O “lapsista”, a Quadratura e a urina dos Gato

30-09-2015
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O PS “malhou na direita” e no “lapsista” Passos Coelho. A coligação percebeu que tem de ir mais à rua (e ao youtube). Marinho e Pinto apresentou queixa contra a “urina” dos Gato Fedorento. O BE esteve num mercado às moscas e a CDU refugiou-se num bastião comunista. A campanha soma e segue

E ao terceiro dia de campanha o PS subiu de tom no discurso. Ou na agressividade. E quem melhor para o fazer do que o socialista que (mais) gosta de “malhar na direita”: Augusto Santos Silva, o “convidado especial” do comício de Vila Real – Pedro Silva Pereira, ex-braço direito de José Sócrates, também lá estava, mas tentou passar despercebido. “Venho aqui defender o voto no PS porque este bando de incompetentes tem de ser posto na rua”, disse Santos Silva, também ex-ministro de José Sócrates (que, tal como Guterres, foi evocado por Ascenso Simões, o ex-diretor de campanha de Costa que deixou o lugar depois da polémica dos cartazes do desemprego).

Rui Duarte Silva

A noite, no distrito onde Passos Coelho foi eleito nas eleições de 2011, serviu para que António Costa concentrasse o discurso na Segurança Social. Augusto Santos Silva fez o resto. Apontou à direita e atirou a matar, explorando o mais que pôde a gaffe do dia. Ao final da tarde o Jornal de Negócios esclarecia que Passos Coelho se tinha equivocado ao anunciar que iria avançar com um novo reembolso ao FMI de 5.400 milhões de euros quando, na verdade, o que está em causa é uma obrigação do tesouro, ou seja um pagamento ao mercado.

"O problema é que o dr. Passos Coelho é um verdadeiro lapsista, um especialista em lapsos". Acusou Santos Silva à medida que ia arrancando mais aplausos: "São tantos lapsos que, para nós que somos do Norte, cheira a aldrabice. O lapsista Passos Coelho não tem emenda". Vila Real vibrou. E o PS também. O dia de campanha não tinha sido dos melhores. Mirandela apresentou-se praticamente vazia. E em Chaves não se viu a enchente de outros tempos.

JOSÉ SENA GOULÃO

Amnésia ao almoço, memória ao jantar

Na outra ponta do território nacional, em Faro, - onde Passos corrigiu o lapso “sem nenhum problema” - Paulo Portas gritava: "Sabem o que dizia o doutor António Costa comentador, antes de ser secretário-geral do PS? Eu vou passar a citar: ‘A ideia é que - para haver as condições de governabilidade em Portugal, PS e o PSD devem oferecer condições reciprocas de governabilidade, por regra, abstendo-se em instrumentos fundamentais de governação'", afirmou.

"Estavam a falar do Orçamento do Estado. É possível evoluir, mas o doutor António Costa evoluiu para bem pior", sublinhou Portas, acrescentando que a citação é de 3 de outubro de 2011, e "está no youtube".

Se o almoço tinha sido regado com vinho “Amnésia”, ao jantar houve memória. Portas queria deixar claro o ziguezaguear de António Costa: um dia garante que vota contra o OE quando antes defendeu o seu contrário. A polémica persegue o candidato socialista. No ano passado, na campanha para as primárias no PS, Costa tinha criticado Seguro pela abstenção socialista no OE de 2012 e o ex-secretário-geral teve de recorrer à mesma citação agora recuperada por Portas.

Rui Duarte Silva

PS outdoor, coligação menos indoor

Entre lapsos, recordações incómodas e discursos mais carregados, as últimas horas da campanha ficam também marcadas por uma óbvia mudança de estratégia da coligação. Com a caravana socialista a apostar mais na rua, o Portugal à Frente que tem feito campanha sobretudo em ambientes resguardados – explorações agrícolas, pavilhões etc – percebeu que tinha de mudar. Hoje saíram à rua no Montijo (uma decisão de última hora) e amanhã fazem o mesmo nos Arcos de Valdevez.

Costa aproveita os contactos com a população para ir passando recados – como ainda ontem aconteceu na conversa com um idoso no vale da Vilariça que serviu para que o líder reafirmasse a sua indisponibilidade para um acordo para a segurança social – e os comícios com apoiantes para os contra-ataques. Em Viseu, ao almoço, ao mesmo tempo que prometeu ser o presidente de Câmara de todos os portugueses, acusou Passos Coelho de “descaramento” e de “fazer truques” sobre um eventual corte de pensões que os socialistas estariam dispostos a fazer.

Quanto a Passos, que há uma semana ia ao encontro dos protestos, deixa-os agora à distância. O líder do PàF ou fala em comícios ou diretamente aos jornalistas (o que não tem acontecido com Costa). Esta manhã em Setúbal, ao lado de Maria Luís Albuquerque e em direto para as tv explicou que já tem “o próximo ministro das finanças na cabeça” (Maria Luis sorriu). E esclareceu que a não venda do Novo Banco pode prejudicar o pagamento antecipado ao FMI.

Marcos Borga

Esquerda apontada ao PS

Noutras frentes, a CDU foi a Couço, Coruche, bater no PS. A terra é um bastião comunista e o discurso vinha moldado para a plateia com mais de 65 anos. "Qualquer partido de esquerda que se preze devolvia o que foi roubado aos portugueses". "Os socialistas dizem que as reformas vão ser congeladas nos próximos quatro anos" e ainda "inventaram aquela coisa da condição de recurso para enganar o povo". Foi de enganos, ou dos que andam a enganar, que Catarina Martins também falou nas Caldas da Rainha: "Há partidos que podem estar na rua e falar com toda a gente, como é o caso do Bloco. E há partidos que podem estar na rua só rodeados de militantes para evitar que os cidadãos falem com eles". A receção à comitiva bloquista foi fria, o mercado da fruta estava às moscas.

Paulo Cunha

E a urina?

Bem essa é uma questão que deixou Marinho e Pinto “chocado” depois do que viu no programa “Isto é tudo muito bonito mas…” exibido todas as noites na TVI. O candidato do PDR anunciou que vai fazer queixa à Comissão Nacional de Eleições e à ERC pelo facto de no programa de segunda-feira dos Gato Fedorento alguém ter urinado para cima de um penico com a imagem da sua cara.

A rábula dos humoristas tinha por base as declarações do eurodeputado que, também na TVI, se indignou contra a infantilização da juventude” e defendeu que os jovens devem “mijar fora dos penicos que vos põem à frente”. E ainda temos dez dias de campanha.

O PS “malhou na direita” e no “lapsista” Passos Coelho. A coligação percebeu que tem de ir mais à rua (e ao youtube). Marinho e Pinto apresentou queixa contra a “urina” dos Gato Fedorento. O BE esteve num mercado às moscas e a CDU refugiou-se num bastião comunista. A campanha soma e segue

E ao terceiro dia de campanha o PS subiu de tom no discurso. Ou na agressividade. E quem melhor para o fazer do que o socialista que (mais) gosta de “malhar na direita”: Augusto Santos Silva, o “convidado especial” do comício de Vila Real – Pedro Silva Pereira, ex-braço direito de José Sócrates, também lá estava, mas tentou passar despercebido. “Venho aqui defender o voto no PS porque este bando de incompetentes tem de ser posto na rua”, disse Santos Silva, também ex-ministro de José Sócrates (que, tal como Guterres, foi evocado por Ascenso Simões, o ex-diretor de campanha de Costa que deixou o lugar depois da polémica dos cartazes do desemprego).

Rui Duarte Silva

A noite, no distrito onde Passos Coelho foi eleito nas eleições de 2011, serviu para que António Costa concentrasse o discurso na Segurança Social. Augusto Santos Silva fez o resto. Apontou à direita e atirou a matar, explorando o mais que pôde a gaffe do dia. Ao final da tarde o Jornal de Negócios esclarecia que Passos Coelho se tinha equivocado ao anunciar que iria avançar com um novo reembolso ao FMI de 5.400 milhões de euros quando, na verdade, o que está em causa é uma obrigação do tesouro, ou seja um pagamento ao mercado.

"O problema é que o dr. Passos Coelho é um verdadeiro lapsista, um especialista em lapsos". Acusou Santos Silva à medida que ia arrancando mais aplausos: "São tantos lapsos que, para nós que somos do Norte, cheira a aldrabice. O lapsista Passos Coelho não tem emenda". Vila Real vibrou. E o PS também. O dia de campanha não tinha sido dos melhores. Mirandela apresentou-se praticamente vazia. E em Chaves não se viu a enchente de outros tempos.

JOSÉ SENA GOULÃO

Amnésia ao almoço, memória ao jantar

Na outra ponta do território nacional, em Faro, - onde Passos corrigiu o lapso “sem nenhum problema” - Paulo Portas gritava: "Sabem o que dizia o doutor António Costa comentador, antes de ser secretário-geral do PS? Eu vou passar a citar: ‘A ideia é que - para haver as condições de governabilidade em Portugal, PS e o PSD devem oferecer condições reciprocas de governabilidade, por regra, abstendo-se em instrumentos fundamentais de governação'", afirmou.

"Estavam a falar do Orçamento do Estado. É possível evoluir, mas o doutor António Costa evoluiu para bem pior", sublinhou Portas, acrescentando que a citação é de 3 de outubro de 2011, e "está no youtube".

Se o almoço tinha sido regado com vinho “Amnésia”, ao jantar houve memória. Portas queria deixar claro o ziguezaguear de António Costa: um dia garante que vota contra o OE quando antes defendeu o seu contrário. A polémica persegue o candidato socialista. No ano passado, na campanha para as primárias no PS, Costa tinha criticado Seguro pela abstenção socialista no OE de 2012 e o ex-secretário-geral teve de recorrer à mesma citação agora recuperada por Portas.

Rui Duarte Silva

PS outdoor, coligação menos indoor

Entre lapsos, recordações incómodas e discursos mais carregados, as últimas horas da campanha ficam também marcadas por uma óbvia mudança de estratégia da coligação. Com a caravana socialista a apostar mais na rua, o Portugal à Frente que tem feito campanha sobretudo em ambientes resguardados – explorações agrícolas, pavilhões etc – percebeu que tinha de mudar. Hoje saíram à rua no Montijo (uma decisão de última hora) e amanhã fazem o mesmo nos Arcos de Valdevez.

Costa aproveita os contactos com a população para ir passando recados – como ainda ontem aconteceu na conversa com um idoso no vale da Vilariça que serviu para que o líder reafirmasse a sua indisponibilidade para um acordo para a segurança social – e os comícios com apoiantes para os contra-ataques. Em Viseu, ao almoço, ao mesmo tempo que prometeu ser o presidente de Câmara de todos os portugueses, acusou Passos Coelho de “descaramento” e de “fazer truques” sobre um eventual corte de pensões que os socialistas estariam dispostos a fazer.

Quanto a Passos, que há uma semana ia ao encontro dos protestos, deixa-os agora à distância. O líder do PàF ou fala em comícios ou diretamente aos jornalistas (o que não tem acontecido com Costa). Esta manhã em Setúbal, ao lado de Maria Luís Albuquerque e em direto para as tv explicou que já tem “o próximo ministro das finanças na cabeça” (Maria Luis sorriu). E esclareceu que a não venda do Novo Banco pode prejudicar o pagamento antecipado ao FMI.

Marcos Borga

Esquerda apontada ao PS

Noutras frentes, a CDU foi a Couço, Coruche, bater no PS. A terra é um bastião comunista e o discurso vinha moldado para a plateia com mais de 65 anos. "Qualquer partido de esquerda que se preze devolvia o que foi roubado aos portugueses". "Os socialistas dizem que as reformas vão ser congeladas nos próximos quatro anos" e ainda "inventaram aquela coisa da condição de recurso para enganar o povo". Foi de enganos, ou dos que andam a enganar, que Catarina Martins também falou nas Caldas da Rainha: "Há partidos que podem estar na rua e falar com toda a gente, como é o caso do Bloco. E há partidos que podem estar na rua só rodeados de militantes para evitar que os cidadãos falem com eles". A receção à comitiva bloquista foi fria, o mercado da fruta estava às moscas.

Paulo Cunha

E a urina?

Bem essa é uma questão que deixou Marinho e Pinto “chocado” depois do que viu no programa “Isto é tudo muito bonito mas…” exibido todas as noites na TVI. O candidato do PDR anunciou que vai fazer queixa à Comissão Nacional de Eleições e à ERC pelo facto de no programa de segunda-feira dos Gato Fedorento alguém ter urinado para cima de um penico com a imagem da sua cara.

A rábula dos humoristas tinha por base as declarações do eurodeputado que, também na TVI, se indignou contra a infantilização da juventude” e defendeu que os jovens devem “mijar fora dos penicos que vos põem à frente”. E ainda temos dez dias de campanha.

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