Passos viabiliza OE e programa de Costa se perder as eleições

06-10-2015
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Cenários de derrota são tema tabu na coligação, mas Passos Coelho já decidiu o que o PSD fará se o PS ganhar sem maioria absoluta: deixa passar o programa de Governo e o Orçamento

Na coligação, o cenário de uma derrota eleitoral é tema tabu e ninguém está autorizado a teorizar sobre as condições de governabilidade caso a PàF perca as eleições. Mas não passa pela cabeça de Pedro Passos Coelho chumbar um eventual Governo socialista que não tenha maioria absoluta no Parlamento e com isso precipitar uma crise política. “O líder da oposição num país como Portugal tem de ter uma conduta diversa da que António Costa diz que vai ter”, afirma ao Expresso fonte próxima do primeiro-ministro, convicta de que “as pessoas sabem qual é a conduta dele e sabem que sempre pusemos os interesses do país à frente dos interesses partidários”.

Numa campanha em que a coligação tem vincado tudo o que seja o contraste em relação a António Costa (a quem até se referem como “o atual líder do Partido Socialista”, piscando o olho aos eleitores que até tenham simpatia pelo PS mas não pelo estilo mais duro de Costa), a ameaça dos socialistas chumbarem o Governo caso a coligação se fique por uma maioria relativa deu mais um argumento para o guião nós-somos-moderados-eles-são-radicais.

O exemplo do passado

Passos não fará qualquer declaração que tenha como pressuposto um cenário de derrota da direita, mas tem lembrado o que o seu partido e o CDS fizeram no passado quando José Sócrates dirigiu um Governo sem maioria no Parlamento. “Quando estivemos na oposição não chumbámos o Orçamento do Governo minoritário” de Sócrates, recordou, num comício em Penafiel. “Ainda não havia a coligação em 2009 e os dois partidos, na sua genética, foram responsáveis” - não só não travaram o programa do Governo minoritário como lhe viabilizaram o Orçamento.

Passos chegou mesmo a pedir desculpa aos eleitores por deixar passar um aumento de impostos decidido pelo Governo Sócrates. Também é verdade que, depois disso, ficou célebre a frase que Marco António Costa terá dito numa reunião da direção do PSD, quando avisou o líder do partido que era altura de partir a corda, porque ou se preparava para ir a votos no país ou teria que ir a votos no PSD. Mas, agora, depois de quatro anos a liderar o Governo em pose de estadista, fontes oficiais não veem como é que Passos poderia, caso perdesse as legislativas, tomar a dianteira no precipitar de uma crise.

Aliás, Passos Coelho não se limita a invocar o que fez no passado. Também tem dito qual será a sua atitude no futuro: estará disponível para o diálogo depois das eleições, “aconteça o que acontecer”, conforme frisou no arranque da campanha, em Santarém. “Mantemo-nos totalmente abertos e dispostos a dialogar com todos os partidos que, tendo assento no Parlamento, queiram ajudar Portugal a construir um futuro melhor”, disse depois, num almoço em Mirandela. “Não é a eleição que temos pela frente que diminuirá a nossa atitude de estar abertos a estabelecer compromissos importantes para o país”, vincou, citando a reforma da Segurança Social.

Estabilidade e respeito pelos eleitores

As críticas que Passos e Portas lançaram ao “radicalismo” de Costa servem, de resto, como argumentos para que não façam o mesmo se forem colocados na mesma posição. Chumbar o programa do Governo ou o Orçamento de um Executivo recém-eleito seria falta de respeito pela vontade dos eleitores, disse Portas. “António Costa não será capaz de respeitar a vontade popular”, concluiu.

Por outro lado, qualquer cenário de instabilidade política tem sido apresentado pela coligação como o maior perigo para que Portugal continue a recuperação económica - um argumento que vale para qualquer que seja a maioria, e quem quer que esteja na oposição. Todas as razões que valem para O PSD de Passos também valem para o CDS de Portas - que continua afinado ao milímetro com o parceiro maior.

Apesar de Passos ter essa questão arrumada na sua cabeça, não irá mais longe do que já foi sobre o assunto. Antes de mais, porque o Bê-Á-Bá da política manda que não se especule -sobretudo em público - sobre cenários de derrota. Esse, aliás, é apontado na coligação como tendo sido um erro de António Costa. “Já não fala como se fosse ganhar, já só ameaça com o que fará se perder”, apontou Paulo Portas, no sábado, em reação matutina à manchete do Expresso.

Esse é o primeiro erro que a coligação quer evitar: “Não é a poucos dias das eleições que vamos dizer o quer faremos se perdermos. Para mais, quando esse cenário é cada vez mais improvável”, diz um alto responsável do PàF.

O segundo, é não fechar uma posição definitiva quando não se dominam todos os fatores - nomeadamente o que estará escrito quer num programa quer num orçamento de um eventual governo socialista. Se criticou Costa por dizer que chumba um Orçamento do Estado que não conhece, Passos não poderia dizer que da luz verde a documentos que também não conhece.

Daí que o primeiro-ministro mantenha a dúvida sobre o que fará caso perca. Numa curta frase à revista “Sábado”, chegou a admitir que, em caso de não haver maioria absoluta, se coloca um risco de eleições antecipadas, quem quer que saia vencedor. “Sim, admito que possa funcionar em ambos os sentidos” - foi a frase. Mais por cautela do que por convicção, garantem os seus mais próximos.

Cenários de derrota são tema tabu na coligação, mas Passos Coelho já decidiu o que o PSD fará se o PS ganhar sem maioria absoluta: deixa passar o programa de Governo e o Orçamento

Na coligação, o cenário de uma derrota eleitoral é tema tabu e ninguém está autorizado a teorizar sobre as condições de governabilidade caso a PàF perca as eleições. Mas não passa pela cabeça de Pedro Passos Coelho chumbar um eventual Governo socialista que não tenha maioria absoluta no Parlamento e com isso precipitar uma crise política. “O líder da oposição num país como Portugal tem de ter uma conduta diversa da que António Costa diz que vai ter”, afirma ao Expresso fonte próxima do primeiro-ministro, convicta de que “as pessoas sabem qual é a conduta dele e sabem que sempre pusemos os interesses do país à frente dos interesses partidários”.

Numa campanha em que a coligação tem vincado tudo o que seja o contraste em relação a António Costa (a quem até se referem como “o atual líder do Partido Socialista”, piscando o olho aos eleitores que até tenham simpatia pelo PS mas não pelo estilo mais duro de Costa), a ameaça dos socialistas chumbarem o Governo caso a coligação se fique por uma maioria relativa deu mais um argumento para o guião nós-somos-moderados-eles-são-radicais.

O exemplo do passado

Passos não fará qualquer declaração que tenha como pressuposto um cenário de derrota da direita, mas tem lembrado o que o seu partido e o CDS fizeram no passado quando José Sócrates dirigiu um Governo sem maioria no Parlamento. “Quando estivemos na oposição não chumbámos o Orçamento do Governo minoritário” de Sócrates, recordou, num comício em Penafiel. “Ainda não havia a coligação em 2009 e os dois partidos, na sua genética, foram responsáveis” - não só não travaram o programa do Governo minoritário como lhe viabilizaram o Orçamento.

Passos chegou mesmo a pedir desculpa aos eleitores por deixar passar um aumento de impostos decidido pelo Governo Sócrates. Também é verdade que, depois disso, ficou célebre a frase que Marco António Costa terá dito numa reunião da direção do PSD, quando avisou o líder do partido que era altura de partir a corda, porque ou se preparava para ir a votos no país ou teria que ir a votos no PSD. Mas, agora, depois de quatro anos a liderar o Governo em pose de estadista, fontes oficiais não veem como é que Passos poderia, caso perdesse as legislativas, tomar a dianteira no precipitar de uma crise.

Aliás, Passos Coelho não se limita a invocar o que fez no passado. Também tem dito qual será a sua atitude no futuro: estará disponível para o diálogo depois das eleições, “aconteça o que acontecer”, conforme frisou no arranque da campanha, em Santarém. “Mantemo-nos totalmente abertos e dispostos a dialogar com todos os partidos que, tendo assento no Parlamento, queiram ajudar Portugal a construir um futuro melhor”, disse depois, num almoço em Mirandela. “Não é a eleição que temos pela frente que diminuirá a nossa atitude de estar abertos a estabelecer compromissos importantes para o país”, vincou, citando a reforma da Segurança Social.

Estabilidade e respeito pelos eleitores

As críticas que Passos e Portas lançaram ao “radicalismo” de Costa servem, de resto, como argumentos para que não façam o mesmo se forem colocados na mesma posição. Chumbar o programa do Governo ou o Orçamento de um Executivo recém-eleito seria falta de respeito pela vontade dos eleitores, disse Portas. “António Costa não será capaz de respeitar a vontade popular”, concluiu.

Por outro lado, qualquer cenário de instabilidade política tem sido apresentado pela coligação como o maior perigo para que Portugal continue a recuperação económica - um argumento que vale para qualquer que seja a maioria, e quem quer que esteja na oposição. Todas as razões que valem para O PSD de Passos também valem para o CDS de Portas - que continua afinado ao milímetro com o parceiro maior.

Apesar de Passos ter essa questão arrumada na sua cabeça, não irá mais longe do que já foi sobre o assunto. Antes de mais, porque o Bê-Á-Bá da política manda que não se especule -sobretudo em público - sobre cenários de derrota. Esse, aliás, é apontado na coligação como tendo sido um erro de António Costa. “Já não fala como se fosse ganhar, já só ameaça com o que fará se perder”, apontou Paulo Portas, no sábado, em reação matutina à manchete do Expresso.

Esse é o primeiro erro que a coligação quer evitar: “Não é a poucos dias das eleições que vamos dizer o quer faremos se perdermos. Para mais, quando esse cenário é cada vez mais improvável”, diz um alto responsável do PàF.

O segundo, é não fechar uma posição definitiva quando não se dominam todos os fatores - nomeadamente o que estará escrito quer num programa quer num orçamento de um eventual governo socialista. Se criticou Costa por dizer que chumba um Orçamento do Estado que não conhece, Passos não poderia dizer que da luz verde a documentos que também não conhece.

Daí que o primeiro-ministro mantenha a dúvida sobre o que fará caso perca. Numa curta frase à revista “Sábado”, chegou a admitir que, em caso de não haver maioria absoluta, se coloca um risco de eleições antecipadas, quem quer que saia vencedor. “Sim, admito que possa funcionar em ambos os sentidos” - foi a frase. Mais por cautela do que por convicção, garantem os seus mais próximos.

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