Passos garante que Lula não tentou “meter cunha” para empresa brasileira

06-10-2015
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De acordo com Passos Coelho, o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, não tentou "meter nenhuma cunha" a favor da Odebrecht ou de outra empresa brasileira, depois de a imprensa brasileira ter revelado que Lula terá usado canais diplomáticos para pedir a Passos Coelho para olhar para os interesses da empresa.

"O ex-presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha para nenhuma empresa brasileira. Para ser uma coisa que toda a gente perceba direitinho, é assim. Não me veio dizer: há aqui uma empresa que eu gostava que o senhor, se pudesse, desse ali um jeitinho. Isso não aconteceu. E nem aconteceria, estou eu convencido, nem da parte dele, nem da minha parte", afirmou Pedro Passos Coelho.

Em resposta aos jornalistas, no final de uma conferência, num hotel de Lisboa, o chefe do executivo PSD/CDS-PP adiantou que não recebeu nenhum pedido de informações das autoridades judiciais brasileiras sobre este assunto: "Não, nenhum".

Justiça brasileira pediu ajuda a Portugal

A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu esta segunda-feira ter recebido um pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades brasileiras que investigam o processo "Lava Jato", que segundo a imprensa brasileira envolve o ex-presidente Lula da Silva e a construtora Odebrecht.

"Confirma-se a receção de pedido de cooperação judiciária internacional, através de carta rogatória. O teor do pedido formulado pelas autoridades brasileiras é de natureza reservada. O Ministério Público (MP) português não deixará de investigar todos os factos com relevância criminal que cheguem ao seu conhecimento", referiu a PGR à agência Lusa a propósito do pedido de auxílio das autoridades brasileiras que investigam um dos maiores casos de corrupção e tráfico de influências no Brasil.

Segundo noticiou domingo o jornal "O Globo", o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, terá pedido ao primeiro-ministro português, Passos Coelho, para dar atenção aos interesses da Odebrecht na privatização da EGF, a sub-holding da Águas de Portugal.

Lula da Silva é investigado por alegadamente favorecer a construtora Odebrecht a obter contratos durante viagens para África e na América Latina, entre 2011 e 2014, quando já não era chefe de Governo.

Os dois telegramas

De acordo com telegramas diplomáticos trocados entre chefes de postos brasileiros no exterior e o Ministério das Relações Exteriores, entre 2011 e 2014, "as atividades do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor do grupo Odebrecht no exterior foram além da contratação para proferir palestras, contrariando o que o petista [do Partido dos Trabalhadores] e a construtora têm sustentado".

A movimentação do ex-presidente brasileiro em Portugal é relatada em dois telegramas: a 25 de outubro de 2013, o embaixador brasileiro em Lisboa, Mario Vilalva, enviou um comunicado sobre a visita de Lula a Portugal, no qual o diplomata deixa claro que a visita do ex-presidente resultava do convite da Odebrecht, por ocasião dos 25 anos de presença da construtora brasileira em Portugal.

Menos de sete meses depois, noutro telegrama, numa análise sobre a privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), Vilalva notava que as empresas brasileiras Odebrecht e Solvi, em parceria com o grupo português Visabeira, demonstraram interesse no negócio, o que gerou simpatia dos formadores de opinião em Portugal, referindo "a ação direta de Lula em favor da Odebrecht".

"O ex-presidente também reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente ao pleito brasileiro", informou o diplomata, citado pelo "O Globo", que refere que o contacto a favor da construtora foi feito em privado.

Lula da Silva deu uma entrevista à televisão portuguesa, a propósito dos 40 anos da Revolução dos Cravos e abordando vários temas, defendendo uma maior participação de empresas brasileiras nas privatizações conduzidas em Portugal, sem citar nenhuma empresa.

Na ocasião do telegrama, a construtora brasileira era uma das sete que tinham manifestado oficialmente interesse na privatização da EGF, mas dois meses depois a Odebrecht acabou por não formalizar uma proposta.

O cofre de Marcelo

O "Globo" afirma que, no âmbito das buscas que a Polícia Federal efetuou à casa do empreiteiro, a 19 de junho, "durante a 14.ª etapa da Lava Jato", foram apreendidos "documentos, correspondências e mídias", sendo que "um HD que estava num cofre no quarto de Marcelo Odebrecht armazenava troca de mensagens sobre o jantar".

O Instituto Lula rejeitou as acusações, frisando que "o ex-presidente não atuou em favor da Odebrecht, nem fez gestão a favor da empresa", referindo que Lula da Silva se limitou a comentar "o interesse da empresa brasileira pela empresa portuguesa (...), que, aliás, era público há muito tempo".

Entretanto, e segundo o jornal "Correio da Manhã", podem estar em causa algumas das recentes viagens do ex-presidente brasileiro a Portugal: seis delas estão a ser alvo de investigação por terem sido alegadamente pagas pela construtora Odebrecth, incluindo a vinda de Lula a Lisboa, em 2013, para apresentar o livro de José Sócrates sobre a tortura em democracia.

O presidente da Odebrecht Portugal, Fábio Januário, garantiu, no entanto, em declarações ao Expresso que aquela viagem financiada pela construtora foi apenas para trazer Lula às comemorações dos 25 anos da empresa.

De acordo com Passos Coelho, o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, não tentou "meter nenhuma cunha" a favor da Odebrecht ou de outra empresa brasileira, depois de a imprensa brasileira ter revelado que Lula terá usado canais diplomáticos para pedir a Passos Coelho para olhar para os interesses da empresa.

"O ex-presidente Lula da Silva não me veio meter nenhuma cunha para nenhuma empresa brasileira. Para ser uma coisa que toda a gente perceba direitinho, é assim. Não me veio dizer: há aqui uma empresa que eu gostava que o senhor, se pudesse, desse ali um jeitinho. Isso não aconteceu. E nem aconteceria, estou eu convencido, nem da parte dele, nem da minha parte", afirmou Pedro Passos Coelho.

Em resposta aos jornalistas, no final de uma conferência, num hotel de Lisboa, o chefe do executivo PSD/CDS-PP adiantou que não recebeu nenhum pedido de informações das autoridades judiciais brasileiras sobre este assunto: "Não, nenhum".

Justiça brasileira pediu ajuda a Portugal

A Procuradoria-Geral da República (PGR) esclareceu esta segunda-feira ter recebido um pedido de cooperação judiciária internacional das autoridades brasileiras que investigam o processo "Lava Jato", que segundo a imprensa brasileira envolve o ex-presidente Lula da Silva e a construtora Odebrecht.

"Confirma-se a receção de pedido de cooperação judiciária internacional, através de carta rogatória. O teor do pedido formulado pelas autoridades brasileiras é de natureza reservada. O Ministério Público (MP) português não deixará de investigar todos os factos com relevância criminal que cheguem ao seu conhecimento", referiu a PGR à agência Lusa a propósito do pedido de auxílio das autoridades brasileiras que investigam um dos maiores casos de corrupção e tráfico de influências no Brasil.

Segundo noticiou domingo o jornal "O Globo", o ex-presidente do Brasil, Lula da Silva, terá pedido ao primeiro-ministro português, Passos Coelho, para dar atenção aos interesses da Odebrecht na privatização da EGF, a sub-holding da Águas de Portugal.

Lula da Silva é investigado por alegadamente favorecer a construtora Odebrecht a obter contratos durante viagens para África e na América Latina, entre 2011 e 2014, quando já não era chefe de Governo.

Os dois telegramas

De acordo com telegramas diplomáticos trocados entre chefes de postos brasileiros no exterior e o Ministério das Relações Exteriores, entre 2011 e 2014, "as atividades do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em favor do grupo Odebrecht no exterior foram além da contratação para proferir palestras, contrariando o que o petista [do Partido dos Trabalhadores] e a construtora têm sustentado".

A movimentação do ex-presidente brasileiro em Portugal é relatada em dois telegramas: a 25 de outubro de 2013, o embaixador brasileiro em Lisboa, Mario Vilalva, enviou um comunicado sobre a visita de Lula a Portugal, no qual o diplomata deixa claro que a visita do ex-presidente resultava do convite da Odebrecht, por ocasião dos 25 anos de presença da construtora brasileira em Portugal.

Menos de sete meses depois, noutro telegrama, numa análise sobre a privatização da Empresa Geral de Fomento (EGF), Vilalva notava que as empresas brasileiras Odebrecht e Solvi, em parceria com o grupo português Visabeira, demonstraram interesse no negócio, o que gerou simpatia dos formadores de opinião em Portugal, referindo "a ação direta de Lula em favor da Odebrecht".

"O ex-presidente também reforçou o interesse da Odebrecht pela EGF ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que reagiu positivamente ao pleito brasileiro", informou o diplomata, citado pelo "O Globo", que refere que o contacto a favor da construtora foi feito em privado.

Lula da Silva deu uma entrevista à televisão portuguesa, a propósito dos 40 anos da Revolução dos Cravos e abordando vários temas, defendendo uma maior participação de empresas brasileiras nas privatizações conduzidas em Portugal, sem citar nenhuma empresa.

Na ocasião do telegrama, a construtora brasileira era uma das sete que tinham manifestado oficialmente interesse na privatização da EGF, mas dois meses depois a Odebrecht acabou por não formalizar uma proposta.

O cofre de Marcelo

O "Globo" afirma que, no âmbito das buscas que a Polícia Federal efetuou à casa do empreiteiro, a 19 de junho, "durante a 14.ª etapa da Lava Jato", foram apreendidos "documentos, correspondências e mídias", sendo que "um HD que estava num cofre no quarto de Marcelo Odebrecht armazenava troca de mensagens sobre o jantar".

O Instituto Lula rejeitou as acusações, frisando que "o ex-presidente não atuou em favor da Odebrecht, nem fez gestão a favor da empresa", referindo que Lula da Silva se limitou a comentar "o interesse da empresa brasileira pela empresa portuguesa (...), que, aliás, era público há muito tempo".

Entretanto, e segundo o jornal "Correio da Manhã", podem estar em causa algumas das recentes viagens do ex-presidente brasileiro a Portugal: seis delas estão a ser alvo de investigação por terem sido alegadamente pagas pela construtora Odebrecth, incluindo a vinda de Lula a Lisboa, em 2013, para apresentar o livro de José Sócrates sobre a tortura em democracia.

O presidente da Odebrecht Portugal, Fábio Januário, garantiu, no entanto, em declarações ao Expresso que aquela viagem financiada pela construtora foi apenas para trazer Lula às comemorações dos 25 anos da empresa.

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