poesia: josep maria llompart / amaram-se, souberam...

21-01-2012
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Amavam-se, sabei,vicente aleixandreAmaram-se; souberama urgência do sexo, como as veiasnum momento se podem encher de águasalobra, de sol estival, de peixesvoadores.Escondiam-sena noite do pinhal ou pelos mornoscantos de sombra.Sentiam, fatigados,o rumor da borrasca ou o longínquozumbir da cidade.Ao acordar pela manhã ela acreditavasentir no quarto um perfume de rosas,e ele pensava o primeiro versode um poema que afinal nunca escreveu.As bodas foram muito excitantes.Têm um filho notário na penínsulae uma filha com noivo.São gente a que chamam respeitável.Regressam a casa ao fim da tarde, vagarosos,saboreando, cansados, o crepúsculo.Algumas vezes os olhos se lhes perdem,com uma ponta de impaciência, entre os ramosdas árvores da rua, como se buscassemum resto de vigor ou de carícia.Olham os anos, o céu, as horassecas,o relógio e a poeira. Caminham. Calam.josep maria llompart(palma de mallorca, 1925)quinze poetas catalãestrad. egito gonçalvesed. limiar, porto1994


Amavam-se, sabei,vicente aleixandreAmaram-se; souberama urgência do sexo, como as veiasnum momento se podem encher de águasalobra, de sol estival, de peixesvoadores.Escondiam-sena noite do pinhal ou pelos mornoscantos de sombra.Sentiam, fatigados,o rumor da borrasca ou o longínquozumbir da cidade.Ao acordar pela manhã ela acreditavasentir no quarto um perfume de rosas,e ele pensava o primeiro versode um poema que afinal nunca escreveu.As bodas foram muito excitantes.Têm um filho notário na penínsulae uma filha com noivo.São gente a que chamam respeitável.Regressam a casa ao fim da tarde, vagarosos,saboreando, cansados, o crepúsculo.Algumas vezes os olhos se lhes perdem,com uma ponta de impaciência, entre os ramosdas árvores da rua, como se buscassemum resto de vigor ou de carícia.Olham os anos, o céu, as horassecas,o relógio e a poeira. Caminham. Calam.josep maria llompart(palma de mallorca, 1925)quinze poetas catalãestrad. egito gonçalvesed. limiar, porto1994

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