Pedro Passos Coelho almoça com Bloggers – Parte 1:

27-11-2014
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O que faz um regionalista convicto e blogger amador percorrer seis centenas de quilómetros para almoçar num dia de trabalho e de intenso dilúvio?

“Sou a favor da existência do Rendimento Social de Inserção”

O respeito por um político que considera fundamental ouvir as opiniões e as perguntas dos diferentes bloggers portugueses. E se ele nos respeita, quiçá exageradamente, seria desrespeitoso não aceder ao convite. Independentemente das questões ideológicas, sejamos de direita, esquerda, centro ou de nenhuma delas, não podemos, enquanto animadores desta realidade denominada blogosfera, deixar de reconhecer que Pedro Passos Coelho é, que me lembre, o primeiro político à direita do Partido Socialista que nos considera. Mais, que se presta a ser interrogado por terceiros e sem rede. Meus amigos, completamente sem rede – nem um papel de apoio, nem um assessor a soprar ao ouvido, nada. É ou não é coisa rara?

O encontro estava marcado para as 13h no restaurante Spazio Buondi em Lisboa. Nele compareceram o Aventar (repetente), o 31 da Armada, o Albergue Espanhol, o Insurgente, o Delito de Opinião, o Blogue de Esquerda – se falta algum, desde já as minhas desculpas. Não querendo repetir a prosa do nosso Miguel (nem tenho arte para tal), gastarei apenas uma linha para as questões gastronómicas: passei ao de leve por algumas das entradas (presunto, queijo fresco, ovas e sardinhas de escabeche), comi um bom rosbife e terminei com dois cafés.

“A reforma das políticas sociais é uma das minhas grandes prioridades – a Educação, a Saúde, a Segurança Social e o Apoio Social terá de ser gerido como um todo, uma gestão em globo”.

A conversa foi longa, viva e interessante. Obviamente, deixarei para o fim a minha opinião mais pessoal sobre o anfitrião e o encontro. Entendo que as mais de três horas de debate de ideias não podem ser resumidas num único post e, por isso mesmo, vou dividir em partes: Na primeira parte, que publico hoje, as questões económicas e financeiras; na segunda parte o Investimento Público, o TGV e a Justiça e, numa terceira, a Regionalização, a adopção pelos casais homossexuais, a liberalização das drogas leves, o PSD e a conclusão.

O anfitrião abriu as hostilidades apresentando alguns dos motivos que o fazem ser candidato a Presidente do PSD e o que pretende para o partido e para o país. Avisando que está a construir um projecto e a discuti-lo com transparência com todos, dentro e fora do partido. Mas mais do que falar, ele estava ali para ouvir o que as pessoas tinham para lhe dizer e para o questionar.

Os temas económicos serviram de arranque: confessando não ter antecipado a magnitude da crise Mundial, sobretudo quando vê o que aconteceu à Islândia, Grécia e ao Dubai: “Há dois anos atrás não pensava que a situação económica mundial estivesse tão má, julgo que não havia uma noção exacta”.

“Não estou pessimista, estou realista”

Começou por criticar o excessivo optimismo do Governo e do Banco de Portugal no início e durante toda a crise, entende que podemos sair desta situação crítica mas que tal vai obrigar a percorrer um caminho diferente e bem difícil. Objectivamente, em seu entender, a crise deriva de falha do mercado e falha da supervisão. Logo aqui alguém na mesa atirou, salvo seja, com a Caixa Geral de Depósitos e a sua ideia de privatização da mesma: “Este não é o momento adequado para privatizar a CGD”. Recordando que a Caixa serviu de instrumento para nacionalizar o BPN e informalmente o BCP. Quando hoje todos reclamam uma maior transparência na gestão da CGD tal merece uma intervenção para alterar o sistema de governação da Caixa obrigando-a a explicar-se ao mercado e à sociedade. Ora, Pedro Passos Coelho defende a criação de um conselho estratégico na CGD nomeado pelo Parlamento e constituído por personalidades representativas dos diferentes partidos com assento parlamentar (se eu percebi bem).

Defende que a Caixa deveria proceder a um aumento de capital e aproveitar para o dispersar (esse aumento) em bolsa. Estando convencido que, dessa forma, boa parte do problema se resolvia – avisando que, provavelmente, este Governo o fará de molde a obter receitas extraordinárias.

“Sou um social-democrata dos tempos em que vivemos, não dos anos 60, esse tempo não volta”

“Não estamos a viver uma ressaca do Liberalismo mas sim uma ressaca do excessivo optimismo do sistema financeiro e dos seus reguladores”, afirmou lembrando que o acesso fácil a dinheiro barato foi o verdadeiro problema e causa da crise, onde alguns, muitos, esqueceram que “crescer muito e em pouco tempo só através de endividamento. Só que as dívidas pagam-se”.

“Em Portugal a esmagadora maioria dos salários são muito baixos e não defendo a desregulamentação do mercado de trabalho”

Mas pensar que se resolve o problema regressando aos tempos nos quais o Estado dominava o sector empresarial é um erro e é não aprender com os erros cometidos no passado. Tal não é possível nem desejável e implicaria um maior endividamento do país e resultaria em má gestão, como se viu no passado e ainda se vê em boa parte das empresas públicas, como exemplo máximo são as empresas de transportes.

“Existe sempre um conjunto de bens públicos cujo financiamento terá de ser responsabilidade do Estado” “Temos é de saber distinguir muito bem o que é público e o que é privado” “Aceito uma partilha mais efectiva com a área não pública, via plafonamento, nas áreas da Educação, Saúde e Segurança Social”

“O Estado terá de garantir um mínimo de dignidade aos mais desfavorecidos mas o sistema social dos anos 50/60 já não é possível de aplicar nas sociedades actuais, Se o Estado não pode garantir tudo a toda a gente terá, pelo menos, que o garantir aos mais desfavorecidos”.

Entende que poderemos vir a ter graves problemas de financiamento externo mas a função social do Estado nunca poderá ser posta em causa embora a prestação desse serviço social pode vir a degradar-se. E por isso mesmo “A reforma das políticas sociais é uma das minhas grandes prioridades – a Educação, a Saúde, a Segurança Social e o

“Defendo, ainda, a necessidade de congelar os salários na Função Pública”

Apoio Social terá de ser gerido como um todo, uma gestão em globo”. Nessa perspectiva, entende que a gestão pública terá de se aproximar das regras da gestão privada: por objectivos, por resultados e responsabilizando os gestores.

Defende, ainda, a necessidade de congelar os salários na Função Pública sem prejudicar os que derivam de progressão na carreira mas, dentro destes, congelar as progressões automáticas por antiguidade.

Amanhã publico a 2ª parte deste encontro com os seguintes temas: Investimento Público, TGV e Justiça

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O que faz um regionalista convicto e blogger amador percorrer seis centenas de quilómetros para almoçar num dia de trabalho e de intenso dilúvio?

“Sou a favor da existência do Rendimento Social de Inserção”

O respeito por um político que considera fundamental ouvir as opiniões e as perguntas dos diferentes bloggers portugueses. E se ele nos respeita, quiçá exageradamente, seria desrespeitoso não aceder ao convite. Independentemente das questões ideológicas, sejamos de direita, esquerda, centro ou de nenhuma delas, não podemos, enquanto animadores desta realidade denominada blogosfera, deixar de reconhecer que Pedro Passos Coelho é, que me lembre, o primeiro político à direita do Partido Socialista que nos considera. Mais, que se presta a ser interrogado por terceiros e sem rede. Meus amigos, completamente sem rede – nem um papel de apoio, nem um assessor a soprar ao ouvido, nada. É ou não é coisa rara?

O encontro estava marcado para as 13h no restaurante Spazio Buondi em Lisboa. Nele compareceram o Aventar (repetente), o 31 da Armada, o Albergue Espanhol, o Insurgente, o Delito de Opinião, o Blogue de Esquerda – se falta algum, desde já as minhas desculpas. Não querendo repetir a prosa do nosso Miguel (nem tenho arte para tal), gastarei apenas uma linha para as questões gastronómicas: passei ao de leve por algumas das entradas (presunto, queijo fresco, ovas e sardinhas de escabeche), comi um bom rosbife e terminei com dois cafés.

“A reforma das políticas sociais é uma das minhas grandes prioridades – a Educação, a Saúde, a Segurança Social e o Apoio Social terá de ser gerido como um todo, uma gestão em globo”.

A conversa foi longa, viva e interessante. Obviamente, deixarei para o fim a minha opinião mais pessoal sobre o anfitrião e o encontro. Entendo que as mais de três horas de debate de ideias não podem ser resumidas num único post e, por isso mesmo, vou dividir em partes: Na primeira parte, que publico hoje, as questões económicas e financeiras; na segunda parte o Investimento Público, o TGV e a Justiça e, numa terceira, a Regionalização, a adopção pelos casais homossexuais, a liberalização das drogas leves, o PSD e a conclusão.

O anfitrião abriu as hostilidades apresentando alguns dos motivos que o fazem ser candidato a Presidente do PSD e o que pretende para o partido e para o país. Avisando que está a construir um projecto e a discuti-lo com transparência com todos, dentro e fora do partido. Mas mais do que falar, ele estava ali para ouvir o que as pessoas tinham para lhe dizer e para o questionar.

Os temas económicos serviram de arranque: confessando não ter antecipado a magnitude da crise Mundial, sobretudo quando vê o que aconteceu à Islândia, Grécia e ao Dubai: “Há dois anos atrás não pensava que a situação económica mundial estivesse tão má, julgo que não havia uma noção exacta”.

“Não estou pessimista, estou realista”

Começou por criticar o excessivo optimismo do Governo e do Banco de Portugal no início e durante toda a crise, entende que podemos sair desta situação crítica mas que tal vai obrigar a percorrer um caminho diferente e bem difícil. Objectivamente, em seu entender, a crise deriva de falha do mercado e falha da supervisão. Logo aqui alguém na mesa atirou, salvo seja, com a Caixa Geral de Depósitos e a sua ideia de privatização da mesma: “Este não é o momento adequado para privatizar a CGD”. Recordando que a Caixa serviu de instrumento para nacionalizar o BPN e informalmente o BCP. Quando hoje todos reclamam uma maior transparência na gestão da CGD tal merece uma intervenção para alterar o sistema de governação da Caixa obrigando-a a explicar-se ao mercado e à sociedade. Ora, Pedro Passos Coelho defende a criação de um conselho estratégico na CGD nomeado pelo Parlamento e constituído por personalidades representativas dos diferentes partidos com assento parlamentar (se eu percebi bem).

Defende que a Caixa deveria proceder a um aumento de capital e aproveitar para o dispersar (esse aumento) em bolsa. Estando convencido que, dessa forma, boa parte do problema se resolvia – avisando que, provavelmente, este Governo o fará de molde a obter receitas extraordinárias.

“Sou um social-democrata dos tempos em que vivemos, não dos anos 60, esse tempo não volta”

“Não estamos a viver uma ressaca do Liberalismo mas sim uma ressaca do excessivo optimismo do sistema financeiro e dos seus reguladores”, afirmou lembrando que o acesso fácil a dinheiro barato foi o verdadeiro problema e causa da crise, onde alguns, muitos, esqueceram que “crescer muito e em pouco tempo só através de endividamento. Só que as dívidas pagam-se”.

“Em Portugal a esmagadora maioria dos salários são muito baixos e não defendo a desregulamentação do mercado de trabalho”

Mas pensar que se resolve o problema regressando aos tempos nos quais o Estado dominava o sector empresarial é um erro e é não aprender com os erros cometidos no passado. Tal não é possível nem desejável e implicaria um maior endividamento do país e resultaria em má gestão, como se viu no passado e ainda se vê em boa parte das empresas públicas, como exemplo máximo são as empresas de transportes.

“Existe sempre um conjunto de bens públicos cujo financiamento terá de ser responsabilidade do Estado” “Temos é de saber distinguir muito bem o que é público e o que é privado” “Aceito uma partilha mais efectiva com a área não pública, via plafonamento, nas áreas da Educação, Saúde e Segurança Social”

“O Estado terá de garantir um mínimo de dignidade aos mais desfavorecidos mas o sistema social dos anos 50/60 já não é possível de aplicar nas sociedades actuais, Se o Estado não pode garantir tudo a toda a gente terá, pelo menos, que o garantir aos mais desfavorecidos”.

Entende que poderemos vir a ter graves problemas de financiamento externo mas a função social do Estado nunca poderá ser posta em causa embora a prestação desse serviço social pode vir a degradar-se. E por isso mesmo “A reforma das políticas sociais é uma das minhas grandes prioridades – a Educação, a Saúde, a Segurança Social e o

“Defendo, ainda, a necessidade de congelar os salários na Função Pública”

Apoio Social terá de ser gerido como um todo, uma gestão em globo”. Nessa perspectiva, entende que a gestão pública terá de se aproximar das regras da gestão privada: por objectivos, por resultados e responsabilizando os gestores.

Defende, ainda, a necessidade de congelar os salários na Função Pública sem prejudicar os que derivam de progressão na carreira mas, dentro destes, congelar as progressões automáticas por antiguidade.

Amanhã publico a 2ª parte deste encontro com os seguintes temas: Investimento Público, TGV e Justiça

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