Wareztuga: foi a indústria do cinema que fechou o maior site pirata de Portugal

06-07-2015
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Quem são os donos do Wareztuga? A questão está sem resposta – e só a PJ e o Ministério Público alguma vez conseguirão responder. Depois de um primeiro arquivamento de queixas apresentadas pelas associações ACAPOR e FEVIP, o processo acabou por ser reaberto em maio de 2014 para novo inquérito e respetivas diligências. E é já durante esta segunda fase de investigação que há uma notícia que cai de chofre entre os aficionados do streaming pirata: o Wareztuga fechou, após decisão da equipa de gestão. Dois dias bastaram para apurar uma versão bem diferente: A Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP) acaba de confirmar que o Wareztuga encerrou devido a uma ação concertada com congéneres internacionais que passou pelos EUA e chegou à Roménia.

Alistar-security.ro. O endereço dirá pouco aos portugueses – mas é um serviço de alojamento sedeado na Roménia. E foi aí que o Wareztuga operou – até receber uma notificação com origem numa «associação representativa de direitos de autor norte-americana», que terá dado seguimento a uma queixa apresentada pela FEVIP. Pelo meio, os queixosos tiveram ainda de desbloquear o proxy da Cloudflare, nos EUA, que funcionou, durante os últimos tempos, como um filtro que não permitia saber qual o ponto em que operava o maior site de pirataria em Portugal.

Paulo Santos, líder da FEVIP, dá-se por satisfeito com o encerramento do site que ocupava, segundo o ranking Alexa, a 22ª posição em termos de tráfego gerado em Portugal. «Era o site pirata mais usado em Portugal; mesmo que surjam outros, pelo menos esta bandeira já foi abaixo», refere o responsável da FEVIP, quando questionado pela Exame Informática.

Nuno Pereira, líder da extinta associação de clubes de vídeo ACAPOR, também guarda uma memória vívida do Wareztuga – e por isso dificilmente poderá ficar indiferente ao encerramento do site: «Era o site pirata mais importante e era aquele que queríamos que fechasse mais depressa, mas acabou por demorar tempo a mais a fechar».

A ACAPOR figurava entre os ódios de estimação da comunidade Wareztuga – e pode muito bem ser apresentada como o principal de troféu de guerra do site pirata. Consequência direta da pirataria ou apenas porque os clubes de vídeo já pertencem ao passado, ACAPOR acabou por encerrar sem conseguir ver os gestores do Wareztuga no banco dos réus. Nuno Pereira, por seu turno, chegou a ver fotos e caricaturas da sua pessoa em páginas do Facebook que eram afetas ao Wareztuga. E também perdeu a conta às ameaças veiculadas por telefone, e-mail ou até ataques de congestionamento do site da ACAPOR. Na porta da sede da FEVIP, em Lisboa, as ameaças não foram tão numerosas, mas contemplaram a afixação de um cartaz rudimentar na porta de entrada.

«Estamos a falar de um site que valia vários milhares de euros por mês. Não tenho dúvidas de que o principal objetivo do Wareztuga era fazer dinheiro», refere o antigo líder da extinta ACAPOR, admitindo que algo de «muito grave» se tenha passado para o Wareztuga optar pelo encerramento.

Estando no 22º lugar do ranking de popularidade da Internet portuguesa, o Wareztuga pode vangloriar-se de ter um valor de mercado invejável para os padrões nacionais. Na Internet, os simuladores que estimam os valores de um site apresentam valores díspares, que não deixam de ser reveladores do potencial da marca: o endereço Valor Site estima em 174.936 euros o valor do Wareztuga.tv e aponta para receitas diárias de 82 euros; o endereço Worth of Web estima que o endereço possa valer uns muito mais auspiciosos 3,5 milhões de dólares (cerca de 3,1 milhões de euros). Em 2013, a Exame Informática apurou que a variante Wareztuga.pt tinha sido registada pela empresa de revenda de domínios GoDaddy, que pretendia vendê-lo a 6033 euros. O endereço Wareztuga.com tinha um custo de 13.600 euros.

Os valores pedidos pela GoDaddy, apesar de colocarem alguma dúvida sobre os três milhões de euros estimados pela Worth of Web, permitem confirmar que o site pirata tem um valor inalcançável por sites amadores – e mesmo por maiores bancos e canais de TV que ficavam cronicamente atrás do Wareztuga no ranking da popularidade da Internet. Mas há uma questão que fica por responder: por que hão de ter os gestores do Wareztuga.tv abandonado as “hostilidades”, sem sequer tentado uma venda no mercado negro, como geralmente acontece nestes casos? O que remete ainda para uma segunda questão: Será que os mentores do Wareztuga.tv abandonaram mesmo a atividade?

Paulo Santos dá-se por contente com o desfecho deste episódio, mas dá voz a algum pessimismo: «Tenho dúvidas de que, depois do Wareztuga, não surjam outros sites do género. Geralmente, por cada centena de sites que fecham, há 60 que regressam. São estas médias que conhecemos na indústria».

O encerramento do Wareztuga.tv serve ainda de mote para o líder da FEVIP deixar uma farpa a quem teve responsabilidade de investigar o caso nos últimos anos: «Se fosse um caso de terrorismo ou pedofilia, teriam tido sucesso e teriam conseguido identificar os donos do site. Como era pirataria, o processo não teve sucesso, apesar de termos fornecidos elementos suficientes para se fazer a investigação».

Quem são os donos do Wareztuga? A questão está sem resposta – e só a PJ e o Ministério Público alguma vez conseguirão responder. Depois de um primeiro arquivamento de queixas apresentadas pelas associações ACAPOR e FEVIP, o processo acabou por ser reaberto em maio de 2014 para novo inquérito e respetivas diligências. E é já durante esta segunda fase de investigação que há uma notícia que cai de chofre entre os aficionados do streaming pirata: o Wareztuga fechou, após decisão da equipa de gestão. Dois dias bastaram para apurar uma versão bem diferente: A Associação Portuguesa de Defesa de Obras Audiovisuais (FEVIP) acaba de confirmar que o Wareztuga encerrou devido a uma ação concertada com congéneres internacionais que passou pelos EUA e chegou à Roménia.

Alistar-security.ro. O endereço dirá pouco aos portugueses – mas é um serviço de alojamento sedeado na Roménia. E foi aí que o Wareztuga operou – até receber uma notificação com origem numa «associação representativa de direitos de autor norte-americana», que terá dado seguimento a uma queixa apresentada pela FEVIP. Pelo meio, os queixosos tiveram ainda de desbloquear o proxy da Cloudflare, nos EUA, que funcionou, durante os últimos tempos, como um filtro que não permitia saber qual o ponto em que operava o maior site de pirataria em Portugal.

Paulo Santos, líder da FEVIP, dá-se por satisfeito com o encerramento do site que ocupava, segundo o ranking Alexa, a 22ª posição em termos de tráfego gerado em Portugal. «Era o site pirata mais usado em Portugal; mesmo que surjam outros, pelo menos esta bandeira já foi abaixo», refere o responsável da FEVIP, quando questionado pela Exame Informática.

Nuno Pereira, líder da extinta associação de clubes de vídeo ACAPOR, também guarda uma memória vívida do Wareztuga – e por isso dificilmente poderá ficar indiferente ao encerramento do site: «Era o site pirata mais importante e era aquele que queríamos que fechasse mais depressa, mas acabou por demorar tempo a mais a fechar».

A ACAPOR figurava entre os ódios de estimação da comunidade Wareztuga – e pode muito bem ser apresentada como o principal de troféu de guerra do site pirata. Consequência direta da pirataria ou apenas porque os clubes de vídeo já pertencem ao passado, ACAPOR acabou por encerrar sem conseguir ver os gestores do Wareztuga no banco dos réus. Nuno Pereira, por seu turno, chegou a ver fotos e caricaturas da sua pessoa em páginas do Facebook que eram afetas ao Wareztuga. E também perdeu a conta às ameaças veiculadas por telefone, e-mail ou até ataques de congestionamento do site da ACAPOR. Na porta da sede da FEVIP, em Lisboa, as ameaças não foram tão numerosas, mas contemplaram a afixação de um cartaz rudimentar na porta de entrada.

«Estamos a falar de um site que valia vários milhares de euros por mês. Não tenho dúvidas de que o principal objetivo do Wareztuga era fazer dinheiro», refere o antigo líder da extinta ACAPOR, admitindo que algo de «muito grave» se tenha passado para o Wareztuga optar pelo encerramento.

Estando no 22º lugar do ranking de popularidade da Internet portuguesa, o Wareztuga pode vangloriar-se de ter um valor de mercado invejável para os padrões nacionais. Na Internet, os simuladores que estimam os valores de um site apresentam valores díspares, que não deixam de ser reveladores do potencial da marca: o endereço Valor Site estima em 174.936 euros o valor do Wareztuga.tv e aponta para receitas diárias de 82 euros; o endereço Worth of Web estima que o endereço possa valer uns muito mais auspiciosos 3,5 milhões de dólares (cerca de 3,1 milhões de euros). Em 2013, a Exame Informática apurou que a variante Wareztuga.pt tinha sido registada pela empresa de revenda de domínios GoDaddy, que pretendia vendê-lo a 6033 euros. O endereço Wareztuga.com tinha um custo de 13.600 euros.

Os valores pedidos pela GoDaddy, apesar de colocarem alguma dúvida sobre os três milhões de euros estimados pela Worth of Web, permitem confirmar que o site pirata tem um valor inalcançável por sites amadores – e mesmo por maiores bancos e canais de TV que ficavam cronicamente atrás do Wareztuga no ranking da popularidade da Internet. Mas há uma questão que fica por responder: por que hão de ter os gestores do Wareztuga.tv abandonado as “hostilidades”, sem sequer tentado uma venda no mercado negro, como geralmente acontece nestes casos? O que remete ainda para uma segunda questão: Será que os mentores do Wareztuga.tv abandonaram mesmo a atividade?

Paulo Santos dá-se por contente com o desfecho deste episódio, mas dá voz a algum pessimismo: «Tenho dúvidas de que, depois do Wareztuga, não surjam outros sites do género. Geralmente, por cada centena de sites que fecham, há 60 que regressam. São estas médias que conhecemos na indústria».

O encerramento do Wareztuga.tv serve ainda de mote para o líder da FEVIP deixar uma farpa a quem teve responsabilidade de investigar o caso nos últimos anos: «Se fosse um caso de terrorismo ou pedofilia, teriam tido sucesso e teriam conseguido identificar os donos do site. Como era pirataria, o processo não teve sucesso, apesar de termos fornecidos elementos suficientes para se fazer a investigação».

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