que o previsto 2) o crescimento de 0,9% de Portugal em 2014, embora conseguido com contas externas equilibradas, é um resultado magro, 3) em Dezembro e Janeiro, Portugal foi visado pela Comissão Europeia e pelo FMIcomo um país que, após a saída da ‘troika’, estava a baixar os braços nas reformas e na consolidação orçamental (não cumprindo, inclusivamente, o Tratado Orçamental).
Nada disto parece contar, no entanto, na hora dos países europeus defensores da linha dura contra a Grécia usarem Portugal como o “poster boy” da austeridade. Uma primeira forma de olhar para esta conduta é salientar o tacticismo - a Grécia procurou deitar fogo a si mesma e à periferia para alavancar a sua posição negocial e a Europa está a construir um cordão sanitário à volta do segundo elo mais fraco, Portugal, isolando os gregos.
Outra forma, mais interessante, é o que estes elogios ilustram sobre os últimos anos - tão ou mais importante do que a correcção dos desequilíbrios estruturais foi a conquista da confiança dos credores soberanos europeus. É desta conquista, que começa com uma infeliz mas pragmática submissão, que dependem a flexibilidade e as cedências mais à frente. Neste momento, o que a Europa está a dizer à Grécia é que não confia no seu Governo e que, por isso, não está disposta a ceder muito. Após cinco anos de grande dureza económica, também a braços com programas irrealistas, os gregos ainda não ganharam esta batalha política da credibilidade - do seu lado esta é a sua maior derrota.
A Europa usa Portugal para provar um ponto
Económico
Ontem 00:05
É razoável assumirmos alguns factos: 1) oprograma da troika em Portugal revelou-se irrealista nos pressupostos, gerando muito mais destruição do que o previsto 2) o crescimento de 0,9% de Portugal em 2014, embora conseguido com contas externas equilibradas, é um resultado magro, 3) em Dezembro e Janeiro, Portugal foi visado pela Comissão Europeia e pelo FMIcomo um país que, após a saída da ‘troika’, estava a baixar os braços nas reformas e na consolidação orçamental (não cumprindo, inclusivamente, o Tratado Orçamental).
Nada disto parece contar, no entanto, na hora dos países europeus defensores da linha dura contra a Grécia usarem Portugal como o “poster boy” da austeridade. Uma primeira forma de olhar para esta conduta é salientar o tacticismo - a Grécia procurou deitar fogo a si mesma e à periferia para alavancar a sua posição negocial e a Europa está a construir um cordão sanitário à volta do segundo elo mais fraco, Portugal, isolando os gregos.
Outra forma, mais interessante, é o que estes elogios ilustram sobre os últimos anos - tão ou mais importante do que a correcção dos desequilíbrios estruturais foi a conquista da confiança dos credores soberanos europeus. É desta conquista, que começa com uma infeliz mas pragmática submissão, que dependem a flexibilidade e as cedências mais à frente. Neste momento, o que a Europa está a dizer à Grécia é que não confia no seu Governo e que, por isso, não está disposta a ceder muito. Após cinco anos de grande dureza económica, também a braços com programas irrealistas, os gregos ainda não ganharam esta batalha política da credibilidade - do seu lado esta é a sua maior derrota.