a pomba livre: o marceneiro, o fado , as sandes de carapau frito a tia maria e eu.

20-01-2012
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( evocação )

embrulhava-as em papel pardo. naquele papel pardo castanho onde mais tarde eu desenharia as minhas primeiras linhas numa tentativa para descobrir os segredos do desenho.
embrulhava-os com carinho, depois de os ter fritado com amor, aquela figurinha frágil e pequenina de sorriso maroto e cabelo em carrapito para o defender dos cozinhados.
ela era a alma da casa e ele amava-a e ele amava-a a ela.à sua maria discreta tão pouco aparecida até na rua do bairro. que não gostava de muita conversa dizia. que nem percebia como ele aturava certa coisas.
é o trabalho filha, comigo com as mãos assim como haveríamos de comer.

os carapaus enchiam o pão com o sabor a peixe fresco e a sal.
as sandes essas sabiam -me a ternura e ao aconchego que apenas certas pessoas  são capazes de trocar entre si. éramos iguais, sabíamos disso e gostávamos.

o tio alfredo ( era como quase todos lhe chamavam ) era o rei, o principe; o imperador.
para mim era uma luz. andar com ele passeando pelas ruelas da cidade, olhando as estrelas que entretanto estendiam o seu brilho pelas águas do tejo; esperar lá em baixo depois de descidas as escadinhas que passavam à sua porta, pelo amigo que sempre o acompanhava na aventura , acenado o carinhoso até logo à querida maria; lá partíamos. o fado esse esperava por ele.

hoje alfredo seria um homem feliz.
e hoje se por ventura ainda por cá estivesse , a sua maria sorriria também.

Fado eleito Património Imaterial da Humanidade

A decisão foi hoje tomada durante o VI Comité Intergovernamental da Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

( evocação )

embrulhava-as em papel pardo. naquele papel pardo castanho onde mais tarde eu desenharia as minhas primeiras linhas numa tentativa para descobrir os segredos do desenho.
embrulhava-os com carinho, depois de os ter fritado com amor, aquela figurinha frágil e pequenina de sorriso maroto e cabelo em carrapito para o defender dos cozinhados.
ela era a alma da casa e ele amava-a e ele amava-a a ela.à sua maria discreta tão pouco aparecida até na rua do bairro. que não gostava de muita conversa dizia. que nem percebia como ele aturava certa coisas.
é o trabalho filha, comigo com as mãos assim como haveríamos de comer.

os carapaus enchiam o pão com o sabor a peixe fresco e a sal.
as sandes essas sabiam -me a ternura e ao aconchego que apenas certas pessoas  são capazes de trocar entre si. éramos iguais, sabíamos disso e gostávamos.

o tio alfredo ( era como quase todos lhe chamavam ) era o rei, o principe; o imperador.
para mim era uma luz. andar com ele passeando pelas ruelas da cidade, olhando as estrelas que entretanto estendiam o seu brilho pelas águas do tejo; esperar lá em baixo depois de descidas as escadinhas que passavam à sua porta, pelo amigo que sempre o acompanhava na aventura , acenado o carinhoso até logo à querida maria; lá partíamos. o fado esse esperava por ele.

hoje alfredo seria um homem feliz.
e hoje se por ventura ainda por cá estivesse , a sua maria sorriria também.

Fado eleito Património Imaterial da Humanidade

A decisão foi hoje tomada durante o VI Comité Intergovernamental da Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).

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