O que aí vem

10-07-2011
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O Paulo Pinto Mascarenhas, no seu blog, diz que “Sócrates e o PS são reféns do parlamento”. Compreende-se o regozijo (tudo o que pareça uma diminuição de poder de Sócrates provoca a alegria de uma pessoa de bem), mas não me parece que o Paulo tenha razão. Como bem diz o Miguel Morgado, o resultado de ontem conduzirá, não tanto a uma maior actividade parlamentar, mas “mais comunicação e negociação entre as direcções dos partidos políticos.” Aquilo a que se vai assistir nos próximos anos (resta saber quantos) não será uma “parlamentarização do regime. Teremos, isso sim, muitas reuniões de vão de escada (um local desaparecido desde a campanha do referendo sobre o aborto) e de sótão (há muitos socialistas com saudades), a muitos “acordos secretos” que, longe de fortalecerem o parlamento e a representação dos cidadãos, apenas contribuirão para o crescente nojo que os portugueses sentem em relação à actividade política. O frágil equilíbrio parlamentar presta-se a golpes baixos, a jogos de “posicionamento” enfim, a “politiquice”.

E nessa “politiquice”, tenho as maiores dúvidas de que os “reféns” acabem por ser o PS e Sócrates. Por estranho que pareça, serão os partidos minoritários a estarem numa posição mais complicada. É verdade que o PS “precisa” deles para ver aprovadas as medidas que quiser implementar. Mas também é verdade que o PS, tal como o PSD em 1985/87, poderá pôr os outros partidos entre a espada e a parede: se apoiarem, mesmo que pontualmente, o PS e o Governo, arriscam-se a trair um eleitorado que votou neles por serem diferentes do PS; se votarem contra o PS, arriscam-se a que Sócrates use a “postura obstacularizadora” (habitue-se a este jargão, caro leitor) dos partidos da oposição para se vitimizar e apresentar-se a umas eleições antecipadas como alguém a quem “não deixaram salvar o país”. Esperam-nos anos de muita actividade para os “abrantes”, de muita baixeza, de muita lama. Precisamente aquilo em que, como se viu nestes últimos anos, o actual primeiro-Minitro se sente à vontade.

O Paulo Pinto Mascarenhas, no seu blog, diz que “Sócrates e o PS são reféns do parlamento”. Compreende-se o regozijo (tudo o que pareça uma diminuição de poder de Sócrates provoca a alegria de uma pessoa de bem), mas não me parece que o Paulo tenha razão. Como bem diz o Miguel Morgado, o resultado de ontem conduzirá, não tanto a uma maior actividade parlamentar, mas “mais comunicação e negociação entre as direcções dos partidos políticos.” Aquilo a que se vai assistir nos próximos anos (resta saber quantos) não será uma “parlamentarização do regime. Teremos, isso sim, muitas reuniões de vão de escada (um local desaparecido desde a campanha do referendo sobre o aborto) e de sótão (há muitos socialistas com saudades), a muitos “acordos secretos” que, longe de fortalecerem o parlamento e a representação dos cidadãos, apenas contribuirão para o crescente nojo que os portugueses sentem em relação à actividade política. O frágil equilíbrio parlamentar presta-se a golpes baixos, a jogos de “posicionamento” enfim, a “politiquice”.

E nessa “politiquice”, tenho as maiores dúvidas de que os “reféns” acabem por ser o PS e Sócrates. Por estranho que pareça, serão os partidos minoritários a estarem numa posição mais complicada. É verdade que o PS “precisa” deles para ver aprovadas as medidas que quiser implementar. Mas também é verdade que o PS, tal como o PSD em 1985/87, poderá pôr os outros partidos entre a espada e a parede: se apoiarem, mesmo que pontualmente, o PS e o Governo, arriscam-se a trair um eleitorado que votou neles por serem diferentes do PS; se votarem contra o PS, arriscam-se a que Sócrates use a “postura obstacularizadora” (habitue-se a este jargão, caro leitor) dos partidos da oposição para se vitimizar e apresentar-se a umas eleições antecipadas como alguém a quem “não deixaram salvar o país”. Esperam-nos anos de muita actividade para os “abrantes”, de muita baixeza, de muita lama. Precisamente aquilo em que, como se viu nestes últimos anos, o actual primeiro-Minitro se sente à vontade.

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