O Cachimbo de Magritte: Os Velhos Hábitos Nunca Morrem!

03-07-2011
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A "eurodeputada" Ana Gomes escreveu um texto no Courrier Internacional chamando a atenção para o facto de Portugal não ser um aliado de fiar na OTAN e na União Europeia. Chegou a esta conclusão pelo simples facto (em si mesmo muito grave) de Paulo Portas, ex. ministro da Defesa, ter guardado para si cópias de milhares de documentos (muitos deles secretos) produzidos pelo Ministério que tutelou durante um par de anos.Faz bem Ana Gomes em chamar a atenção para estes factos e para a situação delicada em que, indiscutivelmente, Paulo Portas colocou o Estado português. Faz também muito bem em apelar para uma alteração na legislação portuguesa que seja capaz de evitar a repetição de atitudes como a de Paulo Portas e de as punir exemplar e duramente.Mas convinha de igual modo que Ana Gomes fizesse um pequeno exercício de memória e de honestidade intelectual e política e o tornasse público. E o que é que esse exercício, honestamente feito, nos diria? Que, por exemplo, Veiga Simão e alguns deputados portugueses humilharam, quando António Guterres era primeiro-ministro, o Estado português ao terem (involuntariamente?) tornado pública uma lista com os nomes de agentes dos serviços secretos portugueses. Que muitos diplomatas e ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa portugueses (e pelo menos estes) têm o hábito de levar para casa, ao cessarem funções, cópias ou originais de documentos oficiais de conteúdo muito delicado. Finalmente, podia ter lembrado que militantes do PCP, após o 25 de Abril de 1974, despacharam impunemente para Moscovo informação ultra-secreta até então à guarda da DGS e que nada tinha que ver com a perseguição política aos opositores do Estado Novo.Por isso, o caso Paulo Portas só interessa por ajudar a demonstrar que os velhos hábitos nunca morrem e que a "eurodeputada" Ana Gomes "não pode vê-lo nem pintado"!Quanto ao facto de Portugal, por estas e outras peripécias, ser um aliado "pouco fiável", parece que podemos garantir que não é coisa de hoje, como demonstrou, também e com grande veemência, a “eurodeputada” Ana Gomes na sua denúncia, ainda hoje por provar, acerca da existência e da natureza de certos voos da CIA que cruzavam o espaço aéreo português e aterrariam algures neste ou naquele aeródromo luso. Esperemos tão somente que esta falta de credibilidade, da “eurodeputada” e de Portugal, não dure para sempre.


A "eurodeputada" Ana Gomes escreveu um texto no Courrier Internacional chamando a atenção para o facto de Portugal não ser um aliado de fiar na OTAN e na União Europeia. Chegou a esta conclusão pelo simples facto (em si mesmo muito grave) de Paulo Portas, ex. ministro da Defesa, ter guardado para si cópias de milhares de documentos (muitos deles secretos) produzidos pelo Ministério que tutelou durante um par de anos.Faz bem Ana Gomes em chamar a atenção para estes factos e para a situação delicada em que, indiscutivelmente, Paulo Portas colocou o Estado português. Faz também muito bem em apelar para uma alteração na legislação portuguesa que seja capaz de evitar a repetição de atitudes como a de Paulo Portas e de as punir exemplar e duramente.Mas convinha de igual modo que Ana Gomes fizesse um pequeno exercício de memória e de honestidade intelectual e política e o tornasse público. E o que é que esse exercício, honestamente feito, nos diria? Que, por exemplo, Veiga Simão e alguns deputados portugueses humilharam, quando António Guterres era primeiro-ministro, o Estado português ao terem (involuntariamente?) tornado pública uma lista com os nomes de agentes dos serviços secretos portugueses. Que muitos diplomatas e ministros dos Negócios Estrangeiros e da Defesa portugueses (e pelo menos estes) têm o hábito de levar para casa, ao cessarem funções, cópias ou originais de documentos oficiais de conteúdo muito delicado. Finalmente, podia ter lembrado que militantes do PCP, após o 25 de Abril de 1974, despacharam impunemente para Moscovo informação ultra-secreta até então à guarda da DGS e que nada tinha que ver com a perseguição política aos opositores do Estado Novo.Por isso, o caso Paulo Portas só interessa por ajudar a demonstrar que os velhos hábitos nunca morrem e que a "eurodeputada" Ana Gomes "não pode vê-lo nem pintado"!Quanto ao facto de Portugal, por estas e outras peripécias, ser um aliado "pouco fiável", parece que podemos garantir que não é coisa de hoje, como demonstrou, também e com grande veemência, a “eurodeputada” Ana Gomes na sua denúncia, ainda hoje por provar, acerca da existência e da natureza de certos voos da CIA que cruzavam o espaço aéreo português e aterrariam algures neste ou naquele aeródromo luso. Esperemos tão somente que esta falta de credibilidade, da “eurodeputada” e de Portugal, não dure para sempre.

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