Twitter: António Costa é o líder de partido com mais menções negativas

01-10-2015
marcar artigo

Bola e política. No Twitter à portuguesa, não há muito mais que isto. E se quanto ao campeonato de futebol ainda é cedo para se perfilar um vencedor, no que toca à política o momento de todas as decisões aproxima-se. A 4 de outubro, Portugal vai eleger um novo Parlamento e, consequentemente, um novo Governo. O que dizem os tuiteiros sobre isto? O projeto Popstar, que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos quatro anos, também não permite saber qual será o vencedor das próximas legislativas, mas pelo menos consegue apurar que António Costa, secretário-geral do PS, é o líder partidário que concentra mais menções negativas no Twitter, superando Passos Coelho, presidente do PSD e primeiro-ministro durante os últimos quatro anos, que se queda pelo segundo lugar da negatividade do portal dos 140 carateres.

Até 17 de setembro, o Popstar apurou que António Costa contabilizou 37,2% das menções negativas veiculadas no Twitter; Passos Coelho agrega um total de 32,1% de menções negativas na mesma rede social. O diferencial chegou a ser ainda mais negativo para o líder do PS: quando tomou posse como secretário-geral, António Costa abarcou 70% das menções negativas do Twitter, enquanto Pedro Passos Coelho não superava 33% (um tweet pode dizer mal de mais de uma pessoa e por isso é possível superar os 100% somando as percentagens de menções dos dois líderes partidários). Paulo Portas, presidente do CDS-PP, é o único que consegue ombrear com Passos e Costa, com 19,8% das menções negativas a 17 de setembro.

Demasiado longe para disputarem os lugares cimeiros da negatividade figuram Jerónimo Martins, líder do PCP, com 2,5% de menções negativas; e Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda (analisada ainda com João Semedo, o outro membro da extinta liderança bicéfala), com 8,1% dos tweets negativos.

No Twitter, as menções negativas costumam aumentar proporcionalmente com o número total de menções. Os elogios são tão raros, que exigem métodos de cálculos especiais para poderem ser analisado com propriedade. «Geralmente, as pessoas não vão para o Twitter dizer bem dos seus candidatos, mas sim para criticar os adversários», explica Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICSUL) e um dos mentores do dsenvolvimento do Popstar.

O especialista em sondagens que se tornou conhecido dos portugueses ao analisar as noites de escrutínio na TV lembra que as menções negativas no Twitter não devem ser encaradas como uma tendência de voto, mas também não podem ser ignoradas pelos gestores de uma campanha eleitoral: «Ter mais menções negativas não é mau para António Costa, mas também não é bom, porque pode vir a indiciar uma rejeição», atenta Pedro Magalhães.

100 mil tuiteiros

O Popstar começou a operar em 2011, despois de selada uma parceria que junta investigadores do ICSUL, do Inesc-ID, da FEUP, e do Núcleo de Investigação em Políticas Económicas da Universidade do Minho. O projeto, que foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e chegou a ser distinguido no estrangeiro, tem por base a monitorização de tweets de cerca de 100 mil portugueses, com recurso a ferramentas de análise de dados desenvolvidas nos laboratórios do Sapo e da FEUP. Antes desta monitorização em tempo real, os investigadores tiveram de “ensinar” a plataforma a classificar os diferentes textos, tendo como referência a interpretações que utilizadores (humanos) fizeram de um total de 1500 tweets.

Hoje, a plataforma alojada nos servidores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) tem a capacidade para distinguir ambiguidades, ironias ou homonomias – e também para classificar as menções dos vários utilizadores como positivas, negativas ou neutras. A informação é recolhida em tempo real, mas é disponibilizada ao público com uma cadência diária.

Pedro Saleiro, investigador e aluno de doutoramento da FEUP que tem vindo a aperfeiçoar a ferramenta de processamento de textos usada pelo Popstar, recorda que no dia 9 de setembro, data do “duelo” televisivo entre Passos e Costa, proliferaram as menções aos líderes do PS e do PSD no Twitter (4545 para Costa; 5276 para Passos): «Apenas José Sócrates, quando deu a primeira entrevista depois de ter deixado de ser primeiro-ministro, conseguiu superar o total de menções obtido por cada líder partidário depois do debate na TV. Paulo Portas também chegou a um nível comparável quando disse que se demitia irrevogavelmente do governo».

O Twitter pode não dar votos, mas já não restam dúvidas de que é uma arena política. E por isso, Costa e Passos não deverão perder de vista outros quadros que ajudam a compreender melhor os sentimentos que geram entre tuiteiros: António Costa conta com 40,3% das menções (positivas, neutras ou negativas) de líderes partidários no Twitter; Passos Coelho não vai além dos 29,9%. O que permite apurar que António Costa tem mais menções – e, não menos importante, menos menções negativas face ao total de menções registadas (o que pressupõe também uma maior percentagem de menções positivas e neutras).

Noutro quadro fornecido pelo Popstar, Costa volta a ter menos razões para sorrir: através da aplicação do modelo estatístico Wilson Score ao total de tweets recolhidos, os mentores do Popstar estimaram em 94,8% a probabilidade de sentimento negativo para o secretário geral do PS. Em contrapartida, a mesma estimativa está fixada nos 90,5% para Passos Coelho.

Nos EUA, há candidatos que recorrem às denominadas “Twitter farms” sedeadas na Índia para “trucidarem” oponentes políticos com campanhas negativas que têm por base contas de origem duvidosa. Em Portugal, a realidade será um pouco diferente, acredita Pedro Magalhães. Até porque o Twitter não é apontado como fonte de informação política para 20% da população, como sucede nos EUA.

«Os utilizadores do Twitter não são representativos da população portuguesa, e não vale a pena relacionar negatividade com intenções de voto, embora um discurso de um político que seja considerado cada vez mais negativo possa vir a produzir reflexos na opinião pública», explica Pedro Magalhães.

O Facebook, com 3,8 milhões de utilizadores diários, lidera destacado as preferências no que toca a redes sociais mais usadas em Portugal – e poderia atuar como um barómetro mais preciso e representantivo das tendências de voto. «É possível expandir esta ferramenta para o Facebook, mas nesse caso apenas podemos analisar os posts que são públicos (e que não estão confinados a grupos privados). O que pode limitar um pouco. Em contrapartida, podemos analisar os comentários gerados pelos posts publicados por uma personalidade política. É algo que já testámos com os 50 mil comentários gerados por um post que Passos Coelho publicou no Facebook, com o objetivo de explicar as medidas de austeridade», refere Pedro Saleiro.

Os criadores do Popstar recordam que não há muitas ferramentas de processamento de linguagem natural que estejam aptas a analisar textos em Português, que incidam sobre personalidades, entidades e marcas, em vez de tópicos ou hashtags, que nem sempre evitam os erros criados pela ambiguidade ou homonomia.

Por enquanto, o Popstar é um protótipo. Pedro Saleiro acredita que pode tornar-se um produto completo, capaz de analisar repositórios de leis, processos de tribunais, ficheiros de hospitais, ou apenas monitorizar o que se diz sobre um produto na Internet: «Já tivemos os primeiros contactos exploratórios por parte de empresas que mostraram interesse em usar esta ferramenta para finalidades de marketing e presença nos média».

Bola e política. No Twitter à portuguesa, não há muito mais que isto. E se quanto ao campeonato de futebol ainda é cedo para se perfilar um vencedor, no que toca à política o momento de todas as decisões aproxima-se. A 4 de outubro, Portugal vai eleger um novo Parlamento e, consequentemente, um novo Governo. O que dizem os tuiteiros sobre isto? O projeto Popstar, que tem vindo a ser desenvolvido nos últimos quatro anos, também não permite saber qual será o vencedor das próximas legislativas, mas pelo menos consegue apurar que António Costa, secretário-geral do PS, é o líder partidário que concentra mais menções negativas no Twitter, superando Passos Coelho, presidente do PSD e primeiro-ministro durante os últimos quatro anos, que se queda pelo segundo lugar da negatividade do portal dos 140 carateres.

Até 17 de setembro, o Popstar apurou que António Costa contabilizou 37,2% das menções negativas veiculadas no Twitter; Passos Coelho agrega um total de 32,1% de menções negativas na mesma rede social. O diferencial chegou a ser ainda mais negativo para o líder do PS: quando tomou posse como secretário-geral, António Costa abarcou 70% das menções negativas do Twitter, enquanto Pedro Passos Coelho não superava 33% (um tweet pode dizer mal de mais de uma pessoa e por isso é possível superar os 100% somando as percentagens de menções dos dois líderes partidários). Paulo Portas, presidente do CDS-PP, é o único que consegue ombrear com Passos e Costa, com 19,8% das menções negativas a 17 de setembro.

Demasiado longe para disputarem os lugares cimeiros da negatividade figuram Jerónimo Martins, líder do PCP, com 2,5% de menções negativas; e Catarina Martins, líder do Bloco de Esquerda (analisada ainda com João Semedo, o outro membro da extinta liderança bicéfala), com 8,1% dos tweets negativos.

No Twitter, as menções negativas costumam aumentar proporcionalmente com o número total de menções. Os elogios são tão raros, que exigem métodos de cálculos especiais para poderem ser analisado com propriedade. «Geralmente, as pessoas não vão para o Twitter dizer bem dos seus candidatos, mas sim para criticar os adversários», explica Pedro Magalhães, investigador do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICSUL) e um dos mentores do dsenvolvimento do Popstar.

O especialista em sondagens que se tornou conhecido dos portugueses ao analisar as noites de escrutínio na TV lembra que as menções negativas no Twitter não devem ser encaradas como uma tendência de voto, mas também não podem ser ignoradas pelos gestores de uma campanha eleitoral: «Ter mais menções negativas não é mau para António Costa, mas também não é bom, porque pode vir a indiciar uma rejeição», atenta Pedro Magalhães.

100 mil tuiteiros

O Popstar começou a operar em 2011, despois de selada uma parceria que junta investigadores do ICSUL, do Inesc-ID, da FEUP, e do Núcleo de Investigação em Políticas Económicas da Universidade do Minho. O projeto, que foi financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) e chegou a ser distinguido no estrangeiro, tem por base a monitorização de tweets de cerca de 100 mil portugueses, com recurso a ferramentas de análise de dados desenvolvidas nos laboratórios do Sapo e da FEUP. Antes desta monitorização em tempo real, os investigadores tiveram de “ensinar” a plataforma a classificar os diferentes textos, tendo como referência a interpretações que utilizadores (humanos) fizeram de um total de 1500 tweets.

Hoje, a plataforma alojada nos servidores da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (FEUP) tem a capacidade para distinguir ambiguidades, ironias ou homonomias – e também para classificar as menções dos vários utilizadores como positivas, negativas ou neutras. A informação é recolhida em tempo real, mas é disponibilizada ao público com uma cadência diária.

Pedro Saleiro, investigador e aluno de doutoramento da FEUP que tem vindo a aperfeiçoar a ferramenta de processamento de textos usada pelo Popstar, recorda que no dia 9 de setembro, data do “duelo” televisivo entre Passos e Costa, proliferaram as menções aos líderes do PS e do PSD no Twitter (4545 para Costa; 5276 para Passos): «Apenas José Sócrates, quando deu a primeira entrevista depois de ter deixado de ser primeiro-ministro, conseguiu superar o total de menções obtido por cada líder partidário depois do debate na TV. Paulo Portas também chegou a um nível comparável quando disse que se demitia irrevogavelmente do governo».

O Twitter pode não dar votos, mas já não restam dúvidas de que é uma arena política. E por isso, Costa e Passos não deverão perder de vista outros quadros que ajudam a compreender melhor os sentimentos que geram entre tuiteiros: António Costa conta com 40,3% das menções (positivas, neutras ou negativas) de líderes partidários no Twitter; Passos Coelho não vai além dos 29,9%. O que permite apurar que António Costa tem mais menções – e, não menos importante, menos menções negativas face ao total de menções registadas (o que pressupõe também uma maior percentagem de menções positivas e neutras).

Noutro quadro fornecido pelo Popstar, Costa volta a ter menos razões para sorrir: através da aplicação do modelo estatístico Wilson Score ao total de tweets recolhidos, os mentores do Popstar estimaram em 94,8% a probabilidade de sentimento negativo para o secretário geral do PS. Em contrapartida, a mesma estimativa está fixada nos 90,5% para Passos Coelho.

Nos EUA, há candidatos que recorrem às denominadas “Twitter farms” sedeadas na Índia para “trucidarem” oponentes políticos com campanhas negativas que têm por base contas de origem duvidosa. Em Portugal, a realidade será um pouco diferente, acredita Pedro Magalhães. Até porque o Twitter não é apontado como fonte de informação política para 20% da população, como sucede nos EUA.

«Os utilizadores do Twitter não são representativos da população portuguesa, e não vale a pena relacionar negatividade com intenções de voto, embora um discurso de um político que seja considerado cada vez mais negativo possa vir a produzir reflexos na opinião pública», explica Pedro Magalhães.

O Facebook, com 3,8 milhões de utilizadores diários, lidera destacado as preferências no que toca a redes sociais mais usadas em Portugal – e poderia atuar como um barómetro mais preciso e representantivo das tendências de voto. «É possível expandir esta ferramenta para o Facebook, mas nesse caso apenas podemos analisar os posts que são públicos (e que não estão confinados a grupos privados). O que pode limitar um pouco. Em contrapartida, podemos analisar os comentários gerados pelos posts publicados por uma personalidade política. É algo que já testámos com os 50 mil comentários gerados por um post que Passos Coelho publicou no Facebook, com o objetivo de explicar as medidas de austeridade», refere Pedro Saleiro.

Os criadores do Popstar recordam que não há muitas ferramentas de processamento de linguagem natural que estejam aptas a analisar textos em Português, que incidam sobre personalidades, entidades e marcas, em vez de tópicos ou hashtags, que nem sempre evitam os erros criados pela ambiguidade ou homonomia.

Por enquanto, o Popstar é um protótipo. Pedro Saleiro acredita que pode tornar-se um produto completo, capaz de analisar repositórios de leis, processos de tribunais, ficheiros de hospitais, ou apenas monitorizar o que se diz sobre um produto na Internet: «Já tivemos os primeiros contactos exploratórios por parte de empresas que mostraram interesse em usar esta ferramenta para finalidades de marketing e presença nos média».

marcar artigo