SEGUNDO O TIMES DE LONDRES: ‘GAY É LIXO’

03-07-2011
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Os mistérios da linguística

Cada vez que aparece um novo fenómeno linguístico constatamos a sabedoria de Hayek quanto à epistemologia evolucionária. Ele utiliza, em particular, a comparação da evolução dos nossos conhecimentos com a evolução da linguagem e a evolução do ‘common law’. Ninguém desenha, nem pode prever a complexa evolução da sociedade humana e as suas instituições. O que sempre prevalece é o princípio das ‘unintended consequences’ (consequências não intencionadas).

Ao meio do século passado, o incipiente movimento de alguns activistas resolveu promover publicamente e, finalmente, impor o uso da palavra ‘gay’ para significar homossexual. A intenção era melhorar a imagem. Até aí a palavra, antes equivalente ao francês gaie (alegre), funcionava como uma simples palavra de código dentro dos círculos restritos de homossexuais que ainda não ousavam ‘sair do armário’.

Primeiro, foi a palavra nas colunas dos jornais; depois foram as manifestações. E estas últimas foram declaradamente de ‘gay pride’, ou orgulho gay. O propósito anunciado foi o de inculcar e proclamar a auto-estima de seres que se consideravam vítimas de uma sociedade cruel. Eles, os homossexuais, ganhariam assim auto-estima e coragem. Os heterossexuais deixariam, frente à agressividade da propaganda e pressões do ‘politicamente correcto’, de desconsiderar os homossexuais e avançaríamos todos na direcção de um mundo melhor.

Foi uma imitação do movimento do ‘black pride’, e igualmente mal concebida. Como se alguma vez pudéssemos construir a nossa auto-estima à base da cor da pele ou da orientação sexual. Foi o cúmulo do desconhecimento sociológico.

E eis a prova!

Num momento em que as autoridades, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos, avançam com legislação contra os supostos ‘hate crimes’, a miudagem e a juventude, sempre irreprimíveis nas suas inovações linguísticas, começaram a adoptar a palavra ‘gay’ num sentido pejorativo. Começaram a chamar coisas desprezíveis de ‘gay’ e ninguém consegue travar a rápida expansão desta moda que já foi adoptada por muitos adultos e até aparece na BBC.

É um processo que já dura mais de doze meses e foi noticiado primeiro no Times de Londres e comentado pela própria BBC em Junho do ano passado. Ver o artigo naquele jornal com o título: ‘Gay means rubbish, says BBC’, do dia 6 de Junho de 2006:

The governors (of the BBC) believed that, in describing a ringtone as gay, the DJ was

conveying that he thought it was “rubbish” rather than “homosexual”.

Moyles was not being homophobic, they said. The panel acknowledged, however, that this use of the word “gay” in a

derogatory sense could cause offence to some listeners and counselled

caution on its use…. The committee, which consists of five BBC governors, including the

former Royal Ballet dancer Deborah Bull, was “familiar with hearing this

word in this context”. Given Moyles’s target audience of young listeners “it was to be expected

that he would use expressions and words which the listeners used

themselves”. The governors believed that, in describing a ringtone as gay, the DJ was

conveying that he thought it was “rubbish” rather than “homosexual”.

Moyles was not being homophobic, they said. The panel acknowledged, however, that this use of the word “gay” in a

derogatory sense could cause offence to some listeners and counselled

caution on its use. The committee, which consists of five BBC governors, including the

former Royal Ballet dancer Deborah Bull, was “familiar with hearing this

word in this context”.

http://entertainment.timesonline.co.uk/tol/arts_and_entertainment/article671972.ece

De facto, em alguns círculos mais intelectualizados, muitos homossexuais, tanto na América quanto deste lado do Atlântico, abandonaram a palavra ‘gay’ e voltaram a utilizar ‘queer’ como em ‘Queer Studies’ em algumas universidades anglo-saxónicas.

Para quando o retorno em Portugal ao uso da venerável palavra ‘esquisito’?

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Os mistérios da linguística

Cada vez que aparece um novo fenómeno linguístico constatamos a sabedoria de Hayek quanto à epistemologia evolucionária. Ele utiliza, em particular, a comparação da evolução dos nossos conhecimentos com a evolução da linguagem e a evolução do ‘common law’. Ninguém desenha, nem pode prever a complexa evolução da sociedade humana e as suas instituições. O que sempre prevalece é o princípio das ‘unintended consequences’ (consequências não intencionadas).

Ao meio do século passado, o incipiente movimento de alguns activistas resolveu promover publicamente e, finalmente, impor o uso da palavra ‘gay’ para significar homossexual. A intenção era melhorar a imagem. Até aí a palavra, antes equivalente ao francês gaie (alegre), funcionava como uma simples palavra de código dentro dos círculos restritos de homossexuais que ainda não ousavam ‘sair do armário’.

Primeiro, foi a palavra nas colunas dos jornais; depois foram as manifestações. E estas últimas foram declaradamente de ‘gay pride’, ou orgulho gay. O propósito anunciado foi o de inculcar e proclamar a auto-estima de seres que se consideravam vítimas de uma sociedade cruel. Eles, os homossexuais, ganhariam assim auto-estima e coragem. Os heterossexuais deixariam, frente à agressividade da propaganda e pressões do ‘politicamente correcto’, de desconsiderar os homossexuais e avançaríamos todos na direcção de um mundo melhor.

Foi uma imitação do movimento do ‘black pride’, e igualmente mal concebida. Como se alguma vez pudéssemos construir a nossa auto-estima à base da cor da pele ou da orientação sexual. Foi o cúmulo do desconhecimento sociológico.

E eis a prova!

Num momento em que as autoridades, tanto na Inglaterra como nos Estados Unidos, avançam com legislação contra os supostos ‘hate crimes’, a miudagem e a juventude, sempre irreprimíveis nas suas inovações linguísticas, começaram a adoptar a palavra ‘gay’ num sentido pejorativo. Começaram a chamar coisas desprezíveis de ‘gay’ e ninguém consegue travar a rápida expansão desta moda que já foi adoptada por muitos adultos e até aparece na BBC.

É um processo que já dura mais de doze meses e foi noticiado primeiro no Times de Londres e comentado pela própria BBC em Junho do ano passado. Ver o artigo naquele jornal com o título: ‘Gay means rubbish, says BBC’, do dia 6 de Junho de 2006:

The governors (of the BBC) believed that, in describing a ringtone as gay, the DJ was

conveying that he thought it was “rubbish” rather than “homosexual”.

Moyles was not being homophobic, they said. The panel acknowledged, however, that this use of the word “gay” in a

derogatory sense could cause offence to some listeners and counselled

caution on its use…. The committee, which consists of five BBC governors, including the

former Royal Ballet dancer Deborah Bull, was “familiar with hearing this

word in this context”. Given Moyles’s target audience of young listeners “it was to be expected

that he would use expressions and words which the listeners used

themselves”. The governors believed that, in describing a ringtone as gay, the DJ was

conveying that he thought it was “rubbish” rather than “homosexual”.

Moyles was not being homophobic, they said. The panel acknowledged, however, that this use of the word “gay” in a

derogatory sense could cause offence to some listeners and counselled

caution on its use. The committee, which consists of five BBC governors, including the

former Royal Ballet dancer Deborah Bull, was “familiar with hearing this

word in this context”.

http://entertainment.timesonline.co.uk/tol/arts_and_entertainment/article671972.ece

De facto, em alguns círculos mais intelectualizados, muitos homossexuais, tanto na América quanto deste lado do Atlântico, abandonaram a palavra ‘gay’ e voltaram a utilizar ‘queer’ como em ‘Queer Studies’ em algumas universidades anglo-saxónicas.

Para quando o retorno em Portugal ao uso da venerável palavra ‘esquisito’?

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