Lisboa-Dacar2008: O primeiro grande evento desportivo cancelado por ameaças terroristas (síntese)

13-05-2015
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Pouco depois das 11:30, a organização do Lisboa-Dacar, a cargo da empresa francesa Amaury Sports Organization (ASO), confirmava o que já muitos esperavam: o cancelamento da prova, um dia após o Governo francês ter desaconselhado fortemente os seus cidadãos, incluindo os participantes no rali, a deslocarem-se à Mauritânia.

"Tenho uma péssima notícia, o Dacar 2008 não arrancará". Foi desta forma que o director da prova, Etienne Lavigne, anunciou o cancelamento da 30ª edição, justificando a decisão com as tensões políticas internacionais, ameaças terroristas e o recente atentado mortal que vitimou quatro franceses na Mauritânia.

A posição do Executivo francês, que foi decisiva para esta decisão inédita de cancelar a prova-rainha do todo-o-terreno, foi tomada na sequência do assassínio de quatro turistas franceses na Mauritânia, a 24 de Dezembro, numa acção alegadamente perpetrada por uma célula da organização terrorista Al-Qaida.

"Após várias trocas de informação com o Governo francês, em particular com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, e tendo em conta as suas firmes recomendações, os organizadores decidiram cancelar o rali", justificou Lavigne na mesma comunicação.

O impacto financeiro desta decisão está ainda por calcular. O responsável pela organização portuguesa, João Lagos, já admitiu que a Lagos Sports sofrerá um "prejuízo muito duro", que já está a ser contabilizado "no escritório".

O Governo português, que lamentou "profundamente" o cancelamento do rali, pela voz do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, não receberá retorno dos três milhões de euros investidos, o mesmo valor aplicado em 2006 e 2007.

Apesar da verba investida numa edição que não se realizará, o Governo português salientou que "a segurança está em primeiro lugar", reconhecendo que a organização da prova passou a arcar com "uma grande responsabilidade" depois das recomendações do Executivo francês.

"O Governo francês fez uma coisa que não fez em anos anteriores, com base em informações de que dispunha", sublinhou Pedro Silva Pereira, elogiando a forma "escrupulosa" como a organização lidou com as questões de segurança.

Mas não foi apenas o Governo português que sofreu um revés com o investimento feito na prova. Patrocinadores e pilotos não verão reembolsados os seus investimentos e as câmaras municipais de Lisboa e Portimão, os concelhos de onde iam largar as primeira e segunda etapas, também vão ter de lidar com perdas significativas.

A autarquia algarvia investiu 1,5 milhões de euros e o presidente da edilidade, Manuel da Luz já anunciou que solicitará à organização do Lisboa-Dacar o retorno do investimento.

Na altura do anúncio do cancelamento, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, não precisou o montante investido pela autarquia, embora seja público que em Dezembro a edilidade aprovou a atribuição de um subsídio de 400.000 euros à organização portuguesa do rali.

Sobre a edição de 2009, que voltaria a partir de Lisboa, pouco se sabe ainda, mas João Lagos vai reunir-se ainda hoje com os organizadores franceses para debater o futuro próximo do rali em solo português.

Ainda para 2008, João Lagos chegou a disponibilizar-se para ajudar a organizar uma versão mais curta do rali, entre Portugal e Marrocos, mas a ideia ficou inviabilizada pelo facto de as ameaças terroristas se estenderem a todo a prova e não a algumas etapas em particular.

NF/NFO/MHC.

Lusa/fim.

Pouco depois das 11:30, a organização do Lisboa-Dacar, a cargo da empresa francesa Amaury Sports Organization (ASO), confirmava o que já muitos esperavam: o cancelamento da prova, um dia após o Governo francês ter desaconselhado fortemente os seus cidadãos, incluindo os participantes no rali, a deslocarem-se à Mauritânia.

"Tenho uma péssima notícia, o Dacar 2008 não arrancará". Foi desta forma que o director da prova, Etienne Lavigne, anunciou o cancelamento da 30ª edição, justificando a decisão com as tensões políticas internacionais, ameaças terroristas e o recente atentado mortal que vitimou quatro franceses na Mauritânia.

A posição do Executivo francês, que foi decisiva para esta decisão inédita de cancelar a prova-rainha do todo-o-terreno, foi tomada na sequência do assassínio de quatro turistas franceses na Mauritânia, a 24 de Dezembro, numa acção alegadamente perpetrada por uma célula da organização terrorista Al-Qaida.

"Após várias trocas de informação com o Governo francês, em particular com o Ministério dos Negócios Estrangeiros, e tendo em conta as suas firmes recomendações, os organizadores decidiram cancelar o rali", justificou Lavigne na mesma comunicação.

O impacto financeiro desta decisão está ainda por calcular. O responsável pela organização portuguesa, João Lagos, já admitiu que a Lagos Sports sofrerá um "prejuízo muito duro", que já está a ser contabilizado "no escritório".

O Governo português, que lamentou "profundamente" o cancelamento do rali, pela voz do ministro da Presidência, Pedro Silva Pereira, não receberá retorno dos três milhões de euros investidos, o mesmo valor aplicado em 2006 e 2007.

Apesar da verba investida numa edição que não se realizará, o Governo português salientou que "a segurança está em primeiro lugar", reconhecendo que a organização da prova passou a arcar com "uma grande responsabilidade" depois das recomendações do Executivo francês.

"O Governo francês fez uma coisa que não fez em anos anteriores, com base em informações de que dispunha", sublinhou Pedro Silva Pereira, elogiando a forma "escrupulosa" como a organização lidou com as questões de segurança.

Mas não foi apenas o Governo português que sofreu um revés com o investimento feito na prova. Patrocinadores e pilotos não verão reembolsados os seus investimentos e as câmaras municipais de Lisboa e Portimão, os concelhos de onde iam largar as primeira e segunda etapas, também vão ter de lidar com perdas significativas.

A autarquia algarvia investiu 1,5 milhões de euros e o presidente da edilidade, Manuel da Luz já anunciou que solicitará à organização do Lisboa-Dacar o retorno do investimento.

Na altura do anúncio do cancelamento, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, não precisou o montante investido pela autarquia, embora seja público que em Dezembro a edilidade aprovou a atribuição de um subsídio de 400.000 euros à organização portuguesa do rali.

Sobre a edição de 2009, que voltaria a partir de Lisboa, pouco se sabe ainda, mas João Lagos vai reunir-se ainda hoje com os organizadores franceses para debater o futuro próximo do rali em solo português.

Ainda para 2008, João Lagos chegou a disponibilizar-se para ajudar a organizar uma versão mais curta do rali, entre Portugal e Marrocos, mas a ideia ficou inviabilizada pelo facto de as ameaças terroristas se estenderem a todo a prova e não a algumas etapas em particular.

NF/NFO/MHC.

Lusa/fim.

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