ISRAELOCAUSTO PALESTINIANO

07-11-2013
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[Crianças e adolescentes israelitas atacam com pedras caravana de crianças, adolescentes, familiares e activistas, que apenas reivindicam o direito de passagem, no já exíguo inferno de Hebron. Naturalmente à  atenção dos que, de Jerusalém a El Aaiún, insistem em defender colonatos como forma de vida.]

“Meu filho põe a sua caixa de pintura à minha frente. E pede-me que desenhe um pássaro. Ponho o pincel no pote de cor cinza e pinto um quadro com fechaduras e grades. Seus olhos arregalaram-se surpreendidos: ‘Mas isso é uma prisão, pai,

Não sabes desenhar um pássaro?’ E digo-lhe-: ‘Filho, perdoa-me.

Esqueci-me da forma dos pássaros’. Meu filho pousa o caderno de desenhos à minha frente e pede-me que desenhe uma espiga de trigo. Pego no pincel e desenho uma arma.”

“Uma Aula de Desenho” de Nizar Qabbani

A Palestina está longe de ser o primeiro país onde a violência se justifica apenas de um dos lados. Hoje como ontem, a libertação só é violenta porque há ocupação. O genocídio palestiniano continua em carne viva, num tempo em que ninguém concebe uma Índia inglesa, uma Polónia alemã, uma Guiné portuguesa, uma Somália italiana, uma Argélia francesa ou uma Bolívia espanhola. A comunidade internacional, com a ONU à cabeça da hipocrisia, permanece cúmplice. Cada acto diplomático é um acto de guerra, prova-o a história. A passividade, ao fim de meio século, é consentimento.

A Palestina transformou-se na capital da intifada mundial, a contragosto, e Israel num acorde desafinado da Alemanha nazi, convictamente. Sem memória, nem humanidade, cada novo colonato tem a silhueta dos avanços da velha aventura germânica. O cerco deu lugar ao cerco, o muro deu lugar ao muro e Nuremberga pariu outro holocausto. Varsóvia voltou a nascer em Gaza e Israel passou a ser a câmara de gás do povo palestino.

Quem teve a imprudência de achar que com ela não voltava a resistência, deve ter o cuidado de não se colocar no seu caminho, sem condições. O extermínio pode começar por se executar em silêncio mas o seu eco tem raízes profundas. Terão perdido a conta aos “terroristas” e aos “bárbaros” que emanciparam os séculos? Se não fez sentido tolerar o nacional-socialismo porque insistem em alimentar as suas criações? Vão continuar as vítimas de outrora a permitir que a sua elite cumpra o papel da besta, do carrasco?

Para as pessoas sujeitas ao IV Reich a guerra acaba por ser a única maneira de sobrevivência. Só para o Likud é que a guerra é santa. A paz que é imposta não passa de uma estratégia para eternizar a matança, com ou sem capacetes azuis a assistir de cátedra, no plateau do coliseu onde Israel brinca aos romanos.

Texto escrito há seis meses para uma polémica sobre Israel e a Palestina com o Fernando Moreira de Sá, do Forte Apache, para a terceira edição de um tal de The Printed Blog. Esta revista, que depois de sucessivos adiamentos nunca mais deu à estampa, falhou também os compromissos financeiros face aos seus “colaboradores”. As minhas desculpas a quem convenci a participar e o meu abraço solidário aos que nele estiveram de boa fé.

[Crianças e adolescentes israelitas atacam com pedras caravana de crianças, adolescentes, familiares e activistas, que apenas reivindicam o direito de passagem, no já exíguo inferno de Hebron. Naturalmente à  atenção dos que, de Jerusalém a El Aaiún, insistem em defender colonatos como forma de vida.]

“Meu filho põe a sua caixa de pintura à minha frente. E pede-me que desenhe um pássaro. Ponho o pincel no pote de cor cinza e pinto um quadro com fechaduras e grades. Seus olhos arregalaram-se surpreendidos: ‘Mas isso é uma prisão, pai,

Não sabes desenhar um pássaro?’ E digo-lhe-: ‘Filho, perdoa-me.

Esqueci-me da forma dos pássaros’. Meu filho pousa o caderno de desenhos à minha frente e pede-me que desenhe uma espiga de trigo. Pego no pincel e desenho uma arma.”

“Uma Aula de Desenho” de Nizar Qabbani

A Palestina está longe de ser o primeiro país onde a violência se justifica apenas de um dos lados. Hoje como ontem, a libertação só é violenta porque há ocupação. O genocídio palestiniano continua em carne viva, num tempo em que ninguém concebe uma Índia inglesa, uma Polónia alemã, uma Guiné portuguesa, uma Somália italiana, uma Argélia francesa ou uma Bolívia espanhola. A comunidade internacional, com a ONU à cabeça da hipocrisia, permanece cúmplice. Cada acto diplomático é um acto de guerra, prova-o a história. A passividade, ao fim de meio século, é consentimento.

A Palestina transformou-se na capital da intifada mundial, a contragosto, e Israel num acorde desafinado da Alemanha nazi, convictamente. Sem memória, nem humanidade, cada novo colonato tem a silhueta dos avanços da velha aventura germânica. O cerco deu lugar ao cerco, o muro deu lugar ao muro e Nuremberga pariu outro holocausto. Varsóvia voltou a nascer em Gaza e Israel passou a ser a câmara de gás do povo palestino.

Quem teve a imprudência de achar que com ela não voltava a resistência, deve ter o cuidado de não se colocar no seu caminho, sem condições. O extermínio pode começar por se executar em silêncio mas o seu eco tem raízes profundas. Terão perdido a conta aos “terroristas” e aos “bárbaros” que emanciparam os séculos? Se não fez sentido tolerar o nacional-socialismo porque insistem em alimentar as suas criações? Vão continuar as vítimas de outrora a permitir que a sua elite cumpra o papel da besta, do carrasco?

Para as pessoas sujeitas ao IV Reich a guerra acaba por ser a única maneira de sobrevivência. Só para o Likud é que a guerra é santa. A paz que é imposta não passa de uma estratégia para eternizar a matança, com ou sem capacetes azuis a assistir de cátedra, no plateau do coliseu onde Israel brinca aos romanos.

Texto escrito há seis meses para uma polémica sobre Israel e a Palestina com o Fernando Moreira de Sá, do Forte Apache, para a terceira edição de um tal de The Printed Blog. Esta revista, que depois de sucessivos adiamentos nunca mais deu à estampa, falhou também os compromissos financeiros face aos seus “colaboradores”. As minhas desculpas a quem convenci a participar e o meu abraço solidário aos que nele estiveram de boa fé.

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