André Belo: Madrid é nossa

05-09-2014
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Li nos blogues que um grupo de generais pediu há dias a demissão do ministro das Obras Públicas, Mário Lino, por causa de declarações pró-iberistas deste membro do governo. Mas não sei se sonhei, porque, continuando a percorrer blogues, vi também que as declarações do ministro, na verdade, já datavam da primavera passada. Será tudo isto verdade? E, se sim, que raio de generais são estes que reagem com quase meio ano de atraso a umas declarações que põem em causa a integridade do nosso nacional mental territorial? Teriam a mesma capacidade de reacção num terreno de batalha? Com generais destes, como poderemos fazer face a um eventual ataque espanhol?

E a propósito: há quanto tempo é que não atacamos Madrid? Eu tenho a resposta: há exactamente trezentos anos, quatro meses e quinze dias. Desde 28 de Junho de 1706, com a gloriosa entrada do Marquês de Minas na capital castelhana, ao serviço do Arquiduque Carlos de Áustria, durante a guerra de Sucessão de Espanha. Um despautério de tempo. E onde estavam os nossos generais anti-iberistas quando se celebrou a efeméride? Estavam entretidos a não ouvir as declarações do ministro das Obras Públicas.

Tudo isto é uma vergonha. Madrid é nossa. Os espanhóis são nossos e as espanholas também. Queremos tudo a que temos direito que nos ofusca: o Prado e o Arco e a direcção de actores dos filmes do Almodóvar. Queremos os touros de morte e os huevos dos nuestros hermanos. Quanto ao ministro, não devia ser defenestrado, não. Devia ser obrigado a ir no TGV de Lisboa a Madrid em manobra de diversão ofensiva, com laranjas do Algarve na mão. Enquanto os generais seguiriam a cavalo, à antiga portuguesa, por Badajoz, Alcantara e a estrada de Placencia.

Li nos blogues que um grupo de generais pediu há dias a demissão do ministro das Obras Públicas, Mário Lino, por causa de declarações pró-iberistas deste membro do governo. Mas não sei se sonhei, porque, continuando a percorrer blogues, vi também que as declarações do ministro, na verdade, já datavam da primavera passada. Será tudo isto verdade? E, se sim, que raio de generais são estes que reagem com quase meio ano de atraso a umas declarações que põem em causa a integridade do nosso nacional mental territorial? Teriam a mesma capacidade de reacção num terreno de batalha? Com generais destes, como poderemos fazer face a um eventual ataque espanhol?

E a propósito: há quanto tempo é que não atacamos Madrid? Eu tenho a resposta: há exactamente trezentos anos, quatro meses e quinze dias. Desde 28 de Junho de 1706, com a gloriosa entrada do Marquês de Minas na capital castelhana, ao serviço do Arquiduque Carlos de Áustria, durante a guerra de Sucessão de Espanha. Um despautério de tempo. E onde estavam os nossos generais anti-iberistas quando se celebrou a efeméride? Estavam entretidos a não ouvir as declarações do ministro das Obras Públicas.

Tudo isto é uma vergonha. Madrid é nossa. Os espanhóis são nossos e as espanholas também. Queremos tudo a que temos direito que nos ofusca: o Prado e o Arco e a direcção de actores dos filmes do Almodóvar. Queremos os touros de morte e os huevos dos nuestros hermanos. Quanto ao ministro, não devia ser defenestrado, não. Devia ser obrigado a ir no TGV de Lisboa a Madrid em manobra de diversão ofensiva, com laranjas do Algarve na mão. Enquanto os generais seguiriam a cavalo, à antiga portuguesa, por Badajoz, Alcantara e a estrada de Placencia.

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