O Cachimbo de Magritte: A boleia de Santana Lopes

24-01-2012
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Como militante do CDS de Lisboa ontem participei na Assembleia Concelhia de militantes que foram chamados a debater a proposta de coligação à CM Lisboa, em lista liderada por Pedro Santana Lopes.Pareceu-me uma proposta a rejeitar por várias razões:Em primeiro lugar por uma questão de força interna. Um partido que se afirma a crescer e que perdeu o seu único vereador de Lisboa nas ultimas eleições, deve reconquistar sozinho o que perdeu sozinho.Em segundo lugar, a direita tem a extrema necessidade de criar e apresentar aos eleitores de Lisboa novos protagonistas e novas ideias. O PSD e Manuela Ferreira Leite, neste aspecto, fracassou em toda a linha ao apresentar Pedro Santana Lopes, o que daria ao CDS a oportunidade de crescer na apresentação de um candidato que não fosse um rosto de passado. Foi uma oportunidade perdida e como em política não há lugar para vazios abre-se, agora, espaço para o aparecimento de uma candidatura à direita que responda a esta necessidade que se sente de algo novo.O terceiro ponto que chamei a atenção foi o de que, salvo se ocorrer a demissão do Primeiro Ministro (o que não é seguro), na normalidade dos calendários eleitorais, será o Presidente da Republica a ter a última palavra na decisão de existir ou não simultaneidade nas eleições legislativas e autárquicas. Ora, os sinais de Belém indicam que o Presidente quer evitar que os Portugueses sejam chamados às urnas três vezes em quatro meses, o que significa que muito provavelmente as eleições autárquicas coincidirão com as legislativas. Todos os partidos à esquerda perceberam isto e, sabendo da leitura nacional das eleições de Lisboa, não abdicam das suas candidaturas próprias. Neste cenário, um apoio do CDS a Pedro Santana Lopes na Capital do país é devastador para a campanha nacional do CDS. Por mais esforço que Paulo Portas faça para se apresentar como um líder novo, o que os eleitores sabem é que o CDS propõe o voto exactamente nos mesmos protagonistas que foram rejeitados em 2005, ou seja na dupla Portas/Santana. O CDS foi prejudicado em 2005 por essa associação a Santana Lopes e em 2009 corre, agora, o mesmo risco. Acresce que a campanha em Lisboa é sempre nacionalizada o que trará para o CDS enormes dificuldades. Como fará Paulo Portas campanha em Lisboa? Ao lado de Santana Lopes e de Ferreira Leite?Finalmente parece-me que este apoio a Santana Lopes é a negação das conclusões do Congresso do CDS que rejeitou coligações e acordos com outros partidos e consagrou o princípio de que o CDS deve concorrer às eleições sozinho. Como repetidas vezes afirmou Paulo Portas “A prioridade do CDS é crescer, não estamos à espera da boleia de ninguém à primeira esquina”. Ontem foi a primeira esquina.


Como militante do CDS de Lisboa ontem participei na Assembleia Concelhia de militantes que foram chamados a debater a proposta de coligação à CM Lisboa, em lista liderada por Pedro Santana Lopes.Pareceu-me uma proposta a rejeitar por várias razões:Em primeiro lugar por uma questão de força interna. Um partido que se afirma a crescer e que perdeu o seu único vereador de Lisboa nas ultimas eleições, deve reconquistar sozinho o que perdeu sozinho.Em segundo lugar, a direita tem a extrema necessidade de criar e apresentar aos eleitores de Lisboa novos protagonistas e novas ideias. O PSD e Manuela Ferreira Leite, neste aspecto, fracassou em toda a linha ao apresentar Pedro Santana Lopes, o que daria ao CDS a oportunidade de crescer na apresentação de um candidato que não fosse um rosto de passado. Foi uma oportunidade perdida e como em política não há lugar para vazios abre-se, agora, espaço para o aparecimento de uma candidatura à direita que responda a esta necessidade que se sente de algo novo.O terceiro ponto que chamei a atenção foi o de que, salvo se ocorrer a demissão do Primeiro Ministro (o que não é seguro), na normalidade dos calendários eleitorais, será o Presidente da Republica a ter a última palavra na decisão de existir ou não simultaneidade nas eleições legislativas e autárquicas. Ora, os sinais de Belém indicam que o Presidente quer evitar que os Portugueses sejam chamados às urnas três vezes em quatro meses, o que significa que muito provavelmente as eleições autárquicas coincidirão com as legislativas. Todos os partidos à esquerda perceberam isto e, sabendo da leitura nacional das eleições de Lisboa, não abdicam das suas candidaturas próprias. Neste cenário, um apoio do CDS a Pedro Santana Lopes na Capital do país é devastador para a campanha nacional do CDS. Por mais esforço que Paulo Portas faça para se apresentar como um líder novo, o que os eleitores sabem é que o CDS propõe o voto exactamente nos mesmos protagonistas que foram rejeitados em 2005, ou seja na dupla Portas/Santana. O CDS foi prejudicado em 2005 por essa associação a Santana Lopes e em 2009 corre, agora, o mesmo risco. Acresce que a campanha em Lisboa é sempre nacionalizada o que trará para o CDS enormes dificuldades. Como fará Paulo Portas campanha em Lisboa? Ao lado de Santana Lopes e de Ferreira Leite?Finalmente parece-me que este apoio a Santana Lopes é a negação das conclusões do Congresso do CDS que rejeitou coligações e acordos com outros partidos e consagrou o princípio de que o CDS deve concorrer às eleições sozinho. Como repetidas vezes afirmou Paulo Portas “A prioridade do CDS é crescer, não estamos à espera da boleia de ninguém à primeira esquina”. Ontem foi a primeira esquina.

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