Coligação faz marcha atrás!

29-09-2015
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Se eu fosse homem e pai certamente não votaria na coligação Portugal à Frente, nas próximas legislativas. No meu caso, sendo mulher e trabalhadora, sinto-me embrutecida pelo discurso de Passos Coelho e Paulo Portas e, por isso, não lhes vou dar o meu voto também.

Estes dois senhores, cada um à sua maneira, em plena campanha eleitoral, menosprezaram os pais portugueses e enalteceram a imagem da mulher doméstica de outrora.

Passos Coelho anunciou há dias uma medida estupenda para aumentar a taxa de natalidade que, de tão má, nem sequer me arrancou a gargalhada do costume. O plano do PSD para reverter a descida da taxa de natalidade passa por majorar a reforma das mães. Portanto, as ajudas vão chegar quando os filhos já forem adultos e os homens são simplesmente apagados da equação familiar.

Aos pais que passam as noites em claro a cuidar dos seus filhos, que lhes mudam as fraldas, que os ajudam a estudar, que os levam ao hospital, que os tratam quando estão doentes, que lhes dão carinho quando estes mais precisam, Passos Coelho dá o quê? Nada! Rien de rien!

Este tipo de propostas dizem muito da forma como a coligação encara a parentalidade, bem como da sua incapacidade para estimular a renovação das gerações. Numa época em que os pais estão cada vez mais empenhados nos cuidados e educação dos seus filhos, os governantes deste país apresentam-se em contraciclo, ignorando por completo as profundas mudanças sociais que os homens portugueses têm protagonizado a este nível.

Por sua vez, Paulo Portas, numa espécie de elogio envenenado às mulheres, afirmou que, caso estas tivessem tido maiores responsabilidades de governação a situação do país seria hoje muito melhor, graças às suas competências de gestão das contas domésticas. Neste caso, o discurso da coligação empurra as mulheres de volta para a esfera privada, quando as próprias reclamam para si mais igualdade de direitos e acesso pleno à esfera pública, através do trabalho e maior participação política.

Ainda a propósito deste elogio envenenado do actual vice-primeiro-ministro questiono-me, se as mulheres são assim tão boas por que tem a coligação dois homens à cabeça!? Por que é que a maior parte dos candidatos da lista PSD/CDS PP são igualmente homens? Boas, mas nem tanto, não é Paulo Portas?

O discurso eleitoral destes dois senhores é bem revelador da forma tradicional e obsoleta como a coligação de direita representa os homens e mulheres portugueses. Com este Portugal à Frente só posso imaginar o país a andar para trás…

Socióloga, autora do blog super-mulher

Se eu fosse homem e pai certamente não votaria na coligação Portugal à Frente, nas próximas legislativas. No meu caso, sendo mulher e trabalhadora, sinto-me embrutecida pelo discurso de Passos Coelho e Paulo Portas e, por isso, não lhes vou dar o meu voto também.

Estes dois senhores, cada um à sua maneira, em plena campanha eleitoral, menosprezaram os pais portugueses e enalteceram a imagem da mulher doméstica de outrora.

Passos Coelho anunciou há dias uma medida estupenda para aumentar a taxa de natalidade que, de tão má, nem sequer me arrancou a gargalhada do costume. O plano do PSD para reverter a descida da taxa de natalidade passa por majorar a reforma das mães. Portanto, as ajudas vão chegar quando os filhos já forem adultos e os homens são simplesmente apagados da equação familiar.

Aos pais que passam as noites em claro a cuidar dos seus filhos, que lhes mudam as fraldas, que os ajudam a estudar, que os levam ao hospital, que os tratam quando estão doentes, que lhes dão carinho quando estes mais precisam, Passos Coelho dá o quê? Nada! Rien de rien!

Este tipo de propostas dizem muito da forma como a coligação encara a parentalidade, bem como da sua incapacidade para estimular a renovação das gerações. Numa época em que os pais estão cada vez mais empenhados nos cuidados e educação dos seus filhos, os governantes deste país apresentam-se em contraciclo, ignorando por completo as profundas mudanças sociais que os homens portugueses têm protagonizado a este nível.

Por sua vez, Paulo Portas, numa espécie de elogio envenenado às mulheres, afirmou que, caso estas tivessem tido maiores responsabilidades de governação a situação do país seria hoje muito melhor, graças às suas competências de gestão das contas domésticas. Neste caso, o discurso da coligação empurra as mulheres de volta para a esfera privada, quando as próprias reclamam para si mais igualdade de direitos e acesso pleno à esfera pública, através do trabalho e maior participação política.

Ainda a propósito deste elogio envenenado do actual vice-primeiro-ministro questiono-me, se as mulheres são assim tão boas por que tem a coligação dois homens à cabeça!? Por que é que a maior parte dos candidatos da lista PSD/CDS PP são igualmente homens? Boas, mas nem tanto, não é Paulo Portas?

O discurso eleitoral destes dois senhores é bem revelador da forma tradicional e obsoleta como a coligação de direita representa os homens e mulheres portugueses. Com este Portugal à Frente só posso imaginar o país a andar para trás…

Socióloga, autora do blog super-mulher

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