Pedro Passos Coelho – Aventar

09-04-2015
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O principal pecado de RR começa logo nesta divisão. Rio era conservador às segundas, quartas e sextas e liberal às terças e quintas. Nos sábados e domingos dividia-se entre o descanso em Viana do Castelo e afirmar que era de centro esquerda. Em suma, RR era tudo e o seu contrário. No fundo, não era nada. E como não é nada, nada é o resultado da sua liderança no PSD. Um enorme nada.

A noite eleitoral de ontem foi um desastre absoluto para parte da direita portuguesa. O CDS-PP desapareceu do mapa que conta e o PSD levou uma pancada monumental.

Podemos considerar que existem razões internas fruto das respectivas lideranças. Por um lado, temos o CDS-PP de Francisco Rodrigues dos Santos (FRS) que cometeu o erro de não ter feito as directas e, pelo outro lado, Rui Rio (RR) que foi péssimo na oposição. É uma leitura possível mas, a meu ver, simplista.

Simplista porque o problema do CDS é anterior a FRS. O CDS estava em queda livre e vertiginosa desde que Paulo Portas desertou. A liderança de FRS foi minada desde o momento em que este decidiu, consciente ou inconscientemente, largar as amarras do “portismo”. A partir daí nunca mais teve sossego. Conviveu com um grupo parlamentar que não era o seu e com comentadores CDS nos diferentes órgãos de comunicação social que eram oposição à sua liderança e de fidelidade canina ao “portismo”. Como alguém escreveu (não sei se foi o Rui Calafate ou o João Gonçalves), FRS teve que viver rodeado de lacraus. O cúmulo foi ver como uns desertaram logo no momento anterior à campanha eleitoral e os restantes desertaram da campanha sem desertarem dos palcos oferecidos pelos OCS. Mesmo assim, sem grandes meios humanos, sem meios financeiros e sem boa imprensa até esteve bem na campanha eleitoral. Mas não foi suficiente.

Por sua vez, Rui Rio com a vitória nas directas conseguiu ter tudo: os meios, a máquina, os opositores e até, pasme-se, boa imprensa. Mesmo assim, não evitou o desastre. Mesmo com a estratégia de comunicação do Rio bonzinho, tolerante e simpático. Quem não o conhecia até podia ser levado a acreditar. Quem conhecia o RR original (que ressuscitou na noite das eleições com o momento alemão) sabia que tudo aquilo era plástico. Não critico a opção dos seus estrategas de comunicação. Apresentar o RR original seria arriscar nem chegar aos 20%. Como os compreendo.

Contudo, o desastre eleitoral do PSD é mais complexo que isto.

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O principal pecado de RR começa logo nesta divisão. Rio era conservador às segundas, quartas e sextas e liberal às terças e quintas. Nos sábados e domingos dividia-se entre o descanso em Viana do Castelo e afirmar que era de centro esquerda. Em suma, RR era tudo e o seu contrário. No fundo, não era nada. E como não é nada, nada é o resultado da sua liderança no PSD. Um enorme nada.

A noite eleitoral de ontem foi um desastre absoluto para parte da direita portuguesa. O CDS-PP desapareceu do mapa que conta e o PSD levou uma pancada monumental.

Podemos considerar que existem razões internas fruto das respectivas lideranças. Por um lado, temos o CDS-PP de Francisco Rodrigues dos Santos (FRS) que cometeu o erro de não ter feito as directas e, pelo outro lado, Rui Rio (RR) que foi péssimo na oposição. É uma leitura possível mas, a meu ver, simplista.

Simplista porque o problema do CDS é anterior a FRS. O CDS estava em queda livre e vertiginosa desde que Paulo Portas desertou. A liderança de FRS foi minada desde o momento em que este decidiu, consciente ou inconscientemente, largar as amarras do “portismo”. A partir daí nunca mais teve sossego. Conviveu com um grupo parlamentar que não era o seu e com comentadores CDS nos diferentes órgãos de comunicação social que eram oposição à sua liderança e de fidelidade canina ao “portismo”. Como alguém escreveu (não sei se foi o Rui Calafate ou o João Gonçalves), FRS teve que viver rodeado de lacraus. O cúmulo foi ver como uns desertaram logo no momento anterior à campanha eleitoral e os restantes desertaram da campanha sem desertarem dos palcos oferecidos pelos OCS. Mesmo assim, sem grandes meios humanos, sem meios financeiros e sem boa imprensa até esteve bem na campanha eleitoral. Mas não foi suficiente.

Por sua vez, Rui Rio com a vitória nas directas conseguiu ter tudo: os meios, a máquina, os opositores e até, pasme-se, boa imprensa. Mesmo assim, não evitou o desastre. Mesmo com a estratégia de comunicação do Rio bonzinho, tolerante e simpático. Quem não o conhecia até podia ser levado a acreditar. Quem conhecia o RR original (que ressuscitou na noite das eleições com o momento alemão) sabia que tudo aquilo era plástico. Não critico a opção dos seus estrategas de comunicação. Apresentar o RR original seria arriscar nem chegar aos 20%. Como os compreendo.

Contudo, o desastre eleitoral do PSD é mais complexo que isto.

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