Já imaginou quem seriam os ministros de governos de coligação? Nós já

02-10-2015
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Sem maioria absoluta à vista, como seriam os governos de Passos e Costa e os de coligação? Assis a MNE? Jerónimo ministro? Carvalho da Silva no Trabalho? Fernando Rosas na Educação?

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Já imaginou Carvalho da Silva como ministro do Trabalho de António Costa? E Fernando Rosas com a tutela da Educação? Ou Francisco Assis como responsável dos Negócios Estrangeiros de um governo de Bloco Central? Numa altura em que a maioria absoluta parece ser um cenário impossível para as duas principais forças políticas em jogo, que governos poderiam sair de entendimentos ora à esquerda, ora ao centro? Os cenários são muitos, mas vamos primeiro aos mais prováveis.

(O Novo) Governo PSD/CDS

Cenário 1: Contados os votos no dia 4 de outubro, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas são reconduzidos nos respetivos cargos. Noite de festa para sociais-democratas e centristas, mas é tempo de começar a pensar na próxima composição do Governo. Passo número um: manter os imprescindíveis, embora alguns não se livrem de entrar na dança das cadeiras. Passo número dois: dar lugar a caras novas.

No leque dos intocáveis, quatro nomes: Passos e Portas, claro, mas também Maria Luís Albuquerque, que poderia manter a pasta das Finanças, ou Jorge Moreira da Silva, que poderia ser reconduzido no cargo de ministro do Ambiente. Na próxima fotografia de família do Governo haveria, no entanto, quem mudasse de posição. José Pedro Aguiar-Branco deixaria a Defesa para substituir Rui Machete nos Negócios Estrangeiros; Assunção Cristas passava a pasta da Agricultura e migrava para a Justiça; e Pedro Mota Soares seria promovido a ministro dos Assuntos Parlamentares.

Altura de olhar para os possíveis novos rostos – alguns, ainda assim, bem conhecidos da vida política portuguesa. À cabeça, Marco António Costa substituiria Luís Marques Guedes no cargo de ministro da Presidência – sim, é verdade, no próximo Governo PSD/CDS o Ministério da Presidência e dos Assuntos Parlamentares pode muito bem ser divido em dois. Já Luís Montenegro, presidente da bancada parlamentar do PSD, ascenderia ao cargo de ministro da Defesa. E não seria o único líder parlamentar a mudar-se de malas e bagagens para o Executivo: também Nuno Magalhães poderia saltar diretamente da bancada do CDS para o cargo de ministro da Administração Interna.

Uma palavra para os que se estreariam – e são bastantes. Pedro Reis, ex-presidente do AICEP, atualmente assessor da Comissão Executiva do Millennium BCP e um dos 20 economistas que apoiou o programa do PSD, ficaria (naturalmente) com o ministério da Economia – até porque Pires de Lima já disse que não queria voltar à vida política.

Margarida Corrêa d’Aguiar, secretária de Estado da Segurança Social de Durão Barroso, assumira o lugar deixado vago por Pedro Mota Soares e ficaria com o Ministério do Trabalho. Patrícia Fonseca de Oliveira, primeiro nome do CDS pelo distrito de Santarém, poderia ser ministra da Agricultura. Também Carlos Neves Martins, atual presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte e ex-secretário de Estado dos governos de Durão/Portas e Santana/Portas, voltaria à vida política para ocupar o cargo de ministro da Saúde.

Neste Governo, há também espaço para os independentes. Ana Costa Freitas deixava Évora, onde é reitora da Universidade, para assumir o lugar deixado vago por Nuno Crato na Educação. A outra independente seria Patrícia Salvação Barreto, membro do conselho de administração da Fundação Berardo, que assumiria a pasta da Cultura.

Socialistas a solo. Como seria um Governo do PS?

Cenário 2: António Costa derrota a dupla Pedro Passos Coelho e Paulo Portas nas urnas e começa a desenhar o futuro Governo de Portugal no Largo do Rato. E aqui fica um aviso à navegação: os nomes que se seguem farão, muito provavelmente, parte do Executivo, caso o PS saia vencedor das próximas legislativas.

Comecemos, então, pela primeira pergunta: quem assumiria a difícil pasta das Finanças? Mário Centeno, pois claro. Foi o homem que António Costa chamou para liderar o grupo de economistas e a quem foi dada a tarefa mais pesada e importante de preparar as bases que consolidaram o programa eleitoral do partido. O economista foi a estrela antes de o programa eleitoral do partido ter sido apresentado e foi sempre chamado por António Costa para o ajudar a explicar as principais medidas, seja em conferências de imprensa, em encontros com militantes ou ainda na Convenção Nacional do partido. É candidato pela lista de Lisboa.

Como Finanças e Economia andam sempre de mãos dadas, Costa escolheria um nome que conhece bem para a pasta. Caldeira Cabral, um dos economistas que o líder socialista foi buscar para o núcleo duro, pode muito bem a vir assumir esse cargo. Na porta ao lado, no gabinete do Trabalho, Caldeira Cabral poderá ter a companhia de Pedro Marques, secretário de Estado da Segurança Social quando Vieira da Silva foi ministro.

No Ministério dos Negócios Estrangeiros, outro nome conhecido: Francisco Assis. Tendo em conta a experiência como eurodeputado, seria um forte a candidato a ministro. Além disso, chamá-lo para o Governo, dava um sinal de unidade ao partido – a não esquecer que Assis esteve com Seguro nas primárias. Resta saber se o eurodeputado aceitaria o cargo.

Ah, claro, falta ainda falar de Carlos César, presidente do PS. E como a César o que é de César – ou, neste caso, a César o que Costa tiver reservado para ele – o secretário-geral socialista poder-lhe-ia dar um cargo institucional, como a presidência da Assembleia da República ou um ministério mais político como o da Presidência (com ou sem Assuntos Parlamentares) ou o dos Negócios Estrangeiros.

Altura de entregar o palco às mulheres. Margarida Marques, cabeça de lista por Leiria e ex-líder da JS, seria um dos nomes fortes para os Assuntos Europeus, a quem Costa quer dar a dimensão de ministério. “Há pessoas que, quando são chamadas, fazem as malas e regressam ao seu país”, disse-lhe Costa na campanha em Leiria, referindo-se ao facto da candidata ter sido durante anos representante da Comissão Europeia em Portugal. Helena Carreiras, investigadora, doutorada em Sociologia e com obra publicada em matéria de Forças Armadas, arrisca-se a ficar com a pasta da Defesa. Helena é também o nome da possível ministra do Ambiente: Freitas de apelido, é cabeça de lista do PS por Coimbra, doutorada em Ecologia e foi uma das principais contribuidoras para o programa na área do ambiente. Chamada a discursar no comício de Coimbra esta quinta-feira ao lado de Costa, falou sobre “a necessidade de valorização ecológica” do país e “as alterações climáticas”. Mas nenhum destes nomes está, no entanto, fechado.

Quem já tem um lugar cativo na equipa de Costa – caso vença as eleições – é Maria Manuel Leitão Marques, que terá a secretaria de Estado da Modernização Administrativa a seu cargo. Costa já o disse e não há dúvida que este lugar será para a mulher que coordenou a Agenda para a Década. Se tomar posse, vai desenhar um novo Simplex e conduzirá a reforma do Estado. Em Viseu, por onde é candidata, ouviu Costa dizer, durante esta campanha, que a sua presença nas listas “é todo um programa político” pela reforma do Estado e que vale mais do que “um papelinho do dr. Portas”.

Costa na pele de primeiro-ministro vai querer rodear-se de homens com quem já trabalhou e, nessa lista, Rocha Andrade seria um nome a ter em conta – em Aveiro, onde é candidato discursou sobre justiça, defendendo “a reforma dos tribunais”. Pode dizer-se que seria uma espécie de continuidade. Rocha Andrade foi secretário de Estado de António Costa e um dos homens que voltou a estar no centro da política quando foi escolhido pelo líder para fazer parte da direção do partido. Também João Tiago Silveira, ex-secretário de Estado da Justiça do Governo de José Sócrates e adjunto de Costa quando este era ministro da Justiça, pode vir a vestir, desta vez, o fato de ministro.

Capoulas Santos é sinónimo de agricultura no PS. Seria apenas mais uma vez que exerceria o cargo. A possibilidade de voltar a fazer parte de um Governo cresceu quando Costa o chamou para cabeça de lista por Évora. De regresso, pode também estar Rui Vieira Nery, que chegou a ser secretário de Estado quando Manuel Maria Carrilho foi ministro da Cultura. Na Saúde, Adalberto Campos Fernandes é um dos homens que tem uma visão de Serviço Nacional de Saúde equivalente à de Costa e também ele deu contributos para o programa.

Ah, mas e os independentes? Costa não tinha prometido? Calma. Também neste leque há nomes ministeriáveis. O gabinete do ministério da Educação pode muito bem vir a ser ocupado por um ex-investigador de Cambridge. Tiago Brandão Rodrigues, cabeça de lista por Viana do Castelo, é tido como um trunfo de António Costa a ter em conta. Durante os 15 dias de campanha eleitoral, o PS organizou vários debates temáticos. Alguns foram sobre educação e o ponta de lança socialista foi sempre Brandão Rodrigues, que desabafou a brincar: “Sou bom a matemática e espero vir a ser um político moderadamente bom”.

Manuel Heitor, professor catedrático do Técnico, secretário de Estado de um dos ministérios de Mariano Gago e coordenador da parte do programa do PS respeitante à ciência, poderá ser o homem escolhido para a Ciência.

Coligação a três? Tu ficas com aquele, eu com este e o outro com o que sobrar

Cenário 3: Um Bloco Central a três não seria coisa fácil de ser negociada e exigiria muito jogo de cintura de PS, PSD e CDS. E dizer que era preciso jogo de cintura é dizer pouco: Passos, Portas e Costa teriam de dançar o melhor hula hula político que conseguissem.

Imaginando que Pedro Passos Coelho seria o chefe do Executivo, António Costa vestiria a pele de vice-primeiro-ministro e Paulo Portas passava a ministro de Estado. Estavam assim formada a troika à moda portuguesa. E o resto? Bem, o resto seria divido (quase) irmãmente e exigiria que os protagonistas se entendessem o mais ao centro possível.

Passos escolheria primeiro e não abdicaria de Maria Luís Albuquerque nas Finanças. Era a vez de Costa escolher. Na Economia, o nome certo seria Caldeira Cabral. Para Portas, ficaria reservada a pasta da Justiça. E aqui o líder centrista não brincava em serviço: Assunção Cristas, pois claro,.

Bola para Passos novamente, e o primeiro-ministro chamava para si o cargo de ministro da Defesa: Luís Montenegro, líder da bancada social-democrata, ascendia assim a um cargo ministeriável. De uma penada, os laranjas levavam para si mais cinco pastas: a Presidência (Aguiar Branco), o Trabalho (Margarida Corrêa d’Aguiar) e para as independentes Ana Costa Freitas e Patrícia Salvação Barreto as pastas da Educação e a Cultura.

Num Governo com caras tão pouco conhecidas para António Costa, o socialista chamaria até si Rocha Andrade, para assumir o cargo de ministro da Administração Interna. Terceiro passo, escolhia Francisco Assis para Ministro dos Negócios Estrangeiros e matava dois coelhos de uma cajadada só: piscava o olho à ala mais moderada do partido e punha no Governo um homem que sempre defendeu consensos ao centro. Na Agricultura, o líder socialista não abriria mão da aposta em Capoulas Santos e chamava a independente Marta Temido para a Saúde. Estava assim formado o Governo a três.

Bloco Central. Olá, António Costa! Adeus, amigo Paulo Portas…

Cenário 4: António Costa ganha, mas na hora de abrir a garrafa de champanhe, a bebida tem um sabor agridoce: é certo que os socialistas ganharam, mas a margem é curta e para governar só mesmo dando a mão ao PSD do arquinimigo político – sim, neste cenário Passos ficaria à frente do partido mesmo se perdesse.

Mas agora quem tinha a primeira palavra era António Costa. E para início de conversa levava logo consigo para a pasta das Finanças Mário Centeno. Conhecido por ter uma visão económica liberal e não sendo sequer militante do PS, Centeno seria uma espinha menos difícil de engolir para os sociais-democratas. Mas Passos seria mesmo obrigado a dizer adeus a Maria Luís. Para compensar, levaria para a pasta da Economia Pedro Reis.

Como prova de compromisso, os dois concordariam em escolher João Proença para ministro do Trabalho. Líder da UGT durante 18 anos, Proença foi nomeado pelo Governo de Passos para o cargo assessor de Pedro Reis na Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e até participou nas jornadas parlamentares do PSD. Mais tarde, chegou a estar na calha para suceder a Silva Peneda no cargo de presidente do Conselho Económico e Social (CES), tendo mesmo sido sugerido pelo socialista e atual líder da UGT, Carlos Silva, a António Costa. Na altura, o secretário-geral socialista até achou a ideia “interessante”, mas acabou, no fim, por torcer o nariz. Teria agora a oportunidade de servir de ponte entre socialistas e sociais-democratas.

Para provar que falava mesmo a sério em matéria de compromissos, Costa puxaria Helena Roseta para ministra do Ambiente. Antiga figura destacada do PSD, apoiou a candidatura de Mário Soares às presidenciais de 1986 e deixou o partido. Mais recentemente, tem mantido desde 2009 uma parceria frutífera com António Costa na Câmara de Lisboa, embora tenha sabido valer o seu estatuto de independente para afrontar muitas vezes o ex-presidente da autarquia lisboeta. Seria vista como uma escolha equilibrada por ambos os lados.

Mas Costa, mais do que nunca, precisaria de homens de confiança. Mantêm-se os nomes de Rocha Andrade, para a Administração Interna, Capoulas Santos, para a Agricultura, e João Tiago Silveira, desta vez, para a Presidência.

Na Justiça, o ex-secretário Estado Adjunto e da Justiça do Governo de José Sócrates, José Manuel Conde Rodrigues, assumiria o cargo. Na Cultura, era bem possível que se mantivesse a aposta em Rui Vieira Nery.

Quanto Passos, o líder social-democrata teria de se contentar com a pasta da Defesa, onde Luís Montenegro parece mesmo ser o homem certo para o lugar. Talvez tivesse sorte com as pasta da Educação se tentasse avançar com a independente Ana Costa Freitas.

Mais uma vez, Francisco Assis, surgiria na pasta dos Negócios Estrangeiros, valorizado pelo seu currículo enquanto eurodeputado e com o estatuto de homem do bloco central.

PS e CDU. Socialistas a dançarem ao ritmo da carvalhesa? Sim, é possível

Cenário 5: Dia 4 de outubro. Jerónimo recebe um telefonema de António Costa. Já sabe para o que é. Ou a direita no poder ou uma aliança com o histórico rival. “Vamos a isto, camarada”. Hora de acertar contas com o passado.

Primeiro Costa. Nas Finanças, Mário Centeno estaria fora do baralho para a CDU – demasiado liberal. Vieira da Silva, antigo ministro socialista do Emprego e da Segurança Social e um nome mais consensual, teria de servir. Pedro Marques, seu antigo secretário de Estado, ficaria com a pasta do Trabalho – João Proença, ex-líder da UGT, seria quase persona non grata para os comunistas.

Para fazer a ligação entre as duas forças políticas, nada melhor do que alguém da ala esquerda do PS. E para isso, Costa confiaria a missão de ministro da Presidência a Pedro Nuno Santos, o líder dos jovens turcos. A segurar as pontas da coligação, ficaria também Eduardo Ferro Rodrigues, como ministro dos Negócios Estrangeiros.

Mas não basta só segurar a coligação. É preciso segurar o partido e evitar levantamentos. Para tal, nada melhor do que Álvaro Beleza: opositor de primeira hora da ideia de bloco central e um dos últimos moicanos da ala segurista, o seu currículo enquanto diretor do serviço de imunohemoterapia do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHNL) dava-o como ministeriável para o cargo de ministro da Saúde.

Mantinham-se, no entanto, os homens (e mulher) de confiança de António Costa. Rocha Andrade na Administração Interna; Capoulas Santos na Agricultura; João Tiago Silveira na Justiça; Maria Manuel Leitão Marques na secretaria da Modernização Administrativa; e Rui Vieira Nery conduziria a Cultura. O independente Alexandre Quintanilha ficaria responsável pela tutela da Ciência e do Ensino Superior.

E a CDU? Não há espaço para eles? Claro que há. A começar por Jerónimo de Sousa que ficaria como ministro de Estado. E Bernardino Soares. O atual presidente da Câmara de Loures tornar-se-ia o novo ministro da Educação – se conseguiu fazer uma coligação com o PSD na autarquia, trocar alianças com os socialistas parece uma tarefa bem mais fácil.

Na Defesa, António Filipe, vice-presidente da bancada parlamentar do PCP e membro da Comissão Parlamentar da Defesa Nacional, seria a escolha de Jerónimo para assumir uma pasta difícil para socialistas e comunistas – como ficaria a questão da integração portuguesa na NATO? Como ninguém pode ficar para trás, Heloísa Apolónia, líder d’Os Verdes, ficaria com que pasta? Com o Ministério do Ambiente, claro. Esta era difícil.

Um Partido de Esquerda ou um Bloco Socialista?

Cenário 6: António Costa tem um convite pendente na caixa de notificações do Facebook. É de Catarina Martins a dizer-lhe que, no dia 5 de outubro, está disposta a sentar-se à mesa para conversar. E lá vai ter de ser, pensa António Costa. Encontram-se e chegam a acordo em relação ao futuro Governo PS/Bloco de Esquerda.

A lógica de coligação é a mesma: a ala mais à esquerda do PS é chamada a apresentar-se a serviço e o Bloco joga forte em algumas pastas. Na fotografia de família, nomes já conhecidos. O núcleo base seriam os ministros que estavam em primeiro lugar na lista de preferência caso o PS pudesse governar sozinho como queria. As novidades viriam do Bloco de Esquerda. Com quem? Desde logo, Catarina Martins ocuparia o segundo lugar na hierarquia como ministra do Estado.

A bloquista levaria consigo uma figura com quem chegou a dividir os palcos do Bloco: João Semedo, claro. O médico era o homem forte de Catarina Martins para assumir o Ministério da Saúde. À Educação o que é da Educação e Fernando Rosas, fundador do Bloco e professor catedrático, assumiria o lugar deixado vago por Nuno Crato.

E o ministério do Trabalho? Área de difíceis entendimentos. Por isso, António Costa e Catarina Martins teriam de chegar a um acordo: Carvalho da Silva, o antigo secretário-geral da CGTP. Quando o nome do antigo dirigente sindicalista chegou a ser avançado para uma possível candidatura presidencial, colheu alguns elogios – uns mais tímidos do que outros – quer da ala esquerda do PS, quer de alguns membros do Bloco. Em 2012, Mário Soares chegou mesmo a dizer que teria “muito prazer” em apoiar uma candidatura de Carvalho da Silva. O ex-militante do PCP acabou por desistir da corrida antes mesmo de decidir avançar e teria, assim, uma oportunidade para ter, mais uma vez, um papel ativo na vida política portuguesa. Estava assim formado o Governo PS/Bloco de Esquerda.

Será que depois de dia 5 algum destes cenários se vai concretizar? Guarde esta lista.

Grafismo: Andreia Reisinho Costa

Sem maioria absoluta à vista, como seriam os governos de Passos e Costa e os de coligação? Assis a MNE? Jerónimo ministro? Carvalho da Silva no Trabalho? Fernando Rosas na Educação?

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Já imaginou Carvalho da Silva como ministro do Trabalho de António Costa? E Fernando Rosas com a tutela da Educação? Ou Francisco Assis como responsável dos Negócios Estrangeiros de um governo de Bloco Central? Numa altura em que a maioria absoluta parece ser um cenário impossível para as duas principais forças políticas em jogo, que governos poderiam sair de entendimentos ora à esquerda, ora ao centro? Os cenários são muitos, mas vamos primeiro aos mais prováveis.

(O Novo) Governo PSD/CDS

Cenário 1: Contados os votos no dia 4 de outubro, Pedro Passos Coelho e Paulo Portas são reconduzidos nos respetivos cargos. Noite de festa para sociais-democratas e centristas, mas é tempo de começar a pensar na próxima composição do Governo. Passo número um: manter os imprescindíveis, embora alguns não se livrem de entrar na dança das cadeiras. Passo número dois: dar lugar a caras novas.

No leque dos intocáveis, quatro nomes: Passos e Portas, claro, mas também Maria Luís Albuquerque, que poderia manter a pasta das Finanças, ou Jorge Moreira da Silva, que poderia ser reconduzido no cargo de ministro do Ambiente. Na próxima fotografia de família do Governo haveria, no entanto, quem mudasse de posição. José Pedro Aguiar-Branco deixaria a Defesa para substituir Rui Machete nos Negócios Estrangeiros; Assunção Cristas passava a pasta da Agricultura e migrava para a Justiça; e Pedro Mota Soares seria promovido a ministro dos Assuntos Parlamentares.

Altura de olhar para os possíveis novos rostos – alguns, ainda assim, bem conhecidos da vida política portuguesa. À cabeça, Marco António Costa substituiria Luís Marques Guedes no cargo de ministro da Presidência – sim, é verdade, no próximo Governo PSD/CDS o Ministério da Presidência e dos Assuntos Parlamentares pode muito bem ser divido em dois. Já Luís Montenegro, presidente da bancada parlamentar do PSD, ascenderia ao cargo de ministro da Defesa. E não seria o único líder parlamentar a mudar-se de malas e bagagens para o Executivo: também Nuno Magalhães poderia saltar diretamente da bancada do CDS para o cargo de ministro da Administração Interna.

Uma palavra para os que se estreariam – e são bastantes. Pedro Reis, ex-presidente do AICEP, atualmente assessor da Comissão Executiva do Millennium BCP e um dos 20 economistas que apoiou o programa do PSD, ficaria (naturalmente) com o ministério da Economia – até porque Pires de Lima já disse que não queria voltar à vida política.

Margarida Corrêa d’Aguiar, secretária de Estado da Segurança Social de Durão Barroso, assumira o lugar deixado vago por Pedro Mota Soares e ficaria com o Ministério do Trabalho. Patrícia Fonseca de Oliveira, primeiro nome do CDS pelo distrito de Santarém, poderia ser ministra da Agricultura. Também Carlos Neves Martins, atual presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte e ex-secretário de Estado dos governos de Durão/Portas e Santana/Portas, voltaria à vida política para ocupar o cargo de ministro da Saúde.

Neste Governo, há também espaço para os independentes. Ana Costa Freitas deixava Évora, onde é reitora da Universidade, para assumir o lugar deixado vago por Nuno Crato na Educação. A outra independente seria Patrícia Salvação Barreto, membro do conselho de administração da Fundação Berardo, que assumiria a pasta da Cultura.

Socialistas a solo. Como seria um Governo do PS?

Cenário 2: António Costa derrota a dupla Pedro Passos Coelho e Paulo Portas nas urnas e começa a desenhar o futuro Governo de Portugal no Largo do Rato. E aqui fica um aviso à navegação: os nomes que se seguem farão, muito provavelmente, parte do Executivo, caso o PS saia vencedor das próximas legislativas.

Comecemos, então, pela primeira pergunta: quem assumiria a difícil pasta das Finanças? Mário Centeno, pois claro. Foi o homem que António Costa chamou para liderar o grupo de economistas e a quem foi dada a tarefa mais pesada e importante de preparar as bases que consolidaram o programa eleitoral do partido. O economista foi a estrela antes de o programa eleitoral do partido ter sido apresentado e foi sempre chamado por António Costa para o ajudar a explicar as principais medidas, seja em conferências de imprensa, em encontros com militantes ou ainda na Convenção Nacional do partido. É candidato pela lista de Lisboa.

Como Finanças e Economia andam sempre de mãos dadas, Costa escolheria um nome que conhece bem para a pasta. Caldeira Cabral, um dos economistas que o líder socialista foi buscar para o núcleo duro, pode muito bem a vir assumir esse cargo. Na porta ao lado, no gabinete do Trabalho, Caldeira Cabral poderá ter a companhia de Pedro Marques, secretário de Estado da Segurança Social quando Vieira da Silva foi ministro.

No Ministério dos Negócios Estrangeiros, outro nome conhecido: Francisco Assis. Tendo em conta a experiência como eurodeputado, seria um forte a candidato a ministro. Além disso, chamá-lo para o Governo, dava um sinal de unidade ao partido – a não esquecer que Assis esteve com Seguro nas primárias. Resta saber se o eurodeputado aceitaria o cargo.

Ah, claro, falta ainda falar de Carlos César, presidente do PS. E como a César o que é de César – ou, neste caso, a César o que Costa tiver reservado para ele – o secretário-geral socialista poder-lhe-ia dar um cargo institucional, como a presidência da Assembleia da República ou um ministério mais político como o da Presidência (com ou sem Assuntos Parlamentares) ou o dos Negócios Estrangeiros.

Altura de entregar o palco às mulheres. Margarida Marques, cabeça de lista por Leiria e ex-líder da JS, seria um dos nomes fortes para os Assuntos Europeus, a quem Costa quer dar a dimensão de ministério. “Há pessoas que, quando são chamadas, fazem as malas e regressam ao seu país”, disse-lhe Costa na campanha em Leiria, referindo-se ao facto da candidata ter sido durante anos representante da Comissão Europeia em Portugal. Helena Carreiras, investigadora, doutorada em Sociologia e com obra publicada em matéria de Forças Armadas, arrisca-se a ficar com a pasta da Defesa. Helena é também o nome da possível ministra do Ambiente: Freitas de apelido, é cabeça de lista do PS por Coimbra, doutorada em Ecologia e foi uma das principais contribuidoras para o programa na área do ambiente. Chamada a discursar no comício de Coimbra esta quinta-feira ao lado de Costa, falou sobre “a necessidade de valorização ecológica” do país e “as alterações climáticas”. Mas nenhum destes nomes está, no entanto, fechado.

Quem já tem um lugar cativo na equipa de Costa – caso vença as eleições – é Maria Manuel Leitão Marques, que terá a secretaria de Estado da Modernização Administrativa a seu cargo. Costa já o disse e não há dúvida que este lugar será para a mulher que coordenou a Agenda para a Década. Se tomar posse, vai desenhar um novo Simplex e conduzirá a reforma do Estado. Em Viseu, por onde é candidata, ouviu Costa dizer, durante esta campanha, que a sua presença nas listas “é todo um programa político” pela reforma do Estado e que vale mais do que “um papelinho do dr. Portas”.

Costa na pele de primeiro-ministro vai querer rodear-se de homens com quem já trabalhou e, nessa lista, Rocha Andrade seria um nome a ter em conta – em Aveiro, onde é candidato discursou sobre justiça, defendendo “a reforma dos tribunais”. Pode dizer-se que seria uma espécie de continuidade. Rocha Andrade foi secretário de Estado de António Costa e um dos homens que voltou a estar no centro da política quando foi escolhido pelo líder para fazer parte da direção do partido. Também João Tiago Silveira, ex-secretário de Estado da Justiça do Governo de José Sócrates e adjunto de Costa quando este era ministro da Justiça, pode vir a vestir, desta vez, o fato de ministro.

Capoulas Santos é sinónimo de agricultura no PS. Seria apenas mais uma vez que exerceria o cargo. A possibilidade de voltar a fazer parte de um Governo cresceu quando Costa o chamou para cabeça de lista por Évora. De regresso, pode também estar Rui Vieira Nery, que chegou a ser secretário de Estado quando Manuel Maria Carrilho foi ministro da Cultura. Na Saúde, Adalberto Campos Fernandes é um dos homens que tem uma visão de Serviço Nacional de Saúde equivalente à de Costa e também ele deu contributos para o programa.

Ah, mas e os independentes? Costa não tinha prometido? Calma. Também neste leque há nomes ministeriáveis. O gabinete do ministério da Educação pode muito bem vir a ser ocupado por um ex-investigador de Cambridge. Tiago Brandão Rodrigues, cabeça de lista por Viana do Castelo, é tido como um trunfo de António Costa a ter em conta. Durante os 15 dias de campanha eleitoral, o PS organizou vários debates temáticos. Alguns foram sobre educação e o ponta de lança socialista foi sempre Brandão Rodrigues, que desabafou a brincar: “Sou bom a matemática e espero vir a ser um político moderadamente bom”.

Manuel Heitor, professor catedrático do Técnico, secretário de Estado de um dos ministérios de Mariano Gago e coordenador da parte do programa do PS respeitante à ciência, poderá ser o homem escolhido para a Ciência.

Coligação a três? Tu ficas com aquele, eu com este e o outro com o que sobrar

Cenário 3: Um Bloco Central a três não seria coisa fácil de ser negociada e exigiria muito jogo de cintura de PS, PSD e CDS. E dizer que era preciso jogo de cintura é dizer pouco: Passos, Portas e Costa teriam de dançar o melhor hula hula político que conseguissem.

Imaginando que Pedro Passos Coelho seria o chefe do Executivo, António Costa vestiria a pele de vice-primeiro-ministro e Paulo Portas passava a ministro de Estado. Estavam assim formada a troika à moda portuguesa. E o resto? Bem, o resto seria divido (quase) irmãmente e exigiria que os protagonistas se entendessem o mais ao centro possível.

Passos escolheria primeiro e não abdicaria de Maria Luís Albuquerque nas Finanças. Era a vez de Costa escolher. Na Economia, o nome certo seria Caldeira Cabral. Para Portas, ficaria reservada a pasta da Justiça. E aqui o líder centrista não brincava em serviço: Assunção Cristas, pois claro,.

Bola para Passos novamente, e o primeiro-ministro chamava para si o cargo de ministro da Defesa: Luís Montenegro, líder da bancada social-democrata, ascendia assim a um cargo ministeriável. De uma penada, os laranjas levavam para si mais cinco pastas: a Presidência (Aguiar Branco), o Trabalho (Margarida Corrêa d’Aguiar) e para as independentes Ana Costa Freitas e Patrícia Salvação Barreto as pastas da Educação e a Cultura.

Num Governo com caras tão pouco conhecidas para António Costa, o socialista chamaria até si Rocha Andrade, para assumir o cargo de ministro da Administração Interna. Terceiro passo, escolhia Francisco Assis para Ministro dos Negócios Estrangeiros e matava dois coelhos de uma cajadada só: piscava o olho à ala mais moderada do partido e punha no Governo um homem que sempre defendeu consensos ao centro. Na Agricultura, o líder socialista não abriria mão da aposta em Capoulas Santos e chamava a independente Marta Temido para a Saúde. Estava assim formado o Governo a três.

Bloco Central. Olá, António Costa! Adeus, amigo Paulo Portas…

Cenário 4: António Costa ganha, mas na hora de abrir a garrafa de champanhe, a bebida tem um sabor agridoce: é certo que os socialistas ganharam, mas a margem é curta e para governar só mesmo dando a mão ao PSD do arquinimigo político – sim, neste cenário Passos ficaria à frente do partido mesmo se perdesse.

Mas agora quem tinha a primeira palavra era António Costa. E para início de conversa levava logo consigo para a pasta das Finanças Mário Centeno. Conhecido por ter uma visão económica liberal e não sendo sequer militante do PS, Centeno seria uma espinha menos difícil de engolir para os sociais-democratas. Mas Passos seria mesmo obrigado a dizer adeus a Maria Luís. Para compensar, levaria para a pasta da Economia Pedro Reis.

Como prova de compromisso, os dois concordariam em escolher João Proença para ministro do Trabalho. Líder da UGT durante 18 anos, Proença foi nomeado pelo Governo de Passos para o cargo assessor de Pedro Reis na Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP) e até participou nas jornadas parlamentares do PSD. Mais tarde, chegou a estar na calha para suceder a Silva Peneda no cargo de presidente do Conselho Económico e Social (CES), tendo mesmo sido sugerido pelo socialista e atual líder da UGT, Carlos Silva, a António Costa. Na altura, o secretário-geral socialista até achou a ideia “interessante”, mas acabou, no fim, por torcer o nariz. Teria agora a oportunidade de servir de ponte entre socialistas e sociais-democratas.

Para provar que falava mesmo a sério em matéria de compromissos, Costa puxaria Helena Roseta para ministra do Ambiente. Antiga figura destacada do PSD, apoiou a candidatura de Mário Soares às presidenciais de 1986 e deixou o partido. Mais recentemente, tem mantido desde 2009 uma parceria frutífera com António Costa na Câmara de Lisboa, embora tenha sabido valer o seu estatuto de independente para afrontar muitas vezes o ex-presidente da autarquia lisboeta. Seria vista como uma escolha equilibrada por ambos os lados.

Mas Costa, mais do que nunca, precisaria de homens de confiança. Mantêm-se os nomes de Rocha Andrade, para a Administração Interna, Capoulas Santos, para a Agricultura, e João Tiago Silveira, desta vez, para a Presidência.

Na Justiça, o ex-secretário Estado Adjunto e da Justiça do Governo de José Sócrates, José Manuel Conde Rodrigues, assumiria o cargo. Na Cultura, era bem possível que se mantivesse a aposta em Rui Vieira Nery.

Quanto Passos, o líder social-democrata teria de se contentar com a pasta da Defesa, onde Luís Montenegro parece mesmo ser o homem certo para o lugar. Talvez tivesse sorte com as pasta da Educação se tentasse avançar com a independente Ana Costa Freitas.

Mais uma vez, Francisco Assis, surgiria na pasta dos Negócios Estrangeiros, valorizado pelo seu currículo enquanto eurodeputado e com o estatuto de homem do bloco central.

PS e CDU. Socialistas a dançarem ao ritmo da carvalhesa? Sim, é possível

Cenário 5: Dia 4 de outubro. Jerónimo recebe um telefonema de António Costa. Já sabe para o que é. Ou a direita no poder ou uma aliança com o histórico rival. “Vamos a isto, camarada”. Hora de acertar contas com o passado.

Primeiro Costa. Nas Finanças, Mário Centeno estaria fora do baralho para a CDU – demasiado liberal. Vieira da Silva, antigo ministro socialista do Emprego e da Segurança Social e um nome mais consensual, teria de servir. Pedro Marques, seu antigo secretário de Estado, ficaria com a pasta do Trabalho – João Proença, ex-líder da UGT, seria quase persona non grata para os comunistas.

Para fazer a ligação entre as duas forças políticas, nada melhor do que alguém da ala esquerda do PS. E para isso, Costa confiaria a missão de ministro da Presidência a Pedro Nuno Santos, o líder dos jovens turcos. A segurar as pontas da coligação, ficaria também Eduardo Ferro Rodrigues, como ministro dos Negócios Estrangeiros.

Mas não basta só segurar a coligação. É preciso segurar o partido e evitar levantamentos. Para tal, nada melhor do que Álvaro Beleza: opositor de primeira hora da ideia de bloco central e um dos últimos moicanos da ala segurista, o seu currículo enquanto diretor do serviço de imunohemoterapia do Centro Hospitalar Lisboa Norte (CHNL) dava-o como ministeriável para o cargo de ministro da Saúde.

Mantinham-se, no entanto, os homens (e mulher) de confiança de António Costa. Rocha Andrade na Administração Interna; Capoulas Santos na Agricultura; João Tiago Silveira na Justiça; Maria Manuel Leitão Marques na secretaria da Modernização Administrativa; e Rui Vieira Nery conduziria a Cultura. O independente Alexandre Quintanilha ficaria responsável pela tutela da Ciência e do Ensino Superior.

E a CDU? Não há espaço para eles? Claro que há. A começar por Jerónimo de Sousa que ficaria como ministro de Estado. E Bernardino Soares. O atual presidente da Câmara de Loures tornar-se-ia o novo ministro da Educação – se conseguiu fazer uma coligação com o PSD na autarquia, trocar alianças com os socialistas parece uma tarefa bem mais fácil.

Na Defesa, António Filipe, vice-presidente da bancada parlamentar do PCP e membro da Comissão Parlamentar da Defesa Nacional, seria a escolha de Jerónimo para assumir uma pasta difícil para socialistas e comunistas – como ficaria a questão da integração portuguesa na NATO? Como ninguém pode ficar para trás, Heloísa Apolónia, líder d’Os Verdes, ficaria com que pasta? Com o Ministério do Ambiente, claro. Esta era difícil.

Um Partido de Esquerda ou um Bloco Socialista?

Cenário 6: António Costa tem um convite pendente na caixa de notificações do Facebook. É de Catarina Martins a dizer-lhe que, no dia 5 de outubro, está disposta a sentar-se à mesa para conversar. E lá vai ter de ser, pensa António Costa. Encontram-se e chegam a acordo em relação ao futuro Governo PS/Bloco de Esquerda.

A lógica de coligação é a mesma: a ala mais à esquerda do PS é chamada a apresentar-se a serviço e o Bloco joga forte em algumas pastas. Na fotografia de família, nomes já conhecidos. O núcleo base seriam os ministros que estavam em primeiro lugar na lista de preferência caso o PS pudesse governar sozinho como queria. As novidades viriam do Bloco de Esquerda. Com quem? Desde logo, Catarina Martins ocuparia o segundo lugar na hierarquia como ministra do Estado.

A bloquista levaria consigo uma figura com quem chegou a dividir os palcos do Bloco: João Semedo, claro. O médico era o homem forte de Catarina Martins para assumir o Ministério da Saúde. À Educação o que é da Educação e Fernando Rosas, fundador do Bloco e professor catedrático, assumiria o lugar deixado vago por Nuno Crato.

E o ministério do Trabalho? Área de difíceis entendimentos. Por isso, António Costa e Catarina Martins teriam de chegar a um acordo: Carvalho da Silva, o antigo secretário-geral da CGTP. Quando o nome do antigo dirigente sindicalista chegou a ser avançado para uma possível candidatura presidencial, colheu alguns elogios – uns mais tímidos do que outros – quer da ala esquerda do PS, quer de alguns membros do Bloco. Em 2012, Mário Soares chegou mesmo a dizer que teria “muito prazer” em apoiar uma candidatura de Carvalho da Silva. O ex-militante do PCP acabou por desistir da corrida antes mesmo de decidir avançar e teria, assim, uma oportunidade para ter, mais uma vez, um papel ativo na vida política portuguesa. Estava assim formado o Governo PS/Bloco de Esquerda.

Será que depois de dia 5 algum destes cenários se vai concretizar? Guarde esta lista.

Grafismo: Andreia Reisinho Costa

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