Passos antecipa-se e tenta esvaziar impacto de mais polémicas fiscais

06-03-2015
marcar artigo

Passos antecipa-se e tenta esvaziar impacto de mais polémicas fiscais

Lígia Simões e Inês David Bastos

04 Mar 2015

Primeiro-ministro diz que continuam a “remexer” na sua vida fiscal, liga casos ao “desespero” do PS e avisa: “Estou preparado”.

Passos Coelho passou à estratégia de antecipação e antes que surjam novas notícias sobre alegados incumprimentos fiscais anunciou ele próprio que continuam a "remexer" na sua vida fiscal para deixar a garantia que nada deve ao Fisco. E para avisar: "Estou preparado". Ainda com a polémica da dívida (já paga) à Segurança Social a criar-lhe mossa - a oposição em peso exige mais explicações - o primeiro-ministro aproveitou ontem o palco das jornadas parlamentares do PSD para se antecipar a novos casos e atacar.

"Faço questão de dizer aqui, porque tive ainda ontem [segunda-feira] conhecimento de que há pelo menos jornalistas e um jornal que querem expor aspectos da minha vida fiscal", revelou Passos, ligando as recentes polémicas "ao desespero que se começa a instalar em certas áreas políticas". Sem nunca nomear o PS, o chefe do Executivo lembrou as recentes sondagens (que dão empate técnico entre a maioria e o PS) para insinuar: "Não estão a revelar aquilo que se esperava e afinal estas eleições podem não ser um passeio".

Insinuações políticas à parte, e porque mostrou temer que mais notícias surjam, Passos até contou o teor do email que recebeu de um jornalista: "Tenho há vários anos elementos de que o senhor doutor Pedro Passos Coelho terá entregue declarações fora de prazo, entre outras matérias, e que por isso pode ter sido alvo destes processos, com número e tudo, em tal data e com tal valor. Confirma que entregou fora de prazo declarações e que pagou estas coimas e estas multas?".

Perante os deputados, Passos confirmou: "Muitas vezes na minha vida ou me atrasei ou entreguei na altura que o Estado me exigiu aquilo que me era exigível". Dando já a explicação que teria de dar se a alegada notícia for publicada, Passos rematou: "Posso dizer-vos uma coisa, nunca deixei de solver as minhas responsabilidades, não tenho nenhuma dívida ao Fisco". O chefe do Executivo não citou Sócrates mas indirectamente lembrou que ninguém pode dizer que usou o cargo para enriquecer ou prestar favores.

A jogada de antecipação foi preparada com o seu núcleo-duro. O Governo e a maioria têm cerrado fileiras em torno de Passos, desculpando a falta de pagamento à Segurança Social como um "erro" e um "lapso", mas o incómodo sente-se nos bastidores e o receio de que faça mossa na campanha também. Até porque a oposição promete não deixar cair o tema tão cedo. Ontem (ver texto ao lado), PS, BE e PCP enviaram por vias diferentes questões a Passos Coelho. Os comunistas fizeram-no de acordo com o regimento, através de Assunção Esteves. Mas o PS usou uma figura que nem consta do regimento do Parlamento: ser a comissão de Trabalho a colocar as questões. O Económico sabe que José Manuel Canavarro, presidente da Comissão de Trabalho, enviou o requerimento do PS para os serviços jurídicos para ver se é admissível. Tanto o PSD como o CDS tentavam ontem nos bastidores alertar para o "número político" do PS. "Querem que passe a ideia que a maioria rejeitou quando a figura não existe", alegou um deputado do CDS. O Económico tentou uma reacção da deputada do PS Sónia Fertuzinhos, que não respondeu até à hora do fecho desta edição.

O BE não descartou a possibilidade de sugerir uma comissão de inquérito mas ao Económico Catarina Martins disse que ainda há espaço para Passos esclarecer tanto os partidos, como os deputados no debate quinzenal de dia 11. Já no caso da Tecnoforma o primeiro-ministro só se explicou no debate quinzenal que se seguiu à polémica. Ontem, em resposta ao Económico, o gabinete de Passos admitiu que "por enquanto" o primeiro-ministro não falará mais sobre a questão.

Passos antecipa-se e tenta esvaziar impacto de mais polémicas fiscais

Lígia Simões e Inês David Bastos

04 Mar 2015

Primeiro-ministro diz que continuam a “remexer” na sua vida fiscal, liga casos ao “desespero” do PS e avisa: “Estou preparado”.

Passos Coelho passou à estratégia de antecipação e antes que surjam novas notícias sobre alegados incumprimentos fiscais anunciou ele próprio que continuam a "remexer" na sua vida fiscal para deixar a garantia que nada deve ao Fisco. E para avisar: "Estou preparado". Ainda com a polémica da dívida (já paga) à Segurança Social a criar-lhe mossa - a oposição em peso exige mais explicações - o primeiro-ministro aproveitou ontem o palco das jornadas parlamentares do PSD para se antecipar a novos casos e atacar.

"Faço questão de dizer aqui, porque tive ainda ontem [segunda-feira] conhecimento de que há pelo menos jornalistas e um jornal que querem expor aspectos da minha vida fiscal", revelou Passos, ligando as recentes polémicas "ao desespero que se começa a instalar em certas áreas políticas". Sem nunca nomear o PS, o chefe do Executivo lembrou as recentes sondagens (que dão empate técnico entre a maioria e o PS) para insinuar: "Não estão a revelar aquilo que se esperava e afinal estas eleições podem não ser um passeio".

Insinuações políticas à parte, e porque mostrou temer que mais notícias surjam, Passos até contou o teor do email que recebeu de um jornalista: "Tenho há vários anos elementos de que o senhor doutor Pedro Passos Coelho terá entregue declarações fora de prazo, entre outras matérias, e que por isso pode ter sido alvo destes processos, com número e tudo, em tal data e com tal valor. Confirma que entregou fora de prazo declarações e que pagou estas coimas e estas multas?".

Perante os deputados, Passos confirmou: "Muitas vezes na minha vida ou me atrasei ou entreguei na altura que o Estado me exigiu aquilo que me era exigível". Dando já a explicação que teria de dar se a alegada notícia for publicada, Passos rematou: "Posso dizer-vos uma coisa, nunca deixei de solver as minhas responsabilidades, não tenho nenhuma dívida ao Fisco". O chefe do Executivo não citou Sócrates mas indirectamente lembrou que ninguém pode dizer que usou o cargo para enriquecer ou prestar favores.

A jogada de antecipação foi preparada com o seu núcleo-duro. O Governo e a maioria têm cerrado fileiras em torno de Passos, desculpando a falta de pagamento à Segurança Social como um "erro" e um "lapso", mas o incómodo sente-se nos bastidores e o receio de que faça mossa na campanha também. Até porque a oposição promete não deixar cair o tema tão cedo. Ontem (ver texto ao lado), PS, BE e PCP enviaram por vias diferentes questões a Passos Coelho. Os comunistas fizeram-no de acordo com o regimento, através de Assunção Esteves. Mas o PS usou uma figura que nem consta do regimento do Parlamento: ser a comissão de Trabalho a colocar as questões. O Económico sabe que José Manuel Canavarro, presidente da Comissão de Trabalho, enviou o requerimento do PS para os serviços jurídicos para ver se é admissível. Tanto o PSD como o CDS tentavam ontem nos bastidores alertar para o "número político" do PS. "Querem que passe a ideia que a maioria rejeitou quando a figura não existe", alegou um deputado do CDS. O Económico tentou uma reacção da deputada do PS Sónia Fertuzinhos, que não respondeu até à hora do fecho desta edição.

O BE não descartou a possibilidade de sugerir uma comissão de inquérito mas ao Económico Catarina Martins disse que ainda há espaço para Passos esclarecer tanto os partidos, como os deputados no debate quinzenal de dia 11. Já no caso da Tecnoforma o primeiro-ministro só se explicou no debate quinzenal que se seguiu à polémica. Ontem, em resposta ao Económico, o gabinete de Passos admitiu que "por enquanto" o primeiro-ministro não falará mais sobre a questão.

marcar artigo