Triunfo da Razão: O que está errado com Pedro Passos Coelho

01-07-2011
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A subjectividade da frase em epígrafe é evidente. Aquilo que eu considero errado, poderá ser o mais acertado consoante a perspectiva. Todavia, do meu ponto de vista, Pedro Passos Coelho não é a melhor alternativa a José Sócrates, nem tão-pouco proporciona o sentimento de esperança que o país tanto necessita. Aliás, há mais semelhanças entre Passos Coelho e José Sócrates do que se possa imaginar: a artificialidade que partilham, o desprezo mais ou menos evidente que sentem pelo papel do Estado, a inexistência de um projecto para o país digno desse nome.Desde logo é fundamental não esquecermos que não é só em Portugal que a social-democracia está em crise (não existindo verdadeiros partidos sociais-democratas), um pouco por toda a Europa percepciona-se a proliferação de partidos com um historial e ideário de uma esquerda moderada, mas que se encontram rendidos aos ditames dos mercados ou partidos de direita de cariz marcadamente liberal, sendo que alguns resvalam mesmo para a extrema-direita. No caso português, o PSD perdeu há muito o seu carácter social-democrata e Pedro Passos Coelho é o último candidato interessado em reavivar a social-democracia no PSD, enquanto o PS estará mais próximo dos tais partidos de esquerda que proliferam por toda a Europa, mas cuja prática está longe da social-democracia.Pedro Passos Coelho fala incessantemente no Estado. Compreende-se e subscreve-se grande parte das críticas que são feitas ao funcionamento do Estado. Aquilo que não se compreende, porém, é a ligeireza com que se despreza o papel do Estado. Pessoalmente, critiquei no passado e continuo a criticar o funcionamento do Estado português - um Estado omnipotente e omnipresente que não está ao serviço dos cidadãos. Mas com essas críticas não defendo a relativização do papel do Estado, pelo contrário, é por considerar como fundamental o papel do Estado, no contexto da Educação, Saúde, Justiça, na supervisão e regulação, que crítico o Estado actual. Pedro Passos Coelho tem no entanto outra visão do Estado: volta o velho discurso de reduzir o peso do Estado para torná-lo mais eficiente, o que por outras palavras significa a relativização o Estado. Se não assim não for, espera-se que Pedro Passos Coelho demonstre o contrário.Mas não é só neste aspecto que Pedro Passos Coelho - muito provavelmente o próximo Presidente do PSD - incorre num discurso repleto das banalidades mais falaciosas. É assim que o candidato a Presidente do PSD considera que vai ser necessário ir ainda mais longe na flexibilização das leis do trabalho. Pedro Passos Coelho é dos que considera que se vai resolver os problemas de produtividade e competitividade portuguesas com a flexibilização mercado de trabalho, esquecendo-se de uma premissa fundamental: os recursos humanos em Portugal não propriamente os recursos humanos de muitos países que apostaram na flexibilização, designadamente países do norte da Europa. E falar de mobilidade quando o vencimento aproxima-se dos 500 euros é simplesmente afrontoso.De resto, é notório o distanciamento de quem se propõe a ocupar cargos de representação relativamente à realidade do país. Eu serei a primeira pessoa a condenar muitos aspectos do modelo sócio-económico que tem vindo a ser seguido e a criticar as políticas do Governo de José Sócrates, mas também se constata que as alternativas oscilam entre a inanidade e a asneira.


A subjectividade da frase em epígrafe é evidente. Aquilo que eu considero errado, poderá ser o mais acertado consoante a perspectiva. Todavia, do meu ponto de vista, Pedro Passos Coelho não é a melhor alternativa a José Sócrates, nem tão-pouco proporciona o sentimento de esperança que o país tanto necessita. Aliás, há mais semelhanças entre Passos Coelho e José Sócrates do que se possa imaginar: a artificialidade que partilham, o desprezo mais ou menos evidente que sentem pelo papel do Estado, a inexistência de um projecto para o país digno desse nome.Desde logo é fundamental não esquecermos que não é só em Portugal que a social-democracia está em crise (não existindo verdadeiros partidos sociais-democratas), um pouco por toda a Europa percepciona-se a proliferação de partidos com um historial e ideário de uma esquerda moderada, mas que se encontram rendidos aos ditames dos mercados ou partidos de direita de cariz marcadamente liberal, sendo que alguns resvalam mesmo para a extrema-direita. No caso português, o PSD perdeu há muito o seu carácter social-democrata e Pedro Passos Coelho é o último candidato interessado em reavivar a social-democracia no PSD, enquanto o PS estará mais próximo dos tais partidos de esquerda que proliferam por toda a Europa, mas cuja prática está longe da social-democracia.Pedro Passos Coelho fala incessantemente no Estado. Compreende-se e subscreve-se grande parte das críticas que são feitas ao funcionamento do Estado. Aquilo que não se compreende, porém, é a ligeireza com que se despreza o papel do Estado. Pessoalmente, critiquei no passado e continuo a criticar o funcionamento do Estado português - um Estado omnipotente e omnipresente que não está ao serviço dos cidadãos. Mas com essas críticas não defendo a relativização do papel do Estado, pelo contrário, é por considerar como fundamental o papel do Estado, no contexto da Educação, Saúde, Justiça, na supervisão e regulação, que crítico o Estado actual. Pedro Passos Coelho tem no entanto outra visão do Estado: volta o velho discurso de reduzir o peso do Estado para torná-lo mais eficiente, o que por outras palavras significa a relativização o Estado. Se não assim não for, espera-se que Pedro Passos Coelho demonstre o contrário.Mas não é só neste aspecto que Pedro Passos Coelho - muito provavelmente o próximo Presidente do PSD - incorre num discurso repleto das banalidades mais falaciosas. É assim que o candidato a Presidente do PSD considera que vai ser necessário ir ainda mais longe na flexibilização das leis do trabalho. Pedro Passos Coelho é dos que considera que se vai resolver os problemas de produtividade e competitividade portuguesas com a flexibilização mercado de trabalho, esquecendo-se de uma premissa fundamental: os recursos humanos em Portugal não propriamente os recursos humanos de muitos países que apostaram na flexibilização, designadamente países do norte da Europa. E falar de mobilidade quando o vencimento aproxima-se dos 500 euros é simplesmente afrontoso.De resto, é notório o distanciamento de quem se propõe a ocupar cargos de representação relativamente à realidade do país. Eu serei a primeira pessoa a condenar muitos aspectos do modelo sócio-económico que tem vindo a ser seguido e a criticar as políticas do Governo de José Sócrates, mas também se constata que as alternativas oscilam entre a inanidade e a asneira.

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