poesia: antónio ladeira

30-06-2011
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Quando a morte cai sobre as pessoasé porque tem as asas cansadasde dar voltas ao mundo.Escolhe, hesitante, um dos seus cantores.Escolhe quem, matinalmente, se cumprimenta.A morte um dia esquece e descesobre os mesmos reverentes.Esqueceu tudo o que dissera.Ou fingiu que esqueceu tudo.Alguém parou misteriosamente de falar.E o silêncio quer dizer: “Acabou tudo.”Quer dizer: “venham comigo até aquelas grutas!”Agora finjam que estão velhos.E que ninguém está nada triste.Olhem para as vossas pernas,não há pernas!Nem mãos,excepto para tocar em coisas indescritíveis.As crianças que morriam.Vou viver para a neve com os meus filhosmergulhar nos rios soturnos e profundosem segundos.Por entre as algas e os peixes que prendiamos braços das crianças que agarravamos polvos misteriosos que ensinavama nadar os que mereciam.Se a mim viesse algum dos mortos que ensinassea morrer a quem vivessea nadar a quem andassea dormir a quem falasseSem parar.Imitaria a vida que vivesseesse monstro que ensinasseQue morresse.Que matasse.Sem matar.antónio ladeiraa minha cor favorita é a neveescritor2000


Quando a morte cai sobre as pessoasé porque tem as asas cansadasde dar voltas ao mundo.Escolhe, hesitante, um dos seus cantores.Escolhe quem, matinalmente, se cumprimenta.A morte um dia esquece e descesobre os mesmos reverentes.Esqueceu tudo o que dissera.Ou fingiu que esqueceu tudo.Alguém parou misteriosamente de falar.E o silêncio quer dizer: “Acabou tudo.”Quer dizer: “venham comigo até aquelas grutas!”Agora finjam que estão velhos.E que ninguém está nada triste.Olhem para as vossas pernas,não há pernas!Nem mãos,excepto para tocar em coisas indescritíveis.As crianças que morriam.Vou viver para a neve com os meus filhosmergulhar nos rios soturnos e profundosem segundos.Por entre as algas e os peixes que prendiamos braços das crianças que agarravamos polvos misteriosos que ensinavama nadar os que mereciam.Se a mim viesse algum dos mortos que ensinassea morrer a quem vivessea nadar a quem andassea dormir a quem falasseSem parar.Imitaria a vida que vivesseesse monstro que ensinasseQue morresse.Que matasse.Sem matar.antónio ladeiraa minha cor favorita é a neveescritor2000

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