Arroja, a Toupeira Vermelha

06-11-2013
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Tenho a íntima certeza que o professor Pedro Arroja é um intrépido revolucionário infiltrado nos interstícios da direita mais cavernosa. Aquilo que faz só tem um desígnio em mente: conseguir apressar a revolução socialista, através da completa ridicularização do liberalismo. Um esforço, particularmente difícil, não por causa das dificuldades de fazer uma revolução em tempo de saldos, mas sobretudo pela quase impossibilidade de ultrapassar, pelo ridículo, muitos dos arautos desta corrente de pensamento.

Até agora, esta convicção era apenas um sentimento difuso, embora alicerçado em muitas declarações do esforçado professor. Neste momento, consegui as provas.

Estavam depositadas nos arquivos do YES MEN.

Quem são os YES MEN e o que têm de ver com o sobredotado professor Arroja, perguntarão vocês com muita acuidade.

YES MEN é a designação atrás da qual se escondem dois activistas norte-americanos, que dão pelo nome de baptismo de Mike Bonanno e Andy Bichalbaum, e – volto a insistir – a quem se devem somar o herói desconhecido da revolução: o português Pedro Arroja.

O colectivo YES MEN utiliza como arma aquilo a que chama “a rectificação de identidades”. Faz-se passar por determinadas organizações e aparece a representá-las em conferências internacionais e na comunicação social, dizendo aquilo que normalmente estas poderosas organizações pensam, mas não dizem. A sua primeira acção foi a troca da voz, em centenas de brinquedos, do Action Men pela da Barbie. Pedro Arroja é a voz desta organização.

Vamos por partes: umas das acções mais conhecidas deste grupo foi o registo do domínio gatt.org (coincide com a sigla do General Agreement on Tariffs and Trade) e a construção de um site neste endereço com o aspecto gráfico do da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A partir daí, a aventura dos YES MEN acelerou-se, em 1999 (reparem que coincide com o desaparecimento público do professor em Portugal), duas semanas antes da célebre cimeira do milénio da OMC, que se realizou em Seattle. Estes activistas criaram um site da OMC em que propunham, entre outras coisas, o reaproveitamento “dos aspectos positivos da escravatura”, a “venda de votos no mercado livre” e a “reciclagem de macdonalds, comidos e defecados, para serem posteriormente reutilizados nos países pobres, como forma de combater a fome”. É de notar, que tirando a mastigação de hambúrgueres previamente defecados, todos estes itens constam já da célebre entrevista de Arroja à jornalista Fernanda Câncio.

Mas, concentremo-nos nas provas. Pedro Arroja confessou, na citada entrevista, defender a venda de votos. “É precisamente a pensar nos pobres que eu punha a questão da transacção do voto. Se uma pessoa tem direito a um voto mas não quer usá-lo, tem de o deitar fora. Noutro sistema, poderá vendê-lo a alguém que queira votar várias vezes. Já viu quantos pobrezinhos ficavam beneficiados?”, afirmou. Fernanda Câncio, suponho que meio atarantada, ainda conseguiu perguntar que significado cívico tinham esses votos transaccionados. Arroja não se encolheu e explicou: “produzia votos, esses sim, em consciência, porque eu para comprar três votos para um partido tinha de ter grande apreço por ele”.

Numa conferência internacional sobre regulamentação de serviços, realizada na Áustria, o YES MEN, disfarçado de dirigente do OMC, com o suposto nome de Bichlbauer, defendeu o ponto de vista de que é preciso acabar com os estrangulamentos ao mercado, no campo político, e permitir a venda livre de votos em bolsa, concretizando: “é um sistema que permite aos eleitores vender o seu voto pela melhor oferta. (…) Isto permite racionalizar o conjunto do processo eleitoral e, como todos os mercados, isto permite maximizar a satisfação dos consumidores e claro da empresas que lhe estão na origem”.

Sobre a escravatura, um dos YES MEN pronunciou uma defesa cerrada das virtudes da escravatura, que embora seja “um modelo moralmente pouco ético”, tinha excelentes resultados económicos. Nesse sentido – defendeu o orador numa conferencia internacional sobre têxteis realizada na Finlândia -, seria necessário meditar sobre a experiência e inventar uma força de trabalho “mais própria” que os actuais trabalhadores, com demasiadas liberdades. Por sua vez, o nosso professor afirmou o seguinte na já célebre entrevista: “o trabalhador escravo negro era duas vezes mais produtivo que o trabalhador negro. (…) Diz-se que os negros não trabalham, não sei quê…, e isto vem provar o contrário: mesmo sob condições de adversidade, a escravatura, os negros eram duplamente mais produtivos que os brancos. E os estados do sul, onde eles estavam concentrados, prosperaram muito mais do que os do Norte. Fantástico! (…) Eu não quero dizer que a escravatura era aceitável, mas não foi má para os negros em termos económicos”.

É por tudo isto que posso revelar com orgulho que Pedro Arroja é um agente do comunismo internacional infiltrado nas fileiras do liberalismo.

Foi certamente a sua sábia liderança nos YES MEN que levou o antigo director-geral da OMC Mike Moore a qualificar a acção desta organização como “deplorável”, e o presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush, a dizer literalmente o seguinte: “há limites, limites à …, euhhh, à liberdade. Mas, bom, euhhh… Nós conhecemos perfeitamente a existência deste site, estes tipos são uns merdosos, é o que eles são. E claro que eu não gosto deles, vocês também não gostarão”. Que maior elogio poderia desejar um revolucionário?

Tenho a íntima certeza que o professor Pedro Arroja é um intrépido revolucionário infiltrado nos interstícios da direita mais cavernosa. Aquilo que faz só tem um desígnio em mente: conseguir apressar a revolução socialista, através da completa ridicularização do liberalismo. Um esforço, particularmente difícil, não por causa das dificuldades de fazer uma revolução em tempo de saldos, mas sobretudo pela quase impossibilidade de ultrapassar, pelo ridículo, muitos dos arautos desta corrente de pensamento.

Até agora, esta convicção era apenas um sentimento difuso, embora alicerçado em muitas declarações do esforçado professor. Neste momento, consegui as provas.

Estavam depositadas nos arquivos do YES MEN.

Quem são os YES MEN e o que têm de ver com o sobredotado professor Arroja, perguntarão vocês com muita acuidade.

YES MEN é a designação atrás da qual se escondem dois activistas norte-americanos, que dão pelo nome de baptismo de Mike Bonanno e Andy Bichalbaum, e – volto a insistir – a quem se devem somar o herói desconhecido da revolução: o português Pedro Arroja.

O colectivo YES MEN utiliza como arma aquilo a que chama “a rectificação de identidades”. Faz-se passar por determinadas organizações e aparece a representá-las em conferências internacionais e na comunicação social, dizendo aquilo que normalmente estas poderosas organizações pensam, mas não dizem. A sua primeira acção foi a troca da voz, em centenas de brinquedos, do Action Men pela da Barbie. Pedro Arroja é a voz desta organização.

Vamos por partes: umas das acções mais conhecidas deste grupo foi o registo do domínio gatt.org (coincide com a sigla do General Agreement on Tariffs and Trade) e a construção de um site neste endereço com o aspecto gráfico do da Organização Mundial do Comércio (OMC).

A partir daí, a aventura dos YES MEN acelerou-se, em 1999 (reparem que coincide com o desaparecimento público do professor em Portugal), duas semanas antes da célebre cimeira do milénio da OMC, que se realizou em Seattle. Estes activistas criaram um site da OMC em que propunham, entre outras coisas, o reaproveitamento “dos aspectos positivos da escravatura”, a “venda de votos no mercado livre” e a “reciclagem de macdonalds, comidos e defecados, para serem posteriormente reutilizados nos países pobres, como forma de combater a fome”. É de notar, que tirando a mastigação de hambúrgueres previamente defecados, todos estes itens constam já da célebre entrevista de Arroja à jornalista Fernanda Câncio.

Mas, concentremo-nos nas provas. Pedro Arroja confessou, na citada entrevista, defender a venda de votos. “É precisamente a pensar nos pobres que eu punha a questão da transacção do voto. Se uma pessoa tem direito a um voto mas não quer usá-lo, tem de o deitar fora. Noutro sistema, poderá vendê-lo a alguém que queira votar várias vezes. Já viu quantos pobrezinhos ficavam beneficiados?”, afirmou. Fernanda Câncio, suponho que meio atarantada, ainda conseguiu perguntar que significado cívico tinham esses votos transaccionados. Arroja não se encolheu e explicou: “produzia votos, esses sim, em consciência, porque eu para comprar três votos para um partido tinha de ter grande apreço por ele”.

Numa conferência internacional sobre regulamentação de serviços, realizada na Áustria, o YES MEN, disfarçado de dirigente do OMC, com o suposto nome de Bichlbauer, defendeu o ponto de vista de que é preciso acabar com os estrangulamentos ao mercado, no campo político, e permitir a venda livre de votos em bolsa, concretizando: “é um sistema que permite aos eleitores vender o seu voto pela melhor oferta. (…) Isto permite racionalizar o conjunto do processo eleitoral e, como todos os mercados, isto permite maximizar a satisfação dos consumidores e claro da empresas que lhe estão na origem”.

Sobre a escravatura, um dos YES MEN pronunciou uma defesa cerrada das virtudes da escravatura, que embora seja “um modelo moralmente pouco ético”, tinha excelentes resultados económicos. Nesse sentido – defendeu o orador numa conferencia internacional sobre têxteis realizada na Finlândia -, seria necessário meditar sobre a experiência e inventar uma força de trabalho “mais própria” que os actuais trabalhadores, com demasiadas liberdades. Por sua vez, o nosso professor afirmou o seguinte na já célebre entrevista: “o trabalhador escravo negro era duas vezes mais produtivo que o trabalhador negro. (…) Diz-se que os negros não trabalham, não sei quê…, e isto vem provar o contrário: mesmo sob condições de adversidade, a escravatura, os negros eram duplamente mais produtivos que os brancos. E os estados do sul, onde eles estavam concentrados, prosperaram muito mais do que os do Norte. Fantástico! (…) Eu não quero dizer que a escravatura era aceitável, mas não foi má para os negros em termos económicos”.

É por tudo isto que posso revelar com orgulho que Pedro Arroja é um agente do comunismo internacional infiltrado nas fileiras do liberalismo.

Foi certamente a sua sábia liderança nos YES MEN que levou o antigo director-geral da OMC Mike Moore a qualificar a acção desta organização como “deplorável”, e o presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush, a dizer literalmente o seguinte: “há limites, limites à …, euhhh, à liberdade. Mas, bom, euhhh… Nós conhecemos perfeitamente a existência deste site, estes tipos são uns merdosos, é o que eles são. E claro que eu não gosto deles, vocês também não gostarão”. Que maior elogio poderia desejar um revolucionário?

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