Cacilheiro de Joana Vasconcelos abriu as portas

12-10-2015
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Forrado com um painel de azulejo gigante, o ferry lisboeta será transportado dentro de um navio cargueiro. Lá dentro, uma sala decorada com o material têxtil comum à obra da artista fará alusão ao ambiente doméstico, e, no primeiro andar, um deck, forrado a cortiça, albergará um palco e uma loja.

Foi um batalhão de jornalistas, fotógrafos e operadores de imagem que ao início da tarde se encontraram no estaleiro da Navaltejo, no Seixal. Joana Vasconcelos, acompanhada pelo comissário Miguel Amado, pelos secretários de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e das Obras Públicas e Transportes, Sérgio Monteiro, e pelo diretor geral das Artes, Samuel Rego, abriu as portas do cacilheiro "Trafaria Praia" pela primeira vez.

Era oficialmente apresentado o projeto que a artista levará a Veneza para a representação portuguesa na 55a edição da Bienal de Artes Visuais. A ser intervencionado no exterior e ainda vazio no interior, o barco prepara-se para uma transformação radical. Depois de ter estado 51 anos no ativo e de ter transportado 11 milhões de pessoas entre as duas margens do Tejo, será forrado com um painel de azulejo de uma ponta a outra - uma vista de Lisboa do século XXI, inspirada no célebre painel de 1700, "Grande Panorama de Lisboa", de Gabriel del Barco, exposto no Museu Nacional do Azulejo -, a serem já fabricados e pintados à mão na Fábrica Viúva Lamego.

No seu interior, os têxteis, material de eleição de grande parte da obra de Joana Vasconcelos, também em tons de azul e branco, como os azulejos, transformarão o primeiro piso do barco numa "sala cega" , como lhe chama a artista, ocupada por uma enorme instalação "que vai parecer que está a respirar. Desaparece o barco e no seu interior nasce um novo corpo, que, às escuras, contará com a oscilação das luzes que acompanham cada peça da instalação para de uma forma orgânica refletir o interior de uma casa, num ambiente doméstico", explica a artista.

O piso superior "vai ser Portugal". Desta vez forrada a cortiça, a sala contará com um deck composto por um palco e uma loja.

O palco servirá para receber a visita de vários artistas portugueses da área da música (os nomes ainda não estão definidos), mas também servirá de âncora a uma vasta programação de conferências e palestras em torno da arte contemporânea portuguesa.

Ao lado, uma loja venderá os melhores produtos nacionais (A Vida Portuguesa, loja de Catarina Portas selecionará esses produtos), desde o vinho aos enchidos, se falarmos de gastronomia, dos bordados tradicionais à arte artesanal... Em suma, diz Joana Vasconcelos, "uma embaixada da nossa cultura". O objetivo é só um: divulgar a marca Portugal. "O cacilheiro vai ser um objeto artístico e um pavilhão, por isso tem que ser mais do que a artista, tem que ser o país, tem que ser uma marca", sublinha ainda.

Pavilhão flutuante atracado aos Giardini de Veneza, onde se situam os pavilhões dos mais de 90 países participantes da Bienal, o "Trafaria Praia", nome do cacilheiro e do projeto artístico, permite pela primeira vez a Portugal exibir a sua representação oficial no mais central local daquela cidade italiana. Além disso, circulará pela laguna de Veneza, transportando visitantes da "obra de arte total" e passageiros, 75 no máximo, como se ainda de um transporte público se tratasse. O trajeto será diário e chegará à Ponta de la Tocana.

Declarações políticas

"Quando decidi, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, indigitar a Joana Vasconcelos como representante oficial de Portugal na Bienal de Veneza, não me limitei a acolher a proposta que vinha detrás. Joana Vasconcelos é sem dúvida, na sua geração, uma das grandes artistas nacionais. Já é uma marca de Portugal a nível internacional. Indigitá-la seria um modo de mostrarmos como o seu trabalho, que se tem manifestado pela exuberância e pela riqueza, tem colocado o mundo de olhos na realidade e na identidade portuguesas. Ela irá aqui, mais uma vez, contribuir para evidenciar os sinais da identidade contemporânea nacional". As palavras são de Jorge Barreto Xavier, que destaca ainda a capacidade da artista para "captar apoios nacionais e internacionais para além do financiamento do Estado".

"Trata-se de um modelo que nos importa valorizar", frisa o titular da pasta da Cultura, que agradece às instituições e empresas privadas o apoio ao projeto e convida "aqueles que estão a ser instados para nele colaborarem financeiramente a fazê-lo"

Barreto Xavier anuncia mais cinco mil euros de financiamento do Estado, que acrescem aos 170 mil que há semanas participara à artista que iria receber.

Joana Vasconcelos, por seu turno, garante que já tem dinheiro para a transformação do "Trafaria Praia" em obra de arte e para o seu transporte até Veneza. Falta a verba para a programação do Pavilhão.

Entre os agradecimentos finais, nota para um muito obrigado a Francisco José Viegas, o anterior secretário de Estado da Cultura que a escolheu para representar o país no maior palco das artes europeu.

Forrado com um painel de azulejo gigante, o ferry lisboeta será transportado dentro de um navio cargueiro. Lá dentro, uma sala decorada com o material têxtil comum à obra da artista fará alusão ao ambiente doméstico, e, no primeiro andar, um deck, forrado a cortiça, albergará um palco e uma loja.

Foi um batalhão de jornalistas, fotógrafos e operadores de imagem que ao início da tarde se encontraram no estaleiro da Navaltejo, no Seixal. Joana Vasconcelos, acompanhada pelo comissário Miguel Amado, pelos secretários de Estado da Cultura, Jorge Barreto Xavier, e das Obras Públicas e Transportes, Sérgio Monteiro, e pelo diretor geral das Artes, Samuel Rego, abriu as portas do cacilheiro "Trafaria Praia" pela primeira vez.

Era oficialmente apresentado o projeto que a artista levará a Veneza para a representação portuguesa na 55a edição da Bienal de Artes Visuais. A ser intervencionado no exterior e ainda vazio no interior, o barco prepara-se para uma transformação radical. Depois de ter estado 51 anos no ativo e de ter transportado 11 milhões de pessoas entre as duas margens do Tejo, será forrado com um painel de azulejo de uma ponta a outra - uma vista de Lisboa do século XXI, inspirada no célebre painel de 1700, "Grande Panorama de Lisboa", de Gabriel del Barco, exposto no Museu Nacional do Azulejo -, a serem já fabricados e pintados à mão na Fábrica Viúva Lamego.

No seu interior, os têxteis, material de eleição de grande parte da obra de Joana Vasconcelos, também em tons de azul e branco, como os azulejos, transformarão o primeiro piso do barco numa "sala cega" , como lhe chama a artista, ocupada por uma enorme instalação "que vai parecer que está a respirar. Desaparece o barco e no seu interior nasce um novo corpo, que, às escuras, contará com a oscilação das luzes que acompanham cada peça da instalação para de uma forma orgânica refletir o interior de uma casa, num ambiente doméstico", explica a artista.

O piso superior "vai ser Portugal". Desta vez forrada a cortiça, a sala contará com um deck composto por um palco e uma loja.

O palco servirá para receber a visita de vários artistas portugueses da área da música (os nomes ainda não estão definidos), mas também servirá de âncora a uma vasta programação de conferências e palestras em torno da arte contemporânea portuguesa.

Ao lado, uma loja venderá os melhores produtos nacionais (A Vida Portuguesa, loja de Catarina Portas selecionará esses produtos), desde o vinho aos enchidos, se falarmos de gastronomia, dos bordados tradicionais à arte artesanal... Em suma, diz Joana Vasconcelos, "uma embaixada da nossa cultura". O objetivo é só um: divulgar a marca Portugal. "O cacilheiro vai ser um objeto artístico e um pavilhão, por isso tem que ser mais do que a artista, tem que ser o país, tem que ser uma marca", sublinha ainda.

Pavilhão flutuante atracado aos Giardini de Veneza, onde se situam os pavilhões dos mais de 90 países participantes da Bienal, o "Trafaria Praia", nome do cacilheiro e do projeto artístico, permite pela primeira vez a Portugal exibir a sua representação oficial no mais central local daquela cidade italiana. Além disso, circulará pela laguna de Veneza, transportando visitantes da "obra de arte total" e passageiros, 75 no máximo, como se ainda de um transporte público se tratasse. O trajeto será diário e chegará à Ponta de la Tocana.

Declarações políticas

"Quando decidi, com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, indigitar a Joana Vasconcelos como representante oficial de Portugal na Bienal de Veneza, não me limitei a acolher a proposta que vinha detrás. Joana Vasconcelos é sem dúvida, na sua geração, uma das grandes artistas nacionais. Já é uma marca de Portugal a nível internacional. Indigitá-la seria um modo de mostrarmos como o seu trabalho, que se tem manifestado pela exuberância e pela riqueza, tem colocado o mundo de olhos na realidade e na identidade portuguesas. Ela irá aqui, mais uma vez, contribuir para evidenciar os sinais da identidade contemporânea nacional". As palavras são de Jorge Barreto Xavier, que destaca ainda a capacidade da artista para "captar apoios nacionais e internacionais para além do financiamento do Estado".

"Trata-se de um modelo que nos importa valorizar", frisa o titular da pasta da Cultura, que agradece às instituições e empresas privadas o apoio ao projeto e convida "aqueles que estão a ser instados para nele colaborarem financeiramente a fazê-lo"

Barreto Xavier anuncia mais cinco mil euros de financiamento do Estado, que acrescem aos 170 mil que há semanas participara à artista que iria receber.

Joana Vasconcelos, por seu turno, garante que já tem dinheiro para a transformação do "Trafaria Praia" em obra de arte e para o seu transporte até Veneza. Falta a verba para a programação do Pavilhão.

Entre os agradecimentos finais, nota para um muito obrigado a Francisco José Viegas, o anterior secretário de Estado da Cultura que a escolheu para representar o país no maior palco das artes europeu.

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