A Dinâmica do Pedal: Às Voltas com Troia-Sagres-Troia

02-07-2011
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O plano...Era relativamente simples ligar Lisboa a Sagres e regressar a Lisboa. Seriam 500 kms e ficaríamos com uma ideia do nosso actual grau de tolerância a longas distâncias, por outro serviria para perceber se o treino de fortalecimento muscular está a dar bons resultados. O dia escolhido foi o do “mítico” Tróia – Sagres, muito pela companhia que podíamos ter em parte do percurso e pelo facto de estar lua cheia que faz toda a diferença a pedalar de noite. Num percurso que prevíamos demorar a percorrer +-23 horas. De véspera...Alertas laranja e amarelo em todos os distritos do litoral. Previsão de chuva torrencial e vento Norte de 25 knt . Decisões rápidas...Embora gostemos de fazer distâncias longas não somos malucos e sabíamos que o mau tempo era garantido e a probabilidade de completar o trajecto seria pequena. A 1ª decisão que tomámos foi encurtar o percurso para Tróia -Sagres -Tróia. Na sexta-feira 12 percebemos que de previsões meteorológicas estava o inferno cheio. Nestas coisas do vento, de alguma coisa vale a Vela e depois de consultar umas cartas de tempo, parecia que afinal o vento norte estava atrasado e só chegaria a meio da manhã de Sábado … e com ele o dilúvio esperado. A pergunta foi… Qual o 1º barco de Setúbal para Tróia? Á 1:50H E assim foi. Eu e Simões apanhamos o barco da 1h50m. O objectivo era fugir da chuva .Quem sabe chegar a Sagres sem nos molharmos muito. (… Sabíamos bem que tínhamos poucas hipóteses de regressar se fizéssemos o percurso para Sagres debaixo de chuva…). Como íamos em autonomia o risco era grande… Até Sines, tempo excelente numa noite com 9/10 graus e sem vento nenhum (o que é habitual antes de entrar mau tempo… também sabíamos isto), cruzamo-nos com 4 automóveis em 70 km, deu para andar a meio da estrada… longe dos buracos da berma. Em São Torpes (por volta das 5:00) percebeu-se que as previsões dos dias anteriores iam sair furadas e quem esperava vento norte pela manhã enganar-se-ia… a brisa da manhã era SW fraco… Mais à frente perto de Porto Covo, numa das nossas paragens (que cumprimos à risca), entrou nevoeiro. Boas noticias, pois nevoeiro e chuva forte não ligam. E assim foi até São Teotónio onde apanhámos umas pingas de chuva. Andámos 120 km uma pinga de água. Tínhamos planeado parar uns 20Min em Odeceixe para tomar o pequeno-almoço e assim foi. Aqui o Simões disse-me “não temos hipótese de chegar a Sagres sem nos molharmos”. Tínhamos combinado que só nessas condições tentávamos vir os 2 para cima. E assim foi, segui para Sagres sozinho… A primeira chuva a sério surge em Aljezur. Tenho de admitir neste momento pensei “Ok, chego a Sagres bebo uma meia de leite e espero pelo carro”… Desde a carrapateira que o SW estava forte e já chovia com intensidade… Mas cheguei a Sagres (11:30) dei a volta na rotunda e segui para traz. Nesse momento o 1º pensamento que tive foi “… afinal vou chegar a Tróia… aliás a partir de agora cada vez estou mais perto de lá chegar…” Carrapateira, Aljezur (começo a cruzar-me com o “Troia-Sagres”) Odeceixe… Chuva e mais Chuva e SW cada vez com mais força… Vento bom para regressar, o que dava ânimo e fazia esquecer um pouco a chuva árvores caídas e as rajadas cruzadas perigosas com carros por perto. Em Vila Nova de Mil Fontes a minha vida começou a ficar complicada com o vento N e já pedalando à chuva há uma meia dúzia de horas…. Daqui até Tróia aprendi umas coisas interessantes… o mais relevante foi: 1. Os efeitos da hipotermia são lixados…Um deles é a incapacidade de contracção muscular. É verdade que tendo a pedalar nas 90 rpm. Ainda assim tem que se ter alguma força… O outro efeito é o colapso da capacidade digestiva… Se o corpo necessita de sangue por todo o lado. Não há não digestão que se consiga fazer…. O resultado não é muito interessante. Aumento da FC... para quem necessita de andar em endurance base isto é razão para ficar "preocupado" Interpretar os sinais é sempre a grande “sabedoria” destas coisas e desta vez não antecipei este problema… que até era simples de evitar (troca de roupa, bebidas quentes, bebidas isotónicas mais concentradas, parar em zonas abrigadas,...etc) Diga-mos que isto foi o que mais me irritou… tornando os quase 400 kms deste volta um pouco irrelevantes.Claramente não gosto de colocar o meu corpo em condições de regresso difícil...


O plano...Era relativamente simples ligar Lisboa a Sagres e regressar a Lisboa. Seriam 500 kms e ficaríamos com uma ideia do nosso actual grau de tolerância a longas distâncias, por outro serviria para perceber se o treino de fortalecimento muscular está a dar bons resultados. O dia escolhido foi o do “mítico” Tróia – Sagres, muito pela companhia que podíamos ter em parte do percurso e pelo facto de estar lua cheia que faz toda a diferença a pedalar de noite. Num percurso que prevíamos demorar a percorrer +-23 horas. De véspera...Alertas laranja e amarelo em todos os distritos do litoral. Previsão de chuva torrencial e vento Norte de 25 knt . Decisões rápidas...Embora gostemos de fazer distâncias longas não somos malucos e sabíamos que o mau tempo era garantido e a probabilidade de completar o trajecto seria pequena. A 1ª decisão que tomámos foi encurtar o percurso para Tróia -Sagres -Tróia. Na sexta-feira 12 percebemos que de previsões meteorológicas estava o inferno cheio. Nestas coisas do vento, de alguma coisa vale a Vela e depois de consultar umas cartas de tempo, parecia que afinal o vento norte estava atrasado e só chegaria a meio da manhã de Sábado … e com ele o dilúvio esperado. A pergunta foi… Qual o 1º barco de Setúbal para Tróia? Á 1:50H E assim foi. Eu e Simões apanhamos o barco da 1h50m. O objectivo era fugir da chuva .Quem sabe chegar a Sagres sem nos molharmos muito. (… Sabíamos bem que tínhamos poucas hipóteses de regressar se fizéssemos o percurso para Sagres debaixo de chuva…). Como íamos em autonomia o risco era grande… Até Sines, tempo excelente numa noite com 9/10 graus e sem vento nenhum (o que é habitual antes de entrar mau tempo… também sabíamos isto), cruzamo-nos com 4 automóveis em 70 km, deu para andar a meio da estrada… longe dos buracos da berma. Em São Torpes (por volta das 5:00) percebeu-se que as previsões dos dias anteriores iam sair furadas e quem esperava vento norte pela manhã enganar-se-ia… a brisa da manhã era SW fraco… Mais à frente perto de Porto Covo, numa das nossas paragens (que cumprimos à risca), entrou nevoeiro. Boas noticias, pois nevoeiro e chuva forte não ligam. E assim foi até São Teotónio onde apanhámos umas pingas de chuva. Andámos 120 km uma pinga de água. Tínhamos planeado parar uns 20Min em Odeceixe para tomar o pequeno-almoço e assim foi. Aqui o Simões disse-me “não temos hipótese de chegar a Sagres sem nos molharmos”. Tínhamos combinado que só nessas condições tentávamos vir os 2 para cima. E assim foi, segui para Sagres sozinho… A primeira chuva a sério surge em Aljezur. Tenho de admitir neste momento pensei “Ok, chego a Sagres bebo uma meia de leite e espero pelo carro”… Desde a carrapateira que o SW estava forte e já chovia com intensidade… Mas cheguei a Sagres (11:30) dei a volta na rotunda e segui para traz. Nesse momento o 1º pensamento que tive foi “… afinal vou chegar a Tróia… aliás a partir de agora cada vez estou mais perto de lá chegar…” Carrapateira, Aljezur (começo a cruzar-me com o “Troia-Sagres”) Odeceixe… Chuva e mais Chuva e SW cada vez com mais força… Vento bom para regressar, o que dava ânimo e fazia esquecer um pouco a chuva árvores caídas e as rajadas cruzadas perigosas com carros por perto. Em Vila Nova de Mil Fontes a minha vida começou a ficar complicada com o vento N e já pedalando à chuva há uma meia dúzia de horas…. Daqui até Tróia aprendi umas coisas interessantes… o mais relevante foi: 1. Os efeitos da hipotermia são lixados…Um deles é a incapacidade de contracção muscular. É verdade que tendo a pedalar nas 90 rpm. Ainda assim tem que se ter alguma força… O outro efeito é o colapso da capacidade digestiva… Se o corpo necessita de sangue por todo o lado. Não há não digestão que se consiga fazer…. O resultado não é muito interessante. Aumento da FC... para quem necessita de andar em endurance base isto é razão para ficar "preocupado" Interpretar os sinais é sempre a grande “sabedoria” destas coisas e desta vez não antecipei este problema… que até era simples de evitar (troca de roupa, bebidas quentes, bebidas isotónicas mais concentradas, parar em zonas abrigadas,...etc) Diga-mos que isto foi o que mais me irritou… tornando os quase 400 kms deste volta um pouco irrelevantes.Claramente não gosto de colocar o meu corpo em condições de regresso difícil...

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